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sexta-feira, 3 de junho de 2022

Educação Sexual - Histórias



Educação Sexual - Para consultar ...





O que é Sexualidade?


Sexualidade é um termo amplamente abrangente que engloba inúmeros fatores e dificilmente se encaixa em uma definição única e absoluta.

Teoricamente, a sexualidade assim como a conhecemos, inicia-se juntamente à puberdade ou adolescência, o que deve ocorrer por volta dos 12 anos de idade (Art. 2º - Estatuto da Criança e do Adolescente). Entretanto, em prática, sabemos que não se configura exatamente desta forma.


O termo “sexualidade” nos remete a um universo onde tudo é relativo, pessoal e muitas vezes paradoxal. Pode-se dizer que é traço mais íntimo do ser humano e como tal, se manifesta diferentemente em cada indivíduo de acordo com a realidade e as experiências vivenciadas pelo mesmo.

A noção de sexualidade como busca de prazer, descoberta das sensações proporcionadas pelo contato ou toque, atração por outras pessoas (de sexo oposto e/ou mesmo sexo) com intuito de obter prazer pela satisfação dos desejos do corpo, entre outras características, é diretamente ligada e dependente de fatores genéticos e principalmente culturais. O contexto influi diretamente na sexualidade de cada um.


Muitas vezes se confunde o conceito de sexualidade com o do sexo propriamente dito. É importante salientar que um não necessariamente precisa vir acompanhado do outro. Cabe a cada um decidir qual o momento propício para que esta sexualidade se manifeste de forma física e seja compartilhada com outro indivíduo através do sexo, que é apenas uma das suas formas de se chegar à satisfação desejada. Sexualidade é uma característica geral experimentada por todo o ser humano e não necessita de relação exacerbada com o sexo, uma vez que se define pela busca de prazeres, sendo estes não apenas os explicitamente sexuais. Pode-se entender como constituinte de sexualidade, a necessidade de admiração e gosto pelo próprio corpo por exemplo, o que não necessariamente signifique uma relação narcísica de amor incondicional ao ego.

Existem diferentes abordagens do tema que variam de acordo com concepções e crenças convenientes a cada um. Em alguns lugares pode-se encontrar visões preconceituosas sobre o assunto. Em outros, é discutido de forma livre e com grande aceitação de diferentes olhares ao redor do termo. Algumas vertentes da psicologia, como a psicanálise Freudiana, consideram a existência de sexualidade na criança já quando nasce. Propõe a passagem por fases (oral ,anal, fálica) que contribuem ou definem a constituição da sexualidade adulta que virá a desenvolver-se posteriormente.

Seja qual for a sua visão íntima sobre o assunto, é interessante que se possa manter uma relação de compreensão e aceitação de sua própria sexualidade. O esclarecimento de dúvidas e a capacidade de se sentir vontade com seus desejos e sensações, colabora imensamente ao amadurecimento desta, o que gera sensação de conforto e evita conflitos internos provenientes de dúvidas e medos, gerando uma experiência positiva e saudável.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sexualidade/o-que-e-sexualidade/

Clitóris - Prazer Proibido

Masturbação Feminina - Documentário

Assexualidade

Assexualidade é a falta de atração sexual a qualquer pessoa, ou pouco ou inexistente interesse nas atividades sexuais humanas. Pode ser considerada uma orientação sexual ou a falta de uma. Pode também ser categorizada mais largamente para incluir um amplo espectro de subidentidades assexuais.


A assexualidade é distinta da abstenção de atividade sexual e do celibato, que são comportamentais e geralmente motivados por fatores como crenças pessoais, sociais, ou religiosas de um indivíduo. Acredita-se que a orientação sexual, ao contrário do comportamento sexual, é "duradoura". Algumas pessoas assexuais engajam em atividades sexuais, mesmo não tendo desejo por sexo ou atração sexual, por uma variedade de razões, como a vontade de sentir ou dar prazer a alguém, ou o desejo de ter filhos.

A aceitação da assexualidade como orientação sexual e o início das pesquisas científicas em relação ao tema ainda são muito recentes, conforme um corpo crescente de perspetivas tanto sociológicas começou a desenvolver-se. Enquanto alguns investigadores afirmam que assexualidade é orientação sexual, outros investigadores discordam.

Diversas comunidades assexuais começaram a formar-se desde o advento da Internet e das mídias sociais. A mais prolífica e conhecida delas é a Asexual Visibility and Education Network (AVEN), fundada em 2001 por David Jay.

Conversas com especialistas: Sexualidade

Um breve histórico do estudo da sexualidade humana


A espécie humana, desde o seu aparecimento no planeta, há cerca de cem mil anos, vem apresentando uma característica peculiar, em termos de exercício da sexualidade. Ao contrário do observado em outras espécies, a nossa exibe sutis diferenças anatômicas e funcionais que permitem às fêmeas serem receptivas às manifestações da sexualidade de seus parceiros, independentemente de estarem ou não em seus períodos férteis. Assim, ao lado de um componente orgânico básico, nossa sexualidade passou a ser fortemente condicionada por fatores psicológicos e sociais.

Somos assim, em toda a natureza, privilegiados por poder praticar prazerosamente o coito - e outras formas de exercícios da sexualidade - durante a gestação, após o período funcional reprodutivo (menopausa) e ainda quando (ou talvez até principalmente quando) a gestação não é desejada. Inventamos, portanto, outras "indicações" que não a reprodução para o exercício da sexualidade. Podemos praticá-lo (e o praticamos) por mero prazer ("sexo-prazer"), por amor ("sexo-amor") e por muitas outras motivações, aí incluindo-se a econômica.

Evidentemente, estando aberta a possibilidade de prática sexual prazerosa com qualquer pessoa e em qualquer local, surgiu desde a constituição dos primeiros "bandos" de hominídeos a necessidade de uma certa organização social, tendo em vista que houve necessidade de que se traçassem normas sobre quando e com quem essa sexualidade poderia ser exercida. Essa regulamentação se complexificou na medida em que foi se desenvolvendo uma "cultura", base da civilização. Dentro dessa cada vez mais complexa organização social, inevitavelmente foram surgindo regras para normatizar os diversos aspectos das atividades dos indivíduos, inclusive a sexual. Assim, mesmo quando possuído por intenso desejo sexual, o macho passou a só poder praticar o coito com uma fêmea dentro de certas condições, também impostas quando a situação era a inversa. Criou-se então todo um ritual de complexo simbolismo - que culminou do casamento, tal como o conhecemos - para normatizar o que é socialmente aceitável em matéria de exercício da sexualidade.

Do ponto de vista psicológico, na medida em que foi surgindo nos hominídeos a consciência do "eu", foram-se também elaborando parâmetros para auto-avaliação de desempenho, consciência de aceitação, sensação de adequação ao meio etc. Esses aspectos intrapsíquicos, tão valorizados que passaram a ser medida da própria existência ("penso, logo existo"), possuem grande papel no exercício da sexualidade, ao lado do componente social.

A sexualidade, entendida a partir de um enfoque amplo e abrangente, manifesta-se em todas as fases da vida de um ser humano e, ao contrário da conceituação vulgar, tem na genitalidade apenas um de seus aspectos, talvez nem mesmo o mais importante. Dentro de um contexto mais amplo, pode-se considerar que a influência da sexualidade permeia todas as manifestações humanas, do nascimento até a morte.

No entanto, durante a maior parte da história da humanidade essa influência foi negada, em especial entre os povos ligados às tradições judaicas e cristãs, atualmente representadas pela assim denominada "civilização cristã ocidental". As civilizações denominadas "orientais", por terem relativamente pouca visível influência sobre a nossa, ao menos até recentemente, não serão incluídas no presente texto, tendo em vista a necessidade de concisão.

Segundo Gênesis (1:27), "E criou Deus o Homem à sua imagem: fê-lo à imagem de Deus, e criou-os macho e fêmea". Aliás, em hebraico, os nomes que o Homem e a Mulher receberam foi "Ish e "Ishsha", talvez até para lembrar a semelhança entre ambos.

O curioso desse evento é que na tradição bíblica mais antiga que conhecemos, a tradição javista (aproximadamente 950 a.C.), não existe nenhum desprezo pela natureza sexual do homem. De fato, a leitura do "Gênesis" permite a interpretação de estar a sexualidade ali exposta apenas como mais um aspecto da vida, nem inferiorizado nem enaltecido em relação a qualquer outro. Assim, a exegese mais isenta apresenta como motivação divina para a criação da mulher apenas a atenuação da angústia da solidão vital do homem. A interpretação patrística da Bíblia, porém, que há tantos séculos vem influenciando nossa cultura, considera o sexo como um mal necessário, admissível apenas por ser indispensável à reprodução da espécie. Inaugurou-se, partir dessa interpretação, a confusão entre sexualidade e genitalidade, que perdura até nossos dias.

Para bem compreendermos a motivação social para a enorme repressão às manifestações prazerosas da sexualidade feita pela cultura judaica, é importante que nos reportemos às suas origens. Na época em que essas tradições foram estabelecidas, Israel era uma pequena tribo, igual a dezenas de outras, que ora vagavam pelo Oriente Médio, ora se estaleciam em determinados locais.Os judeus tinham, necessariamente, que incentivar a diferenciação entre seu povo e os outros, para poder estabelecer a consciência de uma "nacionalidade". Os outros povos da época e da região (cananeus, filisteus etc.) eram todos politeístas, com uma enorme multi-plicidade de deuses e deusas, todos eles altamente sexuados. Segundo a mitologia da maioria desses povos, o universo teria se originado de uma união (leia-se "coito") entre dois deuses, quase sempre irmãos.

Assim, para se diferenciar desses outros povos, os israelitas cultuam um deus assexuado (Javé), que cria o Universo a partir do nada, isto é, sem parceria, de maneira assexuada. Nota-se assim que para os israelitas a sexualidade perde os atributos divinos, deixando de haver uma "sexualidade sagrada", cultivada nos templos, como era comum entre os seguidores das outras religiões.

Além disso, pelas suas características expansionistas e guerreiras, Israel necessitava de muitos, muitos soldados. Como a mortalidade infantil era muito alta, a solução encontrada foi estimular o aumento da natalidade, devendo todos praticarem apenas o "sexo-reprodução". O "sexo-prazer", assim, passou a ser malvisto e a esterilidade considerada a maior das maldições. A anticon-cepção, em qualquer modalidade, passou a ser uma ofensa aos conterrâneos e a religião, sendo Onã (Gênesis, 38:8) fulminado por Javé por haver usado de subterfúgios anticonceptivos. A masturbação e a homossexualidade masculina eram abominações terríveis, enquanto a homossexualidade feminina era um crime tão horrível que nem sequer era cogitado.

Seguindo essa linha de pensamento, os pensadores judeus (seguidos mais tarde pelos cristãos) deram até mesmo uma nova interpretação às causas da queda do Homem. Uma leitura um pouco mais atenta do Velho Testamento nos permite observar que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso apenas por não terem obedecido às ordens de Jeová, que os proibiu de comer dos frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal (Gênesis, 2:17). Fica explícito, no texto, que a expulsão do paraíso se deveu à desobediência em si, e não ao fato de terem eles tido relações sexuais (Gênesis, 3:22). Registra-se, no mesmo versículo, o receio divino de que o Homem, tendo já condições de conhecer o Bem e o Mal, por ter provado do fruto da Árvore, continuasse a ser desobediente e provasse também dos frutos da Árvore da Vida, passando assim a ser também imortal. No claro intuito de reprimir as manifestações da sexualidade, no entanto, o texto foi reinterpretado, sendo apresentada como causa da queda a experiência sexual que Adão e Eva tiveram.

A sexualidade foi, seguindo esse caminho, deixando de ser fonte de prazer, passando a ser apenas mais uma das "obrigações" que os bons patriotas judeus deveriam cultivar. Esse comportamento anti-sexual foi cristalizado em todo um ritual de purificação das mulheres durante e após as menstruações. Consideradas "impuras" nesses períodos, deviam - as ortodoxas ainda devem - se submeter a todo um processo de purificação que, por durar vários dias, termina próximo ao período ovulatório seguinte, levando como consequência a um aumento das taxas de reprodução.

Não que os judeus não conhecessem o prazer advindo da sexualidade; conheciam-no sim e, embora não fosse considerado louvável, era ao menos socialmente tolerável... para os homens! Basta ler no Velho Testamento o Cântico dos Cânticos para que se tenha uma boa visão do erotismo que permeava a vida e os pensamentos de, ao menos, alguns privilegiados como o Rei Salomão. No geral, entretanto, podemos dizer que a cultura judaica é sexualmente repressora, machista e sexista.

Com o surgir do cristianismo as coisas se mantiveram nos mesmos moldes, ou talvez até piores, sob certos aspectos. Os cristãos dos primeiros séculos, como os primitivos israelitas, eram minoritários e tinham que se esforçar para diferenciar-se das outras religiões vigentes no Império Romano. Mesmo os sacerdotes cristãos, nos primeiros séculos, casavam-se regularmente e mantinham vida sexual ativa. Embora a obrigatoriedade do celibato sacerdotal fosse discutida desde o Concílio de Ancisa, em 314 d.C. (e essa discussão foi cheia de marchas e contramarchas que duraram vários séculos), foi só a partir de determinação expressa do Papa Gregório VII, em 1075, que o matrimônio passou a ser proibido para os sacerdotes católicos.

Assim, repetiram os cristãos o mesmo modelo repres-sor da sexualidade herdado dos judeus. No entanto, embora as igrejas cristãs (especialmente a Católica) sejam no geral bastante repressoras em termos de sexualidade, vale a pena lembrar que não existe registro, em todo o Novo Testamento, de qualquer ato ou palavra repressora que possa ser atribuída ao próprio Jesus. Pelo contrário, em alguns episódios (o referente à mulher adúltera, por exemplo, em João, 8:7), suas palavras demonstram uma tolerância e uma compreensão das fraquezas e dos desejos humanos absolutamente incompatível com a ferocidade com que seus seguidores reprimiram (e alguns ainda reprimem) as manifestações da sexualidade. Aliás, cite-se como um registro curioso que Aristóteles, o grande Aristóteles tão querido de alguns dos teóricos medievais da Igreja Católica, expressava sérias dúvidas sobre se a mulher teria ou não uma alma.

Considerando tudo isso, podemos dizer que pela vertente cultural judaica cristã herdamos uma visão extremamente repressora da sexualidade, mais acentuadamente marcada, como sempre, para o contingente feminino.

Nossa outra vertente, a greco-romana, embora por motivos diferentes também exerceu repressão sobre a sexualidade, ao menos sobre a feminina. Os homens gregos tinham a busca do prazer como ideal, sendo permitidas e até incentivadas quaisquer experiências hedonistas. Esse prazer, no entanto, era buscado fora de casa, entre as prostitutas (hetairas dicterides e pornois), ou em práticas homossexuais ("amor-paixão"), com efe-bos. As esposas eram quase que prisioneiras de uma dependência doméstica - gineceu, sendo mantidas como embrutecidas e emburrecidas máquinas de administrar casas e fazer filhos, sendo-lhes negado qualquer direito ou qualquer prazer. A cultura grega foi, assim, machista, hedonista e, do ponto de vista da mulher, repressora.

Os romanos, ao menos em certos períodos e para certas classes sociais, foram um pouco mais liberais. Vista como um todo, entretanto, a cultura romana foi bastante machista, sendo o prazer permitido apenas aos homens e a algumas privilegiadas mulheres.

Assim, como se vê, nossas raízes culturais estão impregnadas de uma visão distorcida da sexualidade, onde a prática da repressão é o comportamento usual, ao menos para as mulheres, quando não também para os homens. Em outras palavras, em nossa cultura, ao menos até bem recentemente, o machismo reinou impunemente.

Embora nossa civilização tenha, nos últimos séculos, vivido alguns momentos de maior liberalidade, essa visão distorcida da sexualidade foi a tônica principal, mantida durante todos esses séculos em que ela vem se cristalizando. Diga-se de passagem que, mesmo em seus momentos de mais liberdade, o exercício pleno da sexualidade sempre foi apanágio das pessoas adultas, que vêem com maus olhos a sexualidade dos adolescentes, ridicularizam as manifestações sexuais da terceira idade e negam - ao menos negaram até a poucas décadas - a sexualidade na infância. De fato, foi necessário que surgisse um Freud, no apagar das luzes do século XIX, para que "descobríssemos" que a sexualidade existe e se manifesta, ainda que de formas diferentes, durante toda a duração da vida humana.

O machismo, como instrumento do patriarcalismo que herdamos de nossos antecessores culturais, tem pelo menos seis mil anos de história registrada, e possivelmente muitos milênios a mais. Ainda que os teóricos da árqueo-antropologia não cheguem a um consenso, é praticamente certo que o machismo tenha surgido a partir da época em que o homem reconheceu seu papel no processo da reprodução. Até esse momento, julgava-se, a mulher era capaz de fazer filhos por sua própria conta, sem o concurso do macho e, ainda segundo a maioria dos estudiosos desse tema, os primeiros Deuses eram de sexo feminino.

Usado inicialmente como instrumento preservador do poder masculino, o machismo deu tão certo, como recurso, que até hoje ainda não conseguimos nos livrar adequadamente de suas consequências.

No decorrer de todos os séculos de história da humanidade, apenas em breves períodos houve uma visão mais liberal sobre o exercício da sexualidade. Tivemos, ainda que restritos apenas a alguns segmentos da sociedade, períodos de liberação e visão mais positiva da sexualidade em curtos períodos históricos. Nunca, no entanto, o estudo do exercício da sexualidade humana foi considerado importante e, apenas nas últimas décadas, vem sendo visto como um tema merecedor de estudos por um ramo da ciência.

Devemos muito, nesse sentido, a homens como Henry Havelock Hellis (1859-1939) e Sigmund Freud (1856-1939), que nos deram o embasamento científico para o estudo das manifestações da sexualidade. Hellis, na Inglaterra, ainda como um ranço do puritanismo vitoriano, sofreu severa censura e mesmo coação legal, tendo sido proibido de publicar seus trabalhos. Freud, em Viena, teve suas idéias fortemente rejeitadas pela comunidade médica e científica de então.

Quando alguém for escrever uma História mais pormenorizada do estudo da sexualidade humana, não poderá deixar de citar uma série de precursores e pioneiros, todos eles importantes para que obtivéssemos os conhecimentos atuais, tais como Van de Velde, Dickin-son, Gold, Lief, Calderone, Kinsey, Kegel, Mas-ters, Kaplan e Lo Picollo, entre outros.

Desses, talvez a figura mais citada e menos conhecida seja a de Alfred C. Kinsey, nascido em 1894 e formado em Engenharia Mecânica (1914) e em Biologia (1920). Reconhecido como cientista (com doutorado em ento-mologia) e acatado professor universitário, pelas características de conservadorismo e respeitabilidade, foi chamado em 1937, pela Universidade de Indiana, para criar e lecionar um novo curso, sobre sexualidade e casamento. Interessando-se cada vez mais por um assunto que em princípio parecia estar tão fora de sua área de conhecimento, Kinsey iniciou uma série de pesquisas sobre o comportamento sexual dos norte-americanos, que culminou com a publicação de obra absolutamente revolucionária para a época, o livro "Sexual Behavior in the Human Male", seguido alguns anos depois pelo "Sexual Behavior in the Human Female", que revolucionaram a até então aparentemente conservadora sociedade norte-americana. Kinsey morreu aos 62 anos, em 1956.

Ainda que seja este apenas um despretencioso e breve apanhado sobre a história do conhecimento da sexualidade humana, não pode nele faltar ao menos a menção de alguns dos mais importantes nomes, sem cuja contribuição nossos conhecimentos estariam ainda mais defasados. Assim, parece-nos importante que se citem, pela relevância, os nomes de Kegel e de Masters.

Arnole H. Kegel, ginecologista, preocupou-se com a elevada frequência de queixas de insatisfações sexuais femininas, desenvolvendo os exercícios para a musculatura perivaginal, até hoje utilizados e conhecidos como "exercícios de Kegel".

William H. Masters, médico ginecologista, e Virgínia E. Johnson, psicóloga, formam o mais conhecido casal de terapeutas na área da sexualidade. Baseando-se no estudo de voluntários e profissionais contratados, desenvolveram a partir da década de 50 uma série de pesquisas sobre a fisiologia da resposta sexual humana, que serviu de partida para uma proposta de tratamento das disfunções sexuais. As pesquisas do casal se tornaram um referencial básico indispensável para quem quer dedicar-se ao tema e, ainda que suas colocações iniciais tenham sido revistas por Kaplan, Lo Picollo e outros, permanecem até nossos dias como um monumento à capacidade humana de inovação e descoberta de novos ângulos de visão.

Graças aos estudos, quase sempre encarados de início com incompreensão e falta de créditos, embora reconheçamos que existe ainda muito a ser estudado, já temos ao menos esboçadas nos dias atuais as linhas mestras do conhecimento sobre as tão ricas e multifacetadas expressões da sexualidade humana.

Como já foi dito e repetido incontáveis vezes, a sexualidade humana pode manifestar-se - e frequentemente se manifesta - de maneira extremamente polimorfa. De fato, mesmo nas mais adversas condições e nas mais difíceis situações, o impulso sexual, um dos motores básicos da conduta humana se apresenta, ora de maneira explícita, outras vezes veladamente.
O adjetivo "normal" pode ser compreendido de várias e diferentes maneiras. Os dicionários (o Aurélio, por exemplo), definem-no como sendo o que é feito segundo a norma, o habitual, o natural. Em matemática, "normal" é a reta perpendicular à uma superfície ou linha. Em uso comum, "normal" é usado com o sentido de algo que não causa espanto, do que é usual, do que segue os mesmos padrões que a maioria das pessoas segue.

Quando se fala em atos ou pensamentos "normais", em sexualidade, comumente se associa a imagem de algo que a maioria das pessoas faz e pensa, ou ainda atos que não sejam danosos a saúde de quem os pratica ou de quem os sofre. Dessa maneira a masturbação, por exemplo, seria normal na fase de adolescência e juventude, desde que praticada com moderação. Quando praticada com frequência "exagerada" por adolescentes (embora ninguém defina bem o que é esse exagero) ou por adultos e idosos, entretanto, é vista como algo de doentio, pois existe uma noção - aliás falsa - de que essa prática seja física e mentalmente perniciosa.

Quanto ao sexo praticado a dois, vejamos o que se considera normal em termos de constituição de casais. Assim, seria "normal" o casal heterossexual, em que o homem é um pouco mais velho e mais alto do que a mulher, sendo ambos aproximadamente do mesmo extrato socioeconômico. Tolera-se, ainda que isso seja por vezes alvo de pilhérias, algumas variantes. Nesse sentido, um homem até cerca de dez anos mais velho que a mulher é ainda considerado normal; casais em que a idade do homem excede em 20 ou mais anos a da mulher são vistos com certa curiosidade, sendo sempre levantada a suspeita de que existem interesses pecuniários em jogo, mas ainda assim não são vistos como pares "anormais". Houve épocas e culturas, porém, em que as famílias julgavam perfeitamente normal e até mesmo desejável que suas filhas se casassem com homens bem mais velhos.


É, no entanto, absolutamente inadmissível, do ponto de vista social, a constituição de casais em que a mulher tenha grande diferença de idade sobre seu parceiro.

O mesmo se diga para casamentos inter-raciais. Há cem anos seria visto como algo completamente fora da norma, por exemplo, a união entre um homem branco com parceira mulata ou negra, que hoje vem sendo encarados com mais naturalidade. Embora tenham havido historicamente inúmeros exemplos dessas uniões, sempre foram elas levadas na clandestinidade e entendidas como algo de errado.

Mesmo em considerando-se que em outros períodos históricos isso não tenha sido assim, podemos dizer que em nossa cultura cristã ocidental até bem poucos anos o homoerotismo foi visto como uma perversão e até mesmo como uma doença. Ainda que entre os círculos mais cultos tal visão não mais seja vigente, não se pode negar que a sociedade como um todo mesmo hoje vê nele muito de sujo, de indigno ou, em outras palavras, "anormal".

O inverso também é verdadeiro, pois comportamentos que hoje consideramos desvios patológicos do exercício da sexualidade já foram vistos como absolutamente "normais". É o caso de práticas homoeróticas envolvendo adultos e crianças ou adolescentes (pederastia), que era aceita e considerada normal por muitos dos filósofos gregos que cultuamos.
Como se vê, o adjetivo "normal" só tem sentido dentro de uma determinada época e num bem demarcado segmento sociocultural.

O fato é que o exercício da sexualidade humana se rege num complexo contexto biopsicossocial. Nossa espécie, pela aquisição de sutis características anatômicas e fisiológicas, é a única no Reino Animal a poder exercer a sexualidade fora dos limitados padrões do sexo-reprodução. Nossa sexualidade, por isso mesmo, é influenciada fortemente, além dos fatores orgânicos, por elementos sociais e emocionais. E para cada um desses três compartimentos poderíamos traçar regras de "normalidade".

No que diz respeito ao componente orgânico do exercício da sexualidade a norma fisiológica é que, diante de certos estímulos considerados eficientes (visão, tato, olfato ou mesmo imaginação), homens e mulheres entrem num ciclo de modificações orgânicas que se con-vencionou chamar de "Ciclo de Resposta Sexual". Assim, diante desses estímulos, é "normal" que homens e mulheres se excitem, tendo ereções ou lubrificações vaginais, bem como é "normal" que atingindo um certo grau de excitação sobrevenha o orgasmo. O "anormal" aqui, isto é, o não cumprimento desse ciclo, é o que se convencionou chamar de "disfunção sexual".

Quanto aos aspectos sociais do exercício da sexualidade, o normal é aquilo que foi esboçado linhas atrás, ou seja, a prática heterossexual por casais com as características descritas. O que foge a essas normas é denominado de "desvio" (como a gerontofilia e a homossexualidade, por exemplo), "parafilia" (como o sadoma-so-quismo) ou até mesmo de "perversão" (a necrofilia, por exemplo), embora essa nomenclatura ainda não seja bem universalizada, havendo os que denominam de "desvio" o que outros chamam de "parafilia", e vice-versa.
É no componente psicológico do exercício da sexualidade, no entanto, que, em nosso ver, existem mais dificuldades em conceituar-se o normal. Na verdade, para saber se nossa sexualidade está sendo normalmente exercida, deve-se responder a indagação sobre se é ela satisfatória. Estou contente com minha sexualidade? Exerço-a prazerosamente? Estou satisfeito com a frequência e com a maneira em que a exerço? Minha parceira (ou meu parceiro), por quem tenho afeto e a quem me é importante satisfazer, está feliz com esses parâmetros? A isso, a essa satisfação com o exercício da própria sexualidade, costuma-se denominar de "adequação sexual". Quando essa adequação não existe, ou seja, quando está insatisfeito com a prática da sexualidade, denomina-se a isso de "inadequação sexual", que em última análise é o objetivo de todas as correntes de terapia sexual, quer as de fundo orgânico, quer as de fundamentação psicológica.

Em resumo, poderíamos dizer que o "normal" em sexualidade se resume ao satisfazer-se e satisfazer sexualmente seu parceiro ou sua parceira, desde que isso não traga riscos ou danos a si mesmo, ao (ou à) parceiro e ao meio social. Dentro desse princípio, o que cada pessoa ou cada par faz no âmbito restrito de suas vidas privadas só a eles próprios interessa, cabendo a nós, como indivíduos e como membros da sociedade, respeitar as naturais e enriquecedoras diferenças que fazem do ser humano algo de tão maravilhoso.

Um breve histórico do estudo da sexualidade humana
A short observation about the study of human sexuality

Nélson Vitiello
Ginecologista. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP).



Educação Sexual - Fichas de Trabalho



  • A cor dos sentimentos
  • Manual de Educação para a Sexualidade e os Afetos
  • O livro da família aos quadradinhos
  • Fichas de atividades sobre reprodução e órgãos sexuais
  • Ficha de trabalho – Todos diferentes Todos iguais
  • Ficha de trabalho – Gosto de ti
  • Era uma vez uma Maria – Guia de discussão
  • Educação Sexual
  • Educação para a SIDA na ESCOLA
  • Diferença racial
  • De onde vêm os bebés
  • Crianças vitimas de violência doméstica – Manual para educadores
  • Corpo das Palavras – Edição APF (auxiliar para apoio à ES no 1.ºciclo)
  • Caderno Presse – 1.ºciclo (atividades de educação sexual)
  • Caderno Presse – 2.ºciclo (atividades de educação sexual)
  • Apoio psicossocial à criança-HIV
  • Amor é
  • Abuso Sexual
  • A Educacao Sexual em Meio Escolar – O Papel dos Professores
  • A Descoberta do Ser… A crescer!
  • O Multiculturalismo
  • Sistema Reprodutor Feminino
  • Sexualidade nas NEE
  • Prevenção e acompanhamento da gravidez na adolescência
  • Pontos nos Is – A Educação Sexual lá em casa
  • A Reprodução
  • Educação Sexual Na Escola – Guia para professores, formadores e educadores
  • Educação Sexual - Videos


    Classificação das variações intersexo

    Não existe somente uma maneira de ser intersexo. Algumas pessoas intersexo nascem com genitais atípicos, outras nascem com genitais completamente típicos, umas possuem cromossomas XX e possuem naturalmente um pénis e escroto, outras possuem cromossomas XY e possuem naturalmente uma vulva e vagina, entre outras maneiras de ser intersexo. Algumas variações intersexo são visíveis ao nascimento, enquanto outras, não são aparentes até à puberdade. Outras podem inclusive não ser fisicamente aparentes.


    Existem diversas variações intersexo, dentre elas:

    Disgenesia gonadal parcial (1 em cada 15.000)

    Disgenesia gonadal total (1 em cada 150.000)

    Eunucoidismo/Hipogonadismo moderado ou severo (20% das pessoas idosas de sexo masculino atribuído)

    Hiperplasia adrenal congênita (1 em cada 5.000 a 14.000)

    Hipospadia (1 em cada 300 nascimentos)

    Mosaicismo envolvendo os cromossomos sexuais

    Pseudo-hermafroditismo masculino (1 em 20.000)

    Síndrome da insensibilidade androgênica parcial (1 em cada 130.000)

    Síndrome da insensibilidade androgênica total (1 em cada 13.000)

    Síndrome de Klinefelter (1 a cada 850)

    Síndrome de La Chapelle (1 em 20.000)

    Intersexo


    Intersexo, descreve pessoas que naturalmente desenvolvem características sexuais que não se encaixam nas noções típicas de sexo feminino ou sexo masculino, não se desenvolvem completamente como nenhuma delas ou desenvolvem naturalmente uma combinação de ambas.

    Segundo as Organização das Nações Unidas, entre 0,05% e 1,7% da população mundial é intersexo, a maior estimativa é semelhante ao número de pessoas naturalmente ruivas.

    Estimativas variam, tendo dados que afirmam que 1 em cada 200 pessoas são intersexo, outras 1 em 1,500 ou 2,000 nascimentos, existindo ainda números tão altos como 4% da população.

    Tal como as pessoas não-intersexo, a identidade de género, expressão de género e orientação sexual que uma pessoa intersexo possui varia mediante a pessoa.

    Intersexo, em seres humanos, difere do termo hermafrodita, já bastante estigmatizado, por intersexo denotar várias maneiras que o sexo biológico de alguém pode naturalmente não se encaixar nas noções típicas de sexo feminino ou masculino, e não necessariamente uma questão de conseguir produzir dois tipos de gametas, como hermafrodita se refere. Algumas pessoas intersexo, como qualquer outra, poderão ser transgénero. No entanto os dois conceitos são diferentes.

    Demissexualidade

    Demissexual é uma alguém cuja atração sexual para outro tende a manifestar-se ativamente somente quando existe envolvimento ou laço emocional, afetivo ou intelectual para essa outra pessoa Essa categorização sexual é também vulgarmente denominada uma "assexualidade cinza", ou seja, atração que se situa em transição (área cinza) entre alossexualidade comum (atração sexual aleatória a pessoas de um ou outro gênero, simplificadamente não condicionada, como se presume ocorrer com a maioria das pessoas púberes) e assexualidade propriamente dita (ausência total de desejo/atração sexual.

    O termo surgiu pela primeira vez em 2008 no site da Rede de Visibilidade e Educação Assexuais (do inglês "Asexuality Visibility and Education Network", ou AVEN), e vem sendo usado desde então por mais pessoas que se identificam com esse conceito.

    Uma autoproclamada demissexual explicou no Reddit como ela sempre pensou que era uma “aberração” na adolescência até 'descobrir' demissexualidade: “Eu sempre recuava e rapidamente me afastava da socialização por medo de ser pressionada a algo romântico ou sexual com outras pessoas. Mas assim que cheguei em casa e no meu próprio quarto, me vi desejando ter um relacionamento com alguém e me entregando aos meus sentimentos sexuais (o que é bastante normal para uma pessoa hormonal de 13 a 14 anos), mas a ansiedade severa sempre que alguém manifestava interesse romântico em mim, eu me impedia de namorar alguém ou até de flertar quando acontecia.” Ela disse que antes de aprender sobre demissexualidade, sentia "luta, dor, isolamento e confusão".

    Sapiossexualidade

    Sapiossexualidade é o fato de sentir atração, seja sexual ou romântica, por pessoas inteligentes, educadas ou carismáticas. A definição muitas vezes inclui atração, seja ela física ou imaterial, pelo intelecto ou através de uma conexão mental para com os indivíduos ou as pessoas. O sufixo implica numa atração sexual, logo não requer necessariamente uma atração intelectual, psíquica, psicológica ou mental.

    Metrossexualidade

    A Metrossexualidade ou metrossexual: é um termo originado nos finais dos anos 1990, pela junção das palavras metropolitano e sexual, sendo uma gíria para um homem urbano excessivamente preocupado com a aparência, gastando grande parte do seu tempo e dinheiro em cosméticos, acessórios, roupas e tem suas condutas pautadas pela moda e as "tendências" de cada estação.

    Intersexo - Modificação das características sexuais

    O tipo de procedimentos vai depender da variação intersexo, existm dois modelos possíveis:

    Modelo centrado no sigilo e cirurgia: Fazer a cirurgia e medicar nos primeiros 24 meses de vida;

    Modelo centrado na pessoa intersexo: Esperar a pessoa intersexo crescer, explicar a complexidade das questões envolvidas e permitir que tome a decisão sobre como agir quanto às suas características sexuais (seja, se deseja alterações, o momento que as faz, ou quais faz).

    Em caso de clitoromegalia e micropénis, esperar antes de fazer a cirurgia é importante para não correr o risco de prejudicar a funcionalidade do órgão sexual. Outro motivo para esperar antes de fazer a cirurgia é evitar a insatisfação da pessoa intersexo na alteração. É importante que a família e a pessoa intersexo possua acompanhamento psicoterapêutico para lidar com a ansiedade e frustração que pode vir acompanhada a toda a complexidade envolvida em ser intersexo.

    Assim o tratamento moderno envolve psicoterapia para a pessoa intersexo e a sua família, cirurgia de redesignação sexual, cirurgia plástica para caso queira modificar as suas características sexuais ou terapia hormonal, caso desejada. Sendo mais fácil a construção de uma vulva e vagina, ela tem sido preferida pelo modelo médico tradicional. Mesmo na abordagem centrada na pessoa intersexo, recomenda-se que a cirurgia seja feita caso haja sério prejuízo funcional e desconforto genital.

    Ser intersexo é frequentemente tratado como algo de carácter patológico, que deve ser corrigido com terapia hormonal ou cirurgias para normalizar as características sexuais das pessoas intersexo. Se uma variação intersexo é descoberta no nascimento ou durante a infância, os procedimentos médicos podem ser realizados sem que a criança ou pessoas responsáveis pela criança deem consentimento ou até mesmo estejam cientes, e muitas pessoas intersexo não são informadas sobre a sua variação intersexo, mesmo quando adultas.

    Integridade física - Intersexo

    Tem-se tornado prática comum sujeitar as crianças intersexo a intervenções cirúrgicas medicamente desnecessárias e a outros procedimentos que têm como propósito tentar fazer com que a sua aparência esteja de acordo com a noção típica de sexo masculino ou feminino. Tais procedimentos, frequentemente irreversíveis, podem causar permanentemente infertilidade, dor, incontinência, perda de sensação no acto sexual, sofrimento mental para o resto da vida, incluindo depressão.

    Estes procedimentos, são regularmente praticados sem o pleno consentimento, livre e informado, da pessoa em questão. Muitas vezes, esta é demasiado nova para poder tomar uma decisão e estes procedimentos podem violar os seus direitos à integridade física, a viver livre de tortura e outros atos degradantes ou desumanos.[

    Estas intervenções têm frequentemente como base normas culturais e de género e crenças discriminatórias relativas a pessoas intersexo e a sua integração na sociedade. Atitudes discriminatórias não podem nunca justificar violações de direitos humanos, incluindo tratamento forçado e violações ao direito à integridade física.

    Tais procedimentos são algumas vezes justificados por argumentos com base em benefícios de saúde, mas estes são frequentemente propostos com base em provas fracas e sem a discussão de soluções alternativas que protejam a integridade física e respeitem a autonomia da pessoa.

    Tais crenças e pressões sociais são frequentemente refletidas pela comunidade médica, e também por familiares responsáveis das crianças intersexo, que encorajam ou dão o seu consentimento para que tais procedimentos sejam feitos. Independentemente da falta de indicação médica, necessidade ou urgência, e também apesar do facto de que tais procedimentos possam violar direitos humanos. Muitas vezes o consentimento é dado na ausência de informação sobre as consequências a curto e longo prazo sobre tal cirurgia e também com a falta de contacto com outras pessoas adultas intersexo e as suas famílias.

    Muitas pessoas adultas intersexo que foram expostas a cirurgias enquanto crianças realçam a vergonha e estigma associados à tentativa de apagar os seus traços intersexo, tal como o sofrimento físico e mental, incluindo como resultado as cicatrizes extensivas e dolorosas. Muitas também sentem que foram forçadas a assumirem um sexo e género que não lhes é adequado.

    Dado a natureza irreversível e o impacto na autonomia e integridade física da pessoa, tais procedimentos cirúrgicos, desnecessários, tais procedimentos procuram ser proibidos.