Nos últimos anos os avanços das modernas técnicas de Transplante de Córnea, revolucionaram o modo como encaramos o transplante, alterando substancialmente as indicações destes procedimentos.
Estas mudanças estão representadas pela tendência mundial de substituir a parte doente da córnea, preservando as estruturas sadias da córnea do paciente.
Os Transplantes Lamelares Profundos difundiram-se, sobretudo nos casos de Ceratocone, com preservação do endotélio do paciente. Também estabeleceu-se o Transplante de Endotélio, quando este se encontrar doente, sobretudo na Ceratopatia Bolhosa Pseudofácica e na Distrofia de Córnea – Fuchs.
O objetivo principal do Transplante Endotelial de Córnea é evitar a remoção total da córnea, trocando apenas a parte interna (endotélio e descemet) que está comprometida. O Endotélio corneano é a camada interna da córnea (película transparente anterior do olho) responsável pela transparência desta.
Normalmente as células do endotélio humano não proliferam. Devido a esta falta de capacidade proliferativa, o tratamento mais comumente preconizado nos casos de disfunção endotelial com perda de transparência da córnea é a ceratoplastia penetrante, também conhecido como Transplante Penetrante de Córnea. Esta técnica, realizada com o olho aberto, tem como desvantagem maior risco de complicação intraoperatória, maior chance de rejeição ou infecção e pode induzir astigmatismo alto e irregular comprometendo a qualidade visual final.
A principal vantagem desta nova técnica está no tempo de recuperação visual, que é muito mais rápido quando comparado ao Transplante Penetrante de Córnea, em torno de 6-12 meses e no DSAEK e DMEK apenas 1-3 meses.
A sigla DSAEK do inglês Descemet Stripping Automated Endothelial Keratoplasty e a sigla DMEK do inglês Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty, representam as duas técnicas mais modernas de Transplante de Endotélio sem sutura atualmente.
Como esta técnica deixa uma interface melhor entre córnea do paciente e a córnea doadora, verificamos uma melhora significativa dos resultados visuais, tornando-se assim o método preferido no Instituto de Oftalmologia do Rio de Janeiro – IORJ no tratamento para a Distrofia de Córnea – Fuchs e Ceratopatia Bolhosa em Pseudofácicos.
Na verdade, não é recomendado o Transplante Penetrante de Córnea padrão para a disfunção endotelial a menos que haja no estroma cicatrizes significativas ou outras contra indicações de outras doenças oculares prévias.
Outra publicação importante do nosso grupo, foi o estudo: “Optimization of Intraocular Lens Constant Improves Refractive Outcomes in Combined Endothelial Keratoplasty and Cataract Surgery”, na revista médica da Academia Americana de Oftalmologia (AAO – Ophthalmology). Neste estudo, o Dr. Gustavo Bonfadini descreveu a melhoria dos resultados refrativos de pacientes submetidos à Cirurgia de Catarata na mesma cirurgia do Transplante Endotelial de Córnea (DSAEK) em pacientes portadores de Distrofia Endotelial de Fuchs.