Páginas

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Cirurgia de Ceratocone Crosslinking

O Crosslinking é um tratamento indicado para pacientes com ceratocone progressivo, ou seja, com alta possibilidade de piorar com o tempo. O objetivo é tornar a córnea mais rígida, e com isso aplacar a evolução do ceratocone e evitar a degradação visual e até retardar a necessidade de um transplante de córnea.

O ceratocone é uma doença ocular que ainda não tem uma causa específica determinada. O tecido da córnea perde a estabilidade e começa a assumir um formato irregular, muitas vezes em cone. Com isso, a pessoa passa a não enxergar muito bem.

Em estágios iniciais, é possível corrigir a visão com óculos ou lentes de contato rígidas. Todavia há pacientes que não se adaptam as lentes ou apresentam uma progressão na doença, tornando a cirurgia de ceratocone crosslinking a melhor solução.

A Cirurgia de Ceratocone Crosslinking e feita com a aplicação de uma substância chamada riboflavina, isso, é claro, após a aplicação tópica da anestesia por meio de colírios. Depois, é aplicada Luz UVA, que ativa a substância e faz uma remodelagem da córnea.

Após a cirurgia, o paciente ainda vai precisar da ajuda de óculos ou lentes para correção de problemas refrativos, já que a cirurgia de ceratocone não tem essa atuação específica. Muitos pacientes conseguem alcançar a estagnação da doença, mas é importante observar que a Cirurgia de Ceratocone Crosslinking não é um procedimento definitivo. Com o tempo, o ceratocone pode voltar a evoluir.

Sendo assim, é muito importante continuar acompanhando o quadro após a cirurgia, para que o oftalmologista possa avaliar as medidas seguintes a serem tomadas. Também é importante seguir todas as orientações no pós-operatório, garantindo o sucesso da operação.

A Cirurgia de Ceratocone pode ser realizada com o Crosslinking e também com Anel de Ferrara. Baixe o e-book gratuito e saiba mais sobre os tratamentos do ceratocone.


domingo, 28 de dezembro de 2014

Transplante lamelar de córnea – A mudança radical de um paradigma

A córnea é uma estrutura transparente localizada na superfície do olho que é completamente transparente e permite a passagem da luz de forma a que a imagem seja visualizada adequadamente no fundo ocular (retina). Quando ocorre perda da transparência da córnea, necessitamos de um transplante de córnea.

As doenças mais frequentes que necessitam de transplante de córnea são o queratocone em fase avançada (alteração da curvatura da córnea com adelgaçamento irregular), as distrofias corneanas, sendo a distrofia de Fuchs a mais frequente (situação bilateral, muitas vezes familiar, mais frequente em senhoras a partir da idade média de vida), que levam a uma diminuição progressiva da transparência da córnea e a queratopatia bolhosa, muitas vezes consequência de procedimentos cirúrgicos complicados após cirurgias de catarata e outras e que acarreta uma descompensação da córnea com diminuição da visão e, muitas vezes, dores.

O transplante de córnea é uma cirurgia que consiste em substituir uma córnea doente por uma córnea saudável proveniente de um dador com a finalidade de melhorar a visão no mais rápido espaço de tempo e com as menores complicações possíveis.

Por ano são realizados cerca de 700 transplantes de córnea em Portugal que podem ser de dois tipos: transplantes penetrantes (substituem toda a espessura da córnea), e que hoje se realizam cada vez menos, e os transplantes lamelares (substituem apenas a parte da córnea que se encontra lesada).

Os transplantes de córnea totais (penetrantes) estão associados a uma recuperação da acuidade visual demorada (muitas vezes superior a um ano e com refrações acentuadas), com necessidade de múltiplas consultas para remoção seletiva dos pontos e com uma frequência de complicações maior.

Os transplantes lamelares, fundamentalmente os posteriores da córnea, utilizados principalmente na distrofia de Fuchs e na queratopatia bolhosa, permitem unicamente a substituição do endotélio doente e constituíram um avanço significativo na rapidez, segurança e conforto da transplantação corneana, ao substituir apenas a camada da córnea afetada.

Esta técnica inovadora apresenta grandes vantagens em relação à penetrante, uma vez que reduz o tempo de cicatrização e recuperação permitindo uma recuperação de visão maior e mais rápida, exige menos consultas de seguimento, diminui a taxa de infecções e apresenta uma baixa taxa de rejeição da córnea transplantada, quando comparada com a técnica convencional.

Um dos objetivos destas técnicas cirúrgicas mais recentes é a obtenção de lamelas o mais finas possíveis de modo a possibilitar a mais rápida recuperação de visão.

Neste sentido, o nosso grupo desenvolveu uma técnica pioneira a nível mundial, em que obtém consistentemente e de forma segura, lamelas de córnea inferiores a 120 micras de espessura (DSAEK ultrafino com laser de Femtosegundo), que possibilitam uma recuperação de visão muito mais rápida. O laser de Femtosegundo, associado a uma maior segurança e predictabilidade, apresenta a grande vantagem de fazer incisões na córnea com profundidade e diâmetros desejados e com uma precisão jamais alcançada por outra técnica. Os resultados que obtemos, frequentemente com acuidade visual corrigida de 20/25 (oito décimos) ao 6º mês pós-operatório, sem perda de córneas durante a preparação dos enxertos nem falências primárias demonstram a segurança, predictabilidade e melhoria visual significativa que a técnica desenvolvida permite alcançar.

Trata-se verdadeiramente de uma mudança radical na forma de tratar doenças da córnea  frequentes, que outrora condenavam os doentes a processos de recuperação penosos e com resultados visuais muitas vezes dececionantes.

Autoria - Prof. Joaquim Neto Murta
Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e coordenador da Unidade de Oftalmologia de Coimbra (Idealmed)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A alimentação correta e o combate ao sedentarismo

Esta descoberta retrata a influência do tipo de dieta seguida pelos pacientes no seu quadro do ceratocone. Inicialmente observamos que alguns pacientes tiveram episódio de melhora significativa da visão e de uma menor irregularidade corneana. Ficamos atentos ao observar os primeiros casos e procuramos agora dar seguimento a estas observações em outros pacientes. 

O que pode ter ocorrido é uma alteração do formato do ceratocone, justificando assim a necessidade de troca de lentes RGPs especiais Ultracone para mais planas (cerva de 1.5 a 2.5 dioptrias) para estes pacientes. Iniciada a investigação, observamos que um dos pacientes teve a alteração por ser estudante de nutrição na época e ter adotado a prática de uma alimentação saudável, de 6 refeições por dia bem equilibradas. Outros dois pacientes tiveram recomendações médicas de seus cardiologistas de que seus exames estavam ruins e tiveram que adotar uma dieta prescrita para eles semelhante a primeira ou seja, equilibrada e de acordo com as necessidades observadas pelos médicos.

Outros pacientes adotaram uma dieta mais natural, um deles inclusive eliminando totalmente a carne vermelha da dieta, acrescentando somente carne de aves (sem pele) e peixes. Para alguns pacientes eu recomendei a leitura do livro A Dieta de South Beach, criada pelo cardiologista americano da Florida Dr. Arthur Agatston, MD. (South Beach, FL) para melhorar a qualidade dos exames sanguíneos de seus pacientes e tratá-los por antecipação para prevenção de doenças cardiológicas. A dieta que inicialmente não tinha o objetivo de emagrecimento mais tarde mostrou que era a primeira mudança visível em seus pacientes, a diminuição da gordura corporal. 

Esta dieta pode ajudar os pacientes a terem uma melhor qualidade de vida, nós não afirmamos que a simples adoção da dieta irá influenciar de fato no ceratocone, mas com certeza não irá prejudicar, pelo contrário, poderá ajudar em muitos outros fatores da saúde do paciente como na questão de prevenção de doenças cardiológicas, diabetes, entre outras. O fato é que se isso ajudar numa melhora do quadro do ceratocone e conseqüentemente da visão do paciente melhor, do contrário não irá tampouco prejudicar. 

Mas é importante mencionar que existe relação entre a alimentação, o estresse e a forma como o paciente administra as questões do corpo e da mente. A expressão em latim “Mens Sana Corporeo Sano” (mente sã, corpo são) me parece muito adequada a esta questão e deveria ser objeto de estudo posterior. Em nossa experiência de mais de 10000 pacientes com ceratocone em 45 anos pudemos observar diversas associações de comportamentos, doenças relacionadas que interferiram no caso de alguns pacientes. É importante estar atento ao histórico médico geral do paciente e se necessário aprofundar-se mais no assunto de maneira a tratar a questão de uma forma mais geral e sistêmica quando necessário.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O stress

É impressionante como é fácil observar que um paciente teve uma piora no seu quadro, desde pacientes que vinham com ceratocone estabilizado há muitos anos até os pacientes com ceratocone incipiente, que quando depararam-se com uma situação de muito estresse em suas vidas, houve uma progressão significativa do caso, em praticamente todos os casos requerendo uma readaptação de lentes. Uma perda de um ente familiar, separação do cônjuge, doença de um familiar, problemas profissionais, de dinheiro, depressão, etc. são fatores que podem desencadear um processo de pior no quadro, fazendo com que o ceratocone tenha episódio de progressão com tempo determinado e estabiliza novamente. 


domingo, 1 de dezembro de 2013

O que pode se fazer para amenizar e diminuir a progressão do ceratocone?

Em aproximadamente 45 anos de acompanhamento de pacientes com ceratocone, observamos muitos casos que levaram-nos a acreditar que existem fatores que influenciam de forma maior ou menor na evolução ou não do ceratocone ao longo da vida do paciente. É importante mencionar que este estudo não está respaldado por nenhum estudo prévio, não há evidência ou comprovação científica registrada sobre o assunto. Entretanto, nossa amostragem de mais de dez mil pacientes ao longo destes quarenta e tantos anos permitiu que pudéssemos observar pontos em comum na amostragem obtida.