Durante muito tempo acreditámos que os genes eram os únicos responsáveis pela transmissão das características biológicas e pela expressão de doenças de geração em geração. Sabe-se recentemente que outros fatores como a alimentação adaptada ao nosso genoma, exercício físico e a forma como vivemos influenciam o aparecimento de doenças e consequentemente o envelhecimento precoce. Tome nota das recomendações da farmacêutica e naturopata Alexandra Vasconcelos.
1. Evitar glúten e leite
O trigo de hoje não é igual ao trigo dos nossos antepassados. O exponencial aumento no consumo de trigo nos últimos 50 anos obrigou a que a produção fosse aumentada. Deste foi produzida uma espécie de trigo bem diferente da original. Esta nova espécie é mais resistente à doença, ao calor e às intempéries; não cresce sem a adição de químicos, agrotóxicos e possui 40 vezes mais glúten.
A ingestão do trigo modificado contribui para a alteração da permeabilidade intestinal, debilita o sistema imunitário, podendo levar ao desenvolvimento de doenças autoimunes. No cérebro, o glúten é neurotóxico.
Quase todos temos sensibilidade ao glúten e também ao leite. Não é necessário fazer um teste de intolerância. Experimente retirar durante um mês o glúten e os lácteos da sua alimentação e irá verificar a diferença.
2. Não comer gordura hidrogenada
Um óleo vegetal para estar à venda no supermercado sem oxidar/rançar é submetido a um processo de hidrogenação parcial, originando a gordura TRANS. As gorduras TRANS são as principais responsáveis pelo aumento do mau colesterol, o LDL. Estas depositam-se nos órgãos, são inflamatórias e, por isso, contribuem para o aumento da incidência de uma série de doenças, nomeadamente as cardiovasculares. O desafio é perceber onde não existem estas gorduras. Ler os rótulos é essencial porque existe gordura TRANS até nas bolachas mais light e rotuladas como saudáveis.
3. Não ingerir açúcar
O açúcar dá prazer e vai criando uma dependência silenciosa. É considerado a droga do século XXI. Além de ser um dos fatores que contribuem para o aumento da obesidade, este produto aumenta o risco de várias doenças graves.
Por outro lado, o açúcar conduz a um aumento rápido da concentração de glicose no sangue e, consequentemente, o pâncreas liberta insulina para permitir que as células utilizem o açúcar ingerido. Para além disso é libertado o IGF (fator de libertação da insulina), com efeito inflamatório, determinante no desenvolvimento de cancro, doenças degenerativas e cardiovasculares.
Constituindo um dos fatores para progressão do envelhecimento precoce, é importante medir a insulina em jejum (8 horas de jejum) e esta deve estar abaixo entre os 3 e 5 UI/ml.
4. Comer pouco
Os povos com maior longevidade comem pouco. Não necessitamos de andar sempre a comer. Coma bem uma vez ao dia e depois, petisque alimentos cheios de nutrientes e de vida. Restrinja as comidas a um período do dia, por exemplo coma entre as 9h e as 17h ou entre as 12h e as 20h.
5. Definir a suplementação de acordo com os seus genes
As análises epigenéticas permitem conhecer quais os nutrientes que permitem silenciar genes que despoletam doenças e por outro lado ativar os protetores, sendo a sua expressão essencial para não adoecermos.
Atualmente é fundamental suplementar o organismo porque os défices são muitos na maioria da população. A produção agrícola mundial concentra-se em monoculturas, com a expectativa de obter aumento do volume produzido e garantir a alimentação de toda a população do planeta. Contudo, as consequências ambientais e sociais desse modelo têm sido desastrosas, provocando destruição da biodiversidade e esgotamento dos solos. O solo torna-se empobrecido, diminui a sua produtividade, tornando-se necessária a aplicação de adubos. Consequentemente os alimentos vão ser pobres em nutrientes que o nosso organismo necessita.
Para termos saúde é necessário suplementar com os minerais, vitaminas, gorduras, enzimas, hormonas que o nosso corpo necessite para leva a cabo corretamente todos os metabolismos que nos permitem manter a saúde.
6. Hidratar-se
A água certa é milagrosa e é vida. Idealmente deve ser purificada, alcalina, ionizada, antioxidante e hidratante. Beba pelo menos 1,5 litros de água por dia.
7. Fazer jejum
O jejum intermitente de pelo menos 16 horas por dia ajuda a "limpar" e purificar o seu corpo.
Muitos estudos mostram que devemos quebrar o jejum somente algum tempo após acordarmos para deixar o corpo reparar-se e produzir algumas hormonas cuja maior produção se dá com o estômago vazio, como a nossa hormona do crescimento implicada no anti envelhecimento. Essencialmente, o jejum intermitente ensina o seu corpo a queimar a gordura acumulada e não apenas glicose (açúcar).
8. Fazer reposição e modulação hormonal
Todas as células são afetadas pela ação hormonal. À medida que envelhecemos o nível de hormonas decresce. Ou será que as hormonas decrescem porque envelhecemos? A baixa de estrogénios nas mulheres em menopausa não afeta apenas a parte ginecológica. Aumenta o risco de enfarte, a atividade cognitiva diminui, órgãos sexuais, a pele, o risco de osteoporose e tudo em geral envelhece.
As hormonas bioidênticas são hormonas com estrutura e moléculas idênticas às nossas hormonas e que "imitam" a nossa fisiologia corporal, para promover mais qualidade de vida e prevenção de doenças.
9. Reduzir a exposição a tóxicos
Evite plásticos especialmente sujeitos a fontes de calor, ftalatos e bisfenol (embalagens de plástico) que constituem verdadeiros disruptores endócrinos, substâncias que se comportam no nosso corpo como hormona, simulando os estrogénios e outras hormonas, provocando inúmeras disfunções. Perda de fertilidade nos homens, diabetes, até cancro de mama, da próstata e cólon entre outros.
Pense em eliminar alguns tipos de amálgamas dentárias, assim como a exposição à poluição, produtos processados cheios de aditivos alimentares, produtos de higiene com parabenos, alumínio, formaldeído, silicones... Tome medicamentos apenas quando é estritamente necessário. Opte por uma alimentação biológica, sem pesticidas e outros agrotóxicos.
10. Fazer exercício físico
Deve fazer pelo menos três horas por semana de atividade física, de modo a retardar o envelhecimento e envelhecer com qualidade. Estar ativo promove a produção de hormonas importantes para o bem-estar, como a hormona do crescimento. Para além disso a secreção desta hormona é influenciada pelo jejum e por isso atinge elevadas concentrações durante o período do sono. Ou seja, o ideal é existir um equilíbrio entre a atividade física e uma boa noite de sono.
11. Controlar o stress
Nos dias de hoje estamos sujeitos a um stress crónico e permanente que contribui para o aparecimento de situações patológicas e debilitar o sistema imunitário. Tente organizar a sua vida pessoal e financeira para que não constituam grandes fontes de stress. Faça a gestão do seu dia-a-dia. Utilize técnicas que promovam a redução do stress como meditação, ioga, acupuntura e o exercício físico que goste.
12. Dormir bem e as horas necessárias
O sono tem um impacto enorme na nossa saúde. Quem não dorme bem fica doente e envelhece mais rapidamente. Durma 7 a 8 h por dia. Respeite a hora de dormir e de acordar.
Os conselhos são de Alexandra Vasconcelos, Farmacêutica e Naturopata, Especialista em Medicina Natural Integrativa, Pós graduada em Nutrição Oncológica, Nutrição Ortomolecular e Medicina Integrativa e Humanista, e Diretora das Clínicas Viver. Alexandra Vasconcelos é ainda autora do Livro “O segredo para se manter Jovem e saudável”.
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