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sábado, 7 de maio de 2022

Alcoolismo - Causas

O alcoolismo é influenciado por fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais que afetam a resposta e o comportamento do organismo face a este tipo de bebidas. O processo de dependência ocorre de um modo gradual. O álcool, ao longo do tempo, vai alterando o normal equilíbrio entre as substâncias químicas que existem no cérebro associadas com a sensação de prazer, capacidade de avaliação e controlo do corpo. Esse facto faz com que se consuma para recuperar as boas sensações ou para afastar as negativas.

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do alcoolismo:

-Consumo regular ao longo do tempo, que vai gerando uma dependência física.

-Idade: quanto mais cedo se inicia, maior o risco de desenvolvimento de dependência.

-História familiar: o risco é mais elevado quando existem familiares próximos alcoólicos.

-Depressão e outros problemas mentais, como a ansiedade ou doença bipolar.

-Fatores sociais e culturais: ter amigos ou pessoas próximas que bebem regularmente aumenta o risco da sua ingestão e de dependência. As mensagens que os media veiculam da associação entre o seu consumo e o status social podem ser um fator importante em alguns casos.

-Mistura de medicamentos e álcool: alguns fármacos interagem com o álcool, o que pode aumentar ou diminuir os efeitos terapêuticos.

Alcoolismo - Sintomas

Os sintomas do alcoolismo são muito diversos e passam pela incapacidade de reduzir o consumo de álcool, pela sensação de uma enorme necessidade de o consumir, desenvolvimento da sua tolerância, que obriga a uma maior ingestão para se obter o mesmo efeito, beber em isolamento ou às escondidas, sensação física de abstinência (náuseas, suores, tremores), lapsos de memória, criação de rituais, consumindo-o em horários definidos com sensação de frustração se tal não é possível, irritabilidade, para se sentir bem ou para se sentir ”normal”, para lidar com problemas legais, financeiros, pessoais e profissionais, acompanhados de perda de interesse noutras atividades que costumam ser agradáveis.

O álcool provoca uma depressão do sistema nervoso, embora, em algumas pessoas, a reação inicial seja de estimulação. Reduz as inibições, afeta os pensamentos, as emoções e a capacidade de julgar e decidir. Interfere ainda na fala, na coordenação muscular e, em doses excessivas, pode induzir coma ou causar a morte. Por outro lado, a dependência do álcool associa-se, habitualmente, à dependência de outras substâncias.

Como consequência da perda de todas as capacidades referidas, aumenta o risco de acidentes de viação e domésticos, reduz o desempenho no trabalho e na escola e aumenta a probabilidade de se cometerem crimes violentos. Agrava ainda a possibilidade de complicações médicas como, doença hepática (hepatite, cirrose, cancro), problemas digestivos (gastrite, úlcera); má-absorção, pancreatite; problemas cardíacos (hipertensão arterial, enfarte do miocárdio, AVC); complicações nos doentes diabéticos; alterações na função sexual; dificuldades de visão; osteoporose; implicações neurológicas; diminuição das defesas; anomalias congénitas no caso de consumo durante a gravidez; e aumento de risco para várias formas de cancro.

Alcoolismo - O que é?

O conceito de alcoolismo abrange a globalidade dos problemas motivados pelo álcool, no indivíduo, nos planos físico e psíquico, nas perturbações da vida familiar, profissional e social, e também nas suas implicações económicas, legais e morais.

Em Portugal, apesar dos últimos dados disponíveis indicarem um ligeiro decréscimo a nível nacional, a sua ingestão, per capita, mantém-se bastante elevada. Por outro lado, tem-se verificado um consumo crescente entre jovens e mulheres e alterações significativas que agravam as situações de risco. Este tópico tem sido tema recorrente nos meios de comunicação e tem determinado alterações na legislação de modo a tentar controlar este problema.

Portugal surge de forma sistemática entre os maiores consumidores de bebidas alcoólicas a nível europeu e mundial. Num estudo recente, encontraram-se estimativas em maiores de 15 anos para o país, de 58 mil doentes alcoólicos (síndrome de dependência de álcool), isto é, cerca de 7% da população, e 750 mil bebedores excessivos (síndrome de abuso de álcool), o que equivale a 9,4% do universo nacional.

Na população escolar portuguesa, estima-se que a prevalência de problemas ligados ao álcool se situem entre os 10% e os 20%, em alunos universitários. No que se refere ao ensino secundário, com idade média de 16 anos, entre 18% e 20% ter-se-ão embriagado pelo menos uma vez. Calcula-se ainda que o seu consumo excessivo ocorra em cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens. Sabe-se também que está relacionado com 50% dos casos de morte em acidentes de automóvel, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios.

O álcool é atualmente, em Portugal, uma droga legal e comercializada, fazendo parte dos hábitos alimentares de uma larga maioria da população. Para além disso aparece muitas vezes associado a inúmeras formas de relacionamento, tanto privado como público, de natureza ritual, comemorativa, recreativa, fazendo parte do estilo de vida ou mesmo da identidade de muitos grupos sociais.

Acupuntura Médica - Factos e Curiosidades

A acupuntura tem como objetivo a recuperação do organismo como um todo, pela indução de processos regenerativos, normalização das funções alteradas, reforço do sistema imunológico e controlo de dor.

É uma técnica milenar, mostrando benefícios em indivíduos com problemas gastrointestinais, respiratórios, musculares, urológicos, endocrinológicos, psicológicos, neurológicos, ginecológicos, dermatológicos, na diminuição da tensão emocional, desmame tabágico e de fármacos com ação psicoativa.

Função anti-inflamatória e analgésica da acupuntura

Experiências com ratos demonstraram que a acupuntura pode até triplicar os efeitos de um composto natural conhecido pelas suas funções anti-inflamatórias e analgésicas.

Investigadores da Universidade de Rochester nos EUA observaram que os tecidos próximos das agulhas tinham até 24 vezes mais adenosina, sugerindo que a impercetível perfuração da pele possa acionar tanto a acumulação da substância em tecidos mais externos da pele, como também a sinalização ao cérebro para criar endorfinas contra a dor e neurotransmissores e hormonas naturais ambos com ação reguladora.

Técnicas de estimulação na acupuntura

De acordo com os Orientais, os meridianos energéticos que atravessam o corpo são afetados por energias "perversas", que afetam o organismo de forma geral. Apesar de parecer misticismo, a própria tradição ocidental considera que ventos, bactérias, vírus, lesões, traumas, ansiedades, frio ou calor constituam boa parte das energias "perversas".

A estimulação de pontos de acupuntura pode ser feita pelos dedos (acupressão), laser e outras técnicas. O importante é que os fluxos energéticos sejam retomados e a energia do corpo equilibrada.

Também são utilizadas outras técnicas, sendo as mais conhecidas a moxibustão (aplicação de calor sobre determinados pontos ou meridianos), a auriculoterapia e a eletroacupuntura.

O sentido das agulhas, o tempo e a forma de estimulação podem variar conforme o tratamento. É costume utilizar um "guia" para inserir as agulhas. Trata-se de um pequeno tubo plástico descartável dentro do qual se encontra a agulha. A leve pressão da ponta do "guia" sobre a pele ajuda a reduzir a sensação da entrada da agulha, mas os acupuntores experientes muitas vezes optam por inserir a agulha, com um movimento rápido sem o guia até a profundidade indicada.

Acupuntura Médica - A quem se destina?

A acupuntura pode ser utilizada como alternativa a alguns tratamentos ou quando estão contraindicados fármacos, como na gravidez (utilização de apenas alguns pontos), estados de alergias, insuficiência renal e cardíaca.

A acupuntura e a acupressão podem ser utilizadas em qualquer idade nomeadamente em Pediatria.

A acupuntura é menos eficaz em doentes a tomar alguns medicamentos sendo por isso necessário desmedicalizar numa fase inicial antes de iniciar o tratamento.

Acupuntura Médica - Mais valia

Qual a mais valia em procurar um médico com competência em Acupuntura Médica?

O médico é o único profissional que possui os conhecimentos científicos como por exemplo de anatomia, fisiologia, bioquímica, patologia, para efetuar os diagnósticos corretos, podendo solicitar e interpretar exames complementares. Tem a capacidade de aconselhar a terapêutica mais indicada para cada situação clínica, que poderá ser a acupuntura ou não e tratar as complicações que podem surgir.

Um dos problemas graves que podem ocorrer quando a acupuntura não é praticada por médicos é o atraso no diagnóstico e no tratamento de diversas patologias, que necessitam de outro tipo de tratamentos, e para os quais não está indicada a acupuntura, podendo criar-se riscos acrescidos. Cabe ao médico decidir que situações são suscetíveis de serem tratadas com acupuntura. Esta é uma técnica terapêutica que deve ser integrada e conjugada com terapêuticas convencionais, como medicamentos, cirurgia ou outro tipo de tratamentos e não deve ser entendida como uma medicina alternativa, mas sim complementar.

Em Portugal, a acupuntura médica é praticada por especialistas certificados (competência) pela Ordem dos Médicos.

Acupuntura Médica - O que é?

A Acupuntura médica é um método de diagnóstico e tratamento utilizado em algumas situações clínicas, que permite a correção de algumas alterações e uma melhoria do funcionamento orgânico global. Estas correções são efetuadas através de introdução de pequenas agulhas em determinados locais anatómicos, promovendo no organismo o restabelecimento da fisiologia através de efeitos locais, segmentares e supra segmentares.

A medicina ocidental, do ponto de vista científico, explica os efeitos da acupuntura através da estimulação e libertação de substâncias endógenas, endorfinas, neurotransmissores e hormonas que vão modelar o sistema nervoso central e autonómico, promovendo o equilíbrio do organismo sem a administração de qualquer substância química.

Após a anamnese, que consiste na colocação de diferentes questões relacionadas com aspetos da vida do paciente e observação clínica, chega-se a um diagnóstico e só então se procede ao tratamento. Este pode ser multimodal (utilizando uma ou diversas técnicas sinérgicas) e será iniciado de acordo com estratégia entretanto definida, para uma correta gestão do conjunto de contributos médicos e complementares.

A eficácia clínica da acupuntura, demonstrada em dezenas de estudos, levou o National Institutes of Health (NIH), o centro de investigação médica do governo norte-americano a reconhecer a acupuntura, originária da medicina tradicional chinesa, como uma poderosa aliada da medicina ocidental.

Na Europa nomeadamente na Alemanha, estudos envolvendo um grande número de doentes confirmaram a eficácia da acupuntura no tratamento de patologias músculo-esqueléticas, como artrose da anca e do joelho, lombalgia, dor crónica do ombro e em outras situações como cefaleia de tensão e dismenorreia (dor menstrual).

A acupuntura é também recomendada no tratamento ou alívio de sintomas funcionais orgânicos como por exemplo soluços intratáveis, nas náuseas e vómitos de diversos tipos, incluindo da gravidez e da quimioterapia.

A Organização Mundial de Saúde apresenta uma lista de diversas indicações.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Acromegalia - Prevenção

A acromegalia não pode ser prevenida. O diagnóstico e o tratamento precoces são a maneira mais eficaz de a tratar ou gerir.

Acromegalia - Tratamento

Depende da localização do adenoma, da idade da pessoa e de outras doenças concomitantes. O tratamento visa reduzir o excesso de produção hormonal e melhorar os sintomas.

A acromegalia por vezes pode ser tratada apenas com medicamentos; os fármacos mais utilizados incluem análogos da somatostatina, agonistas da dopamina e antagonistas do recetor da hormona do crescimento (visam parar a secreção ou a ação da hormona do crescimento). A cirurgia pode ser necessária para remover o tumor, o que interrompe a superprodução de hormona do crescimento e alivia a pressão no tecido circundante. Por vezes a cirurgia pode não estar indicada devido à localização de acesso difícil do tumor dentro do cérebro.

A radioterapia pode ser útil, como terapia isolada ou combinada com cirurgia, para remover as células tumorais; a radioterapia também pode ser usada em conjunto com medicamentos para reduzir os níveis de hormona do crescimento.

A combinação de tratamentos médicos e/ ou cirúrgicos em associação eventual com radioterapia pode estar indicado.

Acromegalia - Diagnóstico

Os sinais e sintomas aparecem lentamente podendo ser demorado o diagnóstico. No entanto, um sinal precoce de acromegalia pode ser o crescimento exagerado das mãos e dos pés, proeminência do queixo e da zona das sobrancelhas.

Existem análises que podem confirmar a presença desta patologia, como a análise do fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1), uma hormona produzida no fígado, habitualmente elevada nas pessoas com acromegalia. Outras hormonas da hipófise podem igualmente ser medidas, bem como o teste oral de tolerância à glicose.

A ressonância magnética cerebral pode ser importante para determinar a localização e o tamanho do tumor.

Acromegalia - Causas

A superprodução da hormona do crescimento associado à acromegalia normalmente resulta de um tumor. O tipo mais comum é o adenoma da hipófise (ou glândula pituitária) uma neoplasia benigna que provoca a produção de hormona do crescimento em excesso. Estes tumores não são malignos no entanto, podem causar problemas devido ao seu tamanho e localização no tecido cerebral circundante, causando por exemplo dores de cabeça e problemas de visão.

Outras causas raras de acromegalia: tumor nos pulmões, glândulas suprarrenais ou pâncreas, implicando superprodução de GH.

Acromegalia - Sintomas

A acromegalia manifesta-se através do aumento das partes moles das mãos e dos pés (o que leva normalmente a que o doente se veja obrigado a aumentar, por exemplo, o número que calça). Outros sintomas são:

-alterações degenerativas articulares (artroses)

-síndrome do canal cárpico

-pele espessa e oleosa

-alterações da voz

-ressonar (roncopatia)

Além das alterações da força muscular, alterações ósseas e deformidades ósseas comuns, o impacto da doença difere entre homens e mulheres. Nas mulheres podem também surgir alterações do ciclo menstrual e nos homens podem manifestar-se alterações sexuais como impotência. Pensa-se que cerca de 17% da população possua pequenos adenomas hipofisários que geralmente não produzem excesso da hormona do crescimento nem causam sintomas.

Acromegalia - O que é?

 A acromegalia tem uma incidência de três novos casos por milhão de habitantes anualmente e resulta da produção excessiva de hormona do crescimento no adulto. Em 90% dos casos é causada por um adenoma da hipófise.

Abcesso pulmonar - Prevenção

O reconhecimento e tratamento precoce das infeções respiratórias são essenciais para prevenir a sua evolução para o abcesso pulmonar. Uma boa higiene oral é igualmente importante. Os doentes com perturbações gastroesofágicas devem ser instruídos de modo a evitar a aspiração do conteúdo gástrico, devendo dormir com a cabeceira elevada e não enchendo demasiado o estômago antes de dormir.

Abcesso pulmonar - Tratamento

 O principal problema no seu  tratamento é a presença crescente de resistências aos antibióticos. Face ao risco elevado de recorrência com regimes terapêuticos de menor duração, a medicação deve ter a duração média de quatro a seis semanas, devendo manter-se até haver resolução da imagem radiológica ou até à redução para uma lesão pequena e estável. Os antibióticos devem ser inicialmente administrados por via intravenosa e só depois por via oral. A intervenção cirúrgica é raramente necessária, limitando-se a casos de má resposta à terapêutica médica, neoplasias ou malformações congénitas.

Abcesso pulmonar - Diagnóstico

Para além da avaliação médica, deve ser realizado um estudo analítico pormenorizado, sendo o hemograma e os parâmetros inflamatórios essenciais. A colheita de expetoração deve ser realizada antes do início do tratamento com antibiótico, englobando o teste de sensibilidade a este. Já a colheita de sangue para cultura de agentes microbianos pode ter um papel importante na identificação da causa do quadro clínico. A radiografia é igualmente útil. A imagem radiográfica típica de um abcesso pulmonar é a de uma cavidade de contornos irregulares com um nível hidroaéreo no seu interior. Já a tomografia computorizada permite uma melhor definição anatómica das lesões. Para obtenção de material estéril pode ainda realizar-se a aspiração do conteúdo do abcesso por punção transtraqueal ou transtorácica com agulha, cultura do líquido pleural ou hemoculturas. Finalmente, a broncoscopia é feita quando se suspeita de obstrução brônquica por carcinoma ou inalação de corpo estranho.

Abcesso pulmonar - Causas

Resulta da passagem das bactérias da cavidade oral para o tecido pulmonar. Estes pacientes apresentam particular tendência para pneumonias de aspiração, tendo com frequência doença periodontal, nomeadamente gengivite. São as bactérias anaeróbias existentes na cavidade oral a sua causa mais frequente. Outros agentes infeciosos, aeróbios, podem também provocá-los, embora menos frequentes. São habitualmente infeções mais agressivas, associadas a pneumonia bacteriana, com necessidade de terapêutica urgente, surgindo a cavidade à medida que se desenvolve o processo de necrose do tecido pulmonar. Dentro destes incluem-se os Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Haemophylus influenzae, Streptococcus (pneumonia), Klebsiella, entre outros. 

Os pacientes mais vulneráveis são os que apresentam doença dentária ou gengival, epilepsia ou alcoolismo, estando o risco relacionado com a maior possibilidade de aspiração de conteúdo da orofaringe, por alteração do estado de consciência. Dentro dos grupos de risco há a referir aqueles que têm alterações da junção gastroesofágica, das estruturais da faringe e do esófago, doença de refluxo, dificuldade de deglutição por lesão neurológica, obstrução brônquica por tumor ou corpo estranho, má higiene dentária e oral,  indivíduos com impossibilidade de proteção das vias aéreas, casos de coma com perda de conhecimento, anestesia geral ou sedação. Outras situações estão relacionados com embolizações sépticas para o pulmão, tendo como causa a existência de bacteriémia (presença de bactérias no sangue) ou endocardite da válvula tricúspide.

Abcesso pulmonar - Sintomas

O quadro clínico é variável, dependendo dos antecedentes do doente, da gravidade e extensão da patologia e do microrganismo implicado. Os pacientes com abcessos pulmonares por agentes bacterianos anaeróbios apresentam sintomas discretos que podem evoluir durante semanas ou meses, tendo habitualmente doença gengival associada. Estes sinais podem assemelhar-se aos da tuberculose pulmonar. Os principais indícios são febre ao final do dia, com temperatura axilar de 37° - 37,5°C, suores noturnos, tosse inicialmente seca e depois produtiva, dificuldade respiratória, dor torácica, perda de apetite e emagrecimento. A expetoração tem habitualmente cheiro fétido e causa um paladar desagradável. Podem surgir sangue na expetoração e pleurisia, em caso de rotura do abcesso para os brônquios ou para a cavidade pleural. A avaliação médica e a auscultação fornecem elementos importantes que permitem um melhor esclarecimento do quadro clínico.

As complicações resultam da rotura para o espaço pleural provocando empiema, fibrose pulmonar, pulmão encarcerado, insuficiência respiratória, fístula bronco-pleural ou cutâneo-pleural e disseminação da infeção pela corrente sanguínea. Nos doentes com empiema associado ao abcesso pulmonar, a sua drenagem com tratamento antibiótico prolongado é com frequência essencial.

Abcesso pulmonar - O que é?

São cavidades que se originam no pulmão, com acumulação de tecido pulmonar morto e líquido no seu interior. Como regra, um abcesso pulmonar corresponde a uma concavidade com um centímetro ou mais de diâmetro. São causados por bactérias e são mais frequentes no lado direito.

Antes da existência de antibióticos, o abcesso pulmonar era uma doença devastadora, com uma taxa de mortalidade de cerca de um terço. Esta situação evoluiu favoravelmente e, atualmente, quer a taxa de mortalidade quer o prognóstico são muito mais favoráveis, com cerca de 90% dos doentes curados mediante o recurso a tratamento médico.

A frequência dos abcessos pulmonares na população geral não é conhecida. Sabe-se que são mais comuns nos idosos, pela maior prevalência de doenças periodontais e maior risco de aspiração. Um dos principais fatores de risco parece relacionar-se com a imunodepressão e com a patologia obstrutiva brônquica, podendo nestes casos a mortalidade atingir taxas de 75%. Os abcessos pulmonares podem ser classificados com base na sua duração: com menos de quatro a seis semanas são considerados agudos, tendo os crónicos uma duração superior. Podem ser únicos ou múltiplos, primários e secundários, estando os primeiros relacionados com processos infeciosos, por aspiração ou pneumonia, e sendo os segundos causados por condições preexistentes, nomeadamente doença obstrutiva, bronquiectasias (dilatações dos brônquios) ou imunodepressão, entre outras causas.

domingo, 14 de novembro de 2021

Como se faz o diagnóstico de ceratocone ?


A identificação de um ceratocone moderado ou avançado é razoavelmente fácil. Entretanto, o diagnóstico de ceratocone em suas fases iniciais torna-se mais difícil, requerendo uma cuidadosa história clínica, medidas da acuidade visual e refração, e ainda exames complementares realizados por instrumentação especializada. Geralmente, pacientes com ceratocone têm modificações frequentes nas prescrições dos seus óculos em curto período de tempo e, além disso, os óculos já não fornecem uma correção visual satisfatória. As refrações são frequentemente variáveis e inconsistentes. Pacientes com ceratocone freqüentemente relatam diplopia ( visão dupla ) ou poliopia ( visão de vários objetos ) naquele olho afetado, e queixam-se de visão borrada e distorcida tanto para visão de longe quanto para perto. Alguns referem halos em torno das luzes e fotofobia ( sensibilidade anormal à luz ).

Muitos sinais objetivos estão presentes no ceratocone. A retinoscopia mostra reflexo “em tesoura”. Com o uso do oftalmoscópio direto percebe-se um sombreamento. O ceratômetro também auxilia no diagnóstico. Os achados ceratométricos iniciais são ausência de paralelismo e inclinação das miras. Estes achados podem ser facilmente confundidos nos casos de ceratocone incipiente.

A redução da acuidade visual em um olho, devido à doença assimétrica no outro olho, pode ser um indício precoce de ceratocone. Este sinal é freqüentemente associado com astigmatismo oblíquo.

A topografia corneana computadorizada ou fotoceratoscopia pode fornecer um exame mais acurado da córnea e mostrar irregularidades de qualquer área da córnea. O ceratocone pode resultar em um mapa corneano extremamente complexo e irregular, tipicamente mostrando áreas de irregularidades inferiormente em forma de cone, o qual pode assumir diferentes formas e tamanhos. (Veja figura 4)

O diagnóstico de ceratocone também pode ser feito através do biomicroscópio ou lâmpada de fenda. Através deste instrumento o médico poderá observar muitos dos sinais clássicos do ceratocone:

• Anéis de Fleischer: anel de coloração amarelo-amarronzada a verde-oliva, composto de hemossiderina depositada profundamente no epitélio circundando a base do cone.

• Linhas de Vogt: são pequenas estrias semelhantes a cerdas de pincel, geralmente verticais embora possam ser oblíquas, localizadas na profundidade do estroma corneano.

• Afinamento corneano: um dos critérios propostos para o diagnóstico de ceratocone é o afinamento corneano significante maior que 1/5 da espessura da córnea. À medida que a doença progride o cone é deslocado inferiormente. O ápice do cone é geralmente a área mais afinada.

• Cicatrizes corneanas: geralmente não são vistas precocemente, porém com a progressão da doença ocorre ruptura da membrana de Bowman, a qual separa o epitélio do estroma corneano. Opacidades profundas da córnea não são incomuns no ceratocone.

• Manchas em redemoinho: podem ocorrer naqueles pacientes que nunca tenham usado lentes de contato.

• Hidropsia (Veja figura 5): ocorre geralmente nos casos avançados, quando há ruptura da membrana de Descemet e o humor aquoso flui para dentro da córnea tornando-a edemaciada. Quando isso ocorre o paciente relata perda visual aguda e nota-se um ponto esbranquiçado na córnea. Hidropsia causa edema e opacificação. Caso a membrana de Descemet se regenere o edema e a opacificação diminuem. Pacientes com síndrome de Down têm maior incidência de hidropsia. O ato de coçar e friccionar os olhos deve ser evitado nestes pacientes.

• Sinal de Munson: este sinal ocorre no ceratocone avançado quando a córnea protui o suficiente para angular a pálpebra inferior quando o paciente olha para baixo.

• Reflexo luminoso de Ruzutti: um reflexo luminoso projetado do lado temporal será deslocado além do sulco limbar nasal quando um alto astigmatismo e córnea cônica estão presentes.

• Pressão Intra-ocular reduzida: uma baixa pressão intra-ocular geralmente é encontrada como resultado do afinamento corneano e/ou redução da rigidez escleral.

Como se classifica o ceratocone ?

O ceratocone pode ser classificado conforme sua curvatura ou de acordo com a forma do cone:

• Baseado na severidade da curvatura:
- Discreto: < 45 dioptrias em ambos os meridianos. - Moderado: entre 45 a 52 dioptrias em ambos os meridianos. - Avançado: > 52 dioptrias em ambos os meridianos.
- Severo: > 62 dioptrias em ambos os meridianos.

• Baseado na forma do cone:
- Pequeno monte: forma arredondada, com diâmetro pequeno em torno de 5 mm.
- Oval: geralmente deslocado inferiormente, com diâmetro > 5 mm. É o tipo mais comumente encontrado no exame de topografia corneana.
- Globoso: quando 75 % da córnea está afetada, possui diâmetro maior que 6 mm. É também chamado ceratoglobo, e é o tipo mais difícil para se adaptar lentes de contato.