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sexta-feira, 20 de maio de 2022

Sexualidade - O que é?


A OMS - Organização Mundial de Saúde - definiu sexualidade como uma energia que encontra a sua expressão física, psicológica e social no desejo de contacto, ternura e às vezes amor.
O desenvolvimento da sexualidade acontece durante toda a vida do indivíduo e depende da pessoa, das suas características genéticas, das interacções ambientais, condições socioculturais e outras, conhecendo diferentes etapas fisiológicas: infância, adolescência, idade adulta e senilidade. Na adolescência aparecem os caracteres sexuais secundários e tornam-se mais evidentes os comportamentos sexuais, tanto a nível biológico como a nível sócio-afectivo.



Caracteres sexuais secundários masculinos
Mudança na voz.
Desenvolvimento corporal por aumento da massa muscular.
Aumento do tamanho do pénis e dos testículos.
Poluções nocturnas.
Aparecimento do acne.
Aparecimento de pêlos nos órgãos genitais, axilas, etc.
Maior secreção da hormona testosterona




Caracteres sexuais secundários femininos
Alargamento das ancas. Maior acumulação de gordura no tecido adiposo.
Desenvolvimento dos seios e das ancas.
Menstruação mensal.
Aparecimento do acne.
Aparecimento de pêlos nos órgãos genitais, axilas, etc.
Maior produção da hormona estrogénio e progesterona.


As alterações corporais são vivenciadas de forma diferente, de jovem para jovem. Podem aparecer sentimentos de vergonha, timidez, pudor e até ansiedade, nomeadamente em casa, junto dos pais e dos irmãos, e na escola, junto dos colegas e das colegas.
Por outro lado as hormonas que são responsáveis por estas modificações, produzem um acentuado aumento do desejo sexual e das sensações eróticas. É a partir desta fase que se vai desenvolver a resposta sexual adulta.
As relações entre os dois sexos também vão sofrer alterações importantes. É frequente professores e pais relatarem situações de afastamento e mesmo hostilidade entre rapazes e raparigas na escola, em casa ou em grupos de amigos.
Outra manifestação é a constituição de grupos e de espaços ferozmente mono-sexuais (proibição absoluta dos rapazes entrarem nos grupos das raparigas e vice-versa). É como se houvesse um período em que se torna interiormente muito importante mostrar claramente, a si mesmo e aos outros, que se pertence a um sexo bem definido, com características muito específicas e opostas ao outro sexo. 
                

Existe um misto de hostilidade e de jogo de provocação e sedução. Há um não querer e querer, um não precisar e precisar, um não gostar e gostar.
Outro comportamento importante em alguns dos rapazes e raparigas pré-adolescentes é a masturbação que funciona como uma descoberta do corpo e de novas sensações. Pode ser vivida com um misto de prazer e de curiosidade, mas também com muitas dúvidas ou culpabilidades, dados os comentários negativos ou o silêncio dos adultos sobre este assunto.
Esporadicamente, alguns adolescentes podem envolver-se em relações sexuais. Este não é, no entanto, um comportamento muito frequente nesta fase de desenvolvimento.
No entanto, estes comportamentos não são generalizados, o que quer dizer que as fantasias ou preocupações ligadas à sexualidade não sejam uma característica comum.

Sexualidade


...”Uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e por isso influencia a nossa saúde física e mental.”



CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO AFECTIVA E SEXUAL


1 – Desenvolvimento afectivo-sexual humano

1.1 – Atitudes face à sexualidade: perspectivas histórica e multicultural.
1.2 – Evolução afectivo-sexual ao longo da vida.
1.3 – Factores culturais e sociais na sociedade Ocidental: a cultura juvenil; papeis de género; estereótipos de género e outros factores sociais.


2- Factores de risco e de protecção associados à actividade sexual

2.1- Conceito de “saúde sexual”
2.2- Estatísticas relativas aos comportamentos de risco
2.3- Modelos explicativos das condutas de risco na sexualidade;Orientações para melhorar a eficácia das intervenções
2.4- Estilos de vida saudáveis relativamente aos afectos e à sexualidade


3- Educação afectivo-sexual

3.1- Legislação sobre a educação sexual e sua operacionalização progressiva, desde o Projecto Educativo de Escola até ao Plano Curricular de Turma
3.1- Papel dos diferentes agentes educativos: as condições desejáveis e as reais
3.2- Modelos de educação sexual
3.3- Serviços governamentais ou não para apoio à educação e promoção da “saúde sexual”

3.4- Componente informação na educação sexual:

- Anatomia e resposta sexual humana
- Funções da sexualidade
- Variabilidade do comportamento sexual humano
- Métodos anticoncepcionais
- Doenças sexualmente transmissíveis
- Serviços comunitários.


3.5- Componente motivacional na educação para a saúde sexual:

- Mediadores afectivos na comunicação ( compreensão empática, escuta activa, aceitação incondicional e respeito, confidencialidade- técnicas de “counseling”)
- Estratégias para “fazer passar a mensagem” (ex. estudo de casos, role play exposições, transversalidade curricular, informação relevante e adequada `a pessoa e à faixa etária, métodos activos e participativos, como dinâmicas de grupo, recurso a mediadores juvenis, envolvimento da família)
- Estratégias para fomentar a auto-estima, a auto-eficácia, a aceitação de si próprio enquanto ser sexuado
- Internalização da percepção do controlo.


3.6- Componente de desenvolvimento de competências:

- Compreensão das emoções e sentimentos em si e nos outros
- Resolução de problemas
- Comunicação em geral e em especial a assertividade e a negociação
- Projectos de vida e formulação de planos pessoais na área afectivo-sexual
- Clarificação de valores
- Processos de tomada de decisão.


4- Intervenção na comunidade

4.1- A sensibilização e cooperação com a família
4.2- As parcerias com a comunidade, em especial os serviços de saúde.





Sexualidade ao Longo daVida


Introdução

A forma como a sexualidade aparece e se manifesta, é um tema que sempre suscitou muita controvérsia. O debate centrou-se principalmente na questão: é a sexualidade aprendida ou determinada por factores biológicos? Para uns, a sexualidade é sobretudo devida às hormonas que alteram a química do nosso organismo. Para outros, o que é determinado biologicamente são os orgãos sexuais, porque o resto é adquirido através da aprendizagem.

As investigações realizadas para saber até que ponto existe uma determinação ou responsabilidade biológica no interesse sexual, não têm tido resultados consistentes. Ou seja, os resultados não conseguem apontar claramente para que a sexualidade humana seja directamente devida apenas a factores biológicos.

Existem no entanto muitas evidências de que a sexualidade é aprendida, portanto, grande parte do nosso interesse sexual é resultado da aprendizagem. Esta depende de dois factores básicos: o tipo de ambiente social em que se vive e as experiências concretas ou específicas que se tiveram nesse ambiente social.

Assim, pode-se dizer que a sexualidade, depende certamente de factores biológicos e da aprendizagem, tendo esta no ser humano um papel importantíssimo. Mas a aprendizagem não ocorre em pacotes ao mesmo tempo para todas as pessoas. As pessoas diferem não só na rapidez com que aprendem mas também na forma como arrumam essas aprendizagens até formar um conceito de sexualidade.

É pois importante não esquecer que as idades assinaladas são referências para facilitar a compreensão do desenvolvimento sexual no ser humano, que não são seguidas de forma rígida e igual para todas as pessoas.



Infância (dos 0 aos 2 anos)

A capacidade do corpo humano mostrar uma resposta sexual está presente desde o nascimento, por exemplo, os bebés do sexo masculino têm erecções. No sexo feminino não existem indicações tão claras da resposta sexual, no entanto, tendo em conta a semelhança da resposta fisiológica sexual entre ambos sexos, parece razoável pressupor que os bebés do sexo feminino possuam uma resposta sexual semelhante aos do sexo masculino.

Masturbação
A masturbação é observada na forma de carícias aos genitais. Apesar de que existam dúvidas sobre o quão conscientes estão os bebés em relação ao comportamento, não parecem existir em relação ao facto de que parecem estar envolvidos numa actividade de auto-estimulação sexual prazenteira. Ao longo do desenvolvimento da criança são observáveis períodos mais claramente centrados nos genitais e de "jogo sexual". Ao longo dos anos a maior parte dos rapazes e raparigas progridem de uma estimulação não pensada dos genitais para a masturbação propriamente dita entre os 6 e os 8 anos. A ocorrência de orgasmos fruto da masturbação é possível mesmo com tenra idade, embora a ejaculação nos rapazes não seja possível antes da puberdade.

A masturbação é uma forma de expressão sexual normal e natural da infância. Não é, de forma alguma, sinal de patologia ou problema. Se não existir nenhum tipo de repressão por parte do meio envolvente, o desenvolvimento normal será o descrito acima.

Encontros Sexuais Criança – Criança
O desenvolvimento sexual dos bebés e jovens crianças, tem as mesmas características do desenvolvimento dos outros comportamentos infantis. Assim nos primeiros tempos o comportamento sexual é tipicamente centrado no próprio e de tipo masturbatório. Só mais tarde é que se começam a desenvolver comportamentos afectivos ou sexuais que envolvem outra pessoa, do mesmo sexo ou de sexo oposto.

Experiências Sensuais Não Genitais
Ser acariciado e embalado pode ser uma experiência tenra e sensual. De facto experiências deste tipo desde tenra idade podem influenciar as reacções à intimidade e comportamentos carinhosos na idade adulta. Parece verificar-se no entanto, que em relação a este aspecto as crianças dividem-se em dois grupos, as crianças que gostam de ser acariciadas e as crianças que mostram um certo desconforto e rejeição ao contacto físico, o que indicia dois padrões diferentes de personalidade.

Vinculação
A qualidade do relacionamento com os pais desde tenra idade, pode ser de grande importância para os relacionamentos emocional e sexual que mais tarde surjam. A vinculação é um laço afectivo que se estabelece nas horas após o nascimento e que continua pelo período da infância, adolescência e até idade adulta (com algumas modificações derivadas do próprio desenvolvimento). A vinculação também pode ocorrer com outras pessoas da família ou muito próximas (além dos pais). A qualidade destas vinculações, se são seguras, inseguras, evitantes ou ambivalentes, parecem afectar a capacidade de vinculação emocional da pessoa na idade adulta.

Tomada de Conhecimento das Diferenças entre Rapazes e Raparigas
Entre os 2 e os 2 1/2 anos as crianças apercebem-se de que género são, masculino ou feminino. Embora de início creiam que as diferenças estão no tipo de roupa ou corte de cabelo, por volta dos 2 1/2 anos têm pelo menos uma vaga ideia da existência de diferenças na zona genital e na posição adoptada ao urinar.


Infância (dos 3 aos 7 anos)


Nesta altura existe um aumento do interesse em geral pelas coisas que rodeiam a criança, o mesmo ocorrendo em relação ao interesse e actividade sexual.




Masturbação
As crianças ganham pouco a pouco experiência na masturbação, embora nem todas as crianças se masturbem durante este período. É também durante este período que aprendem que a masturbação é algo que se faz em privado.

Comportamento Heterossexual
A sexualidade torna-se mais social pelos 4 ou 5 anos, existindo algum jogo heterossexual, como por exemplo "brincar aos médicos". Aos 5 anos aproximadamente, as crianças já formaram um conceito de casamento, pelo menos nos seus aspectos não genitais, apercebem-se de que o sexo oposto é o apropriado para o casamento e comprometem-se a casar quando forem mais velhos, adoptando os papeis de casados no "brincar às casas".

Comportamento Homossexual
Durante o período da infância e pré-adolescência o jogo sexual com parceiros do mesmo sexo pode ser mais frequente que o estabelecido com membros do sexo oposto.

Conhecimento Sexual e Interesses
Aos 3 ou 4 anos as crianças começam a ter algumas noções sobre a existência das diferenças genitais entre homens e mulheres, mas as noções são pouco claras, é apenas aos 5, 6 ou 7 anos, que vão adquirindo uma ideia clara do que são as reais diferenças.

Por volta dos 3 anos existe um claro interesse em relação às distintas posturas utilizadas para urinar. Nesta idade, as crianças são também extremamente afectuosas, adoram abraçar e beijar os pais e chegam até a propor casamento ao progenitor do sexo oposto.

Aos 4 anos o interesse pelas casas de banho e a eliminação, mantém-se sendo comuns jogos em que se "mostram". No entanto, aos 5 anos as crianças tornam-se mais pudicas, desenvolvendo princípios de modéstia e privacidade em redor aos 6 ou 7 anos. Nesta idade vão-se apercebendo igualmente, das restrições sociais existentes em relação à expressão sexual.

As brincadeiras sexuais são nesta idade motivadas principalmente pela curiosidade, constituindo uma parte do conjunto das aprendizagens da infância.



Pré-Adolescência (dos 8 aos 12 anos)


A pré-adolescência é um período de transição entre a infância e a puberdade e adolescência. O interesse e expressão da sexualidade permanecem despertos durante esta fase. Nesta altura dá-se um acordar da sexualidade, que na maioria dos casos não ocorre antes dos 10 anos que é, no entanto, um momento muito significativo.

Por volta dos 9 ou 10 anos a puberdade começa com as mudanças corporais, como a formação dos caroços mamários e o crescimento dos pelos púbicos. O aumento da auto-consciência corporal desenvolve-se até ao ponto em que a criança pode sentir-se desconfortável ao sentir que o progenitor do sexo oposto a está a ver nua.


Masturbação
Durante a pré-adolescência cada vez mais crianças ganham experiência com a masturbação. A forma como o fazem as raparigas é distinta por norma à forma como o fazem os rapazes. Tipicamente os rapazes fazem comentários com os pares, vêm os colegas faze-lo ou lêem coisas sobre o tema, nas raparigas é a descoberta acidental na própria o mais comum.

Comportamento Heterossexual
Em geral existe pouco comportamento heterossexual durante este período, principalmente devido à comum divisão social de rapazes e raparigas em diferentes grupos. No entanto, é durante este período que tomam conhecimento das relações sexuais propriamente ditas pela primeira vez. As reacções a esta nova informação variam entre o choque e o descrédito, sobretudo é muito comum que não consigam acreditar que os pais tenham relações sexuais.

Comportamento Homossexual
É importantíssimo ver a actividade homossexual neste período como uma parte normal do desenvolvimento sexual das crianças. Na pré-adolescência a organização social é essencialmente constituída por grupos de rapazes e raparigas separados, cuja convivência social acaba por ser quase sempre com elementos do mesmo sexo, aos 12 ou 13 anos é o momento em que existe uma maior segregação sexual entre os grupos e ao mesmo tempo existe um maior interesse pelo sexo oposto. Assim, a exploração sexual desta idade é com maior probabilidade de natureza homossexual do que heterossexual.

As actividades sexuais mais prováveis envolvem geralmente a masturbação, o exibicionismo e a exploração dos genitais dos outros. Mas como mencionado anteriormente, o mais provável é que os rapazes façam a sua exploração sexual em grupo, enquanto que as raparigas a façam individualmente.

Namoro
Existe alguma antecipação durante a pré-adolescência dos comportamentos de namoro da adolescência. Jogos que incluam beijos são típicos nas festas ou namorados de faz de conta que geralmente não incluem outros comportamentos que não os beijos.

Em relação aos valores sexuais, os pré-adolescentes tendem a ser conservadores enquanto a tendência dos adolescentes é a de serem progressivamente mais liberais.

Adolescência (dos 13 aos 19 anos)


Neste período dá-se um aumento do interesse sexual devido a vários factores, como as mudanças corporais, o aperceber-se das mesmas, o aumento dos níveis de hormonas sexuais, a crescente ênfase cultural em relação ao sexo e à diferença entres os papeis feminino e masculino.

Masturbação
Nos rapazes existe um grande aumento da frequência do comportamento de masturbação entre 13 e os 15 anos de idade, nas raparigas este aumento parece ser muito mais gradual. Ao longo da adolescência e idade adulta parecem existir algumas diferenças no comportamento sexual entre homens e mulheres, o comportamento masturbatório nos rapazes é mais frequente (ocorre um maior número de vezes) do que nas raparigas, por outro lado a frequência diminui nos rapazes quando estes mantêm relações sexuais enquanto nas raparigas tende a aumentar.

As atitudes em relação à masturbação têm mudado radicalmente neste passado século, tendo aumentado muito a informação sobre a mesma e tendo-se desmistificado muitas crenças. Embora exista um reconhecimento explicito da importância da masturbação (sendo até uma recomendação em terapia sexual), as pessoas continuam a manter sentimentos contraditórios sobre a mesma, como sentir culpabilidade, vergonha ou ainda colocar-se numa atitude defensiva.

Comportamento Homossexual
Uma ou um par de experiências homossexuais durante o período da adolescência, são frequentes para uma certa percentagem dos adolescentes, se incluirmos a excitação sexual com outros jovens do mesmo sexo a percentagem sobe muito.

A grande maioria das experiências homossexuais ocorrem entre os pares e raramente se devem a seduções por parte de pessoas adultas. Muitas vezes estas experiências acontecem de forma bastante ingénua e não premeditada. Os comportamentos homossexuais da adolescência não são indicadores de uma orientação homossexual do adulto.

Comportamento Heterossexual
Durante a fase intermédia e final da adolescência o número de jovens que tem comportamentos heterossexuais e relações sexuais é cada vez maior, assim como existe um aumento da frequência em que os mesmos ocorrem. O comportamento heterossexual aumenta até se tornar na principal fonte de interesse sexual.

Em termos de desenvolvimento individual, a progressão é muito regular começando pelo beijo, continuando pela estimulação dos seios e genitais e terminando com a relação sexual e contacto oral-genital.

Antes da primeira relação sexual os rapazes frequentemente sentem excitação e as raparigas receio, durante a relação as raparigas sentem com maior frequência sentimentos de culpa, pena ou desapontamento, enquanto os rapazes referem com maior frequência sentimentos positivos de alegria e sensação de maturidade, no entanto as raparigas valorizam muito menos a primeira relação sexual que os rapazes.

Com as mudanças culturais é cada vez menos comum manter a virgindade até ao casamento. Os novos comportamentos sexuais na juventude têm diminuído as iniciações masculinas com prostitutas e o recurso a elas. Os jovens têm aumentado muito o seu recurso à estimulação oral-genital assim como ampliado o seu leque técnicas que incluem uma variedade grande de posições durante a relação sexual. Infelizmente também têm sentido uma maior pressão no sentido de um desempenho sexual excepcional.

As atitudes sobre as relações sexuais antes do casamento variam muito com a idade, mas em geral pode dizer-se que existe uma tendência para a aceitação das relações sexuais antes do casamento desde que com afecto. Isto significa que, ao contrário do que se poderia pensar, não se fomentou o sexo impessoal ou casual, pelo contrário, o número de parceiros tende a manter-se baixo e permanece uma clara intenção de fidelidade, embora a duração da relação seja incerta.


A Importância da Sexualidade no Desenvolvimento Psicossocial


Durante o desenvolvimento na infância, adolescência e idade adulta, existem fases de crise ultrapassáveis com maior ou menor facilidade consoante as características de cada pessoa e do meio familiar e social envolvente. Durante a adolescência existem importantes mudanças (tarefas desenvolvimentistas) que o/a jovem tem que realizar, em muitas delas a sexualidade é uma parte essencial no desenvolvimento psicológico. De entre as várias existentes, destacam-se as seguintes:
Tornar-se independente dos pais. A sexualidade é uma forma de expressar a autonomia e independência dos pais.
Estabelecer um sistema de valores morais/éticos próprio e viável. Para muitos adolescentes, algumas das decisões morais mais importantes tomadas de modo independente dos pais, relacionam-se com o seu próprio comportamento sexual. É nesta fase que emerge um sistema pessoal de valores éticos.
Estabelecimento da identidade, especialmente de uma identidade sexual.
Desenvolvimento da capacidade para estabelecer e manter uma relação íntima com outra pessoa.
Conclui-se pois que a sexualidade é uma parte integrante do desenvolvimento psicológico de todas as pessoas.



Meia Idade


Existem muitos mitos falsos sobre a actividade sexual na meia idade (40 – 60 anos). Um deles é que o fim da actividade sexual satisfatória acaba após a menopausa, muitas pessoas acreditaram nisto acabando por torna-lo realidade nas suas próprias vidas. Muitas crianças filhas de pais desta idade, são totalmente ignorantes da actividade sexual de seus pais, acreditando que os mesmos não têm relações sexuais. No entanto, com as atitudes progressivamente mais liberais da nossa sociedade e com os avanços na área da saúde, a importância da intimidade sexual nesta fase da vida tem sido cada vez mais destacada.

A actividade sexual diminui apenas ligeiramente durante as décadas dos 40 e dos 50 anos, as grandes diminuições não se devem normalmente a causas fisiológicas, excepto nos casos de determinadas doenças crónicas, cirurgias, certos medicamentos, e excessos alimentares ou de consumo de álcool. As causas mais frequentes de diminuições acentuadas na actividade sexual nesta fase etária devem-se especialmente à monotonia na relação, preocupações financeiras ou com os negócios, cansaço físico ou mental, depressão, dificuldade em colocar a intimidade sexual como importante, medo de não conseguir erecções, ou falta de um parceiro/a.

Para muitos casais, no entanto, o fim do receio de gravidezes inesperadas e o aumento do tempo de privacidade no casal, permitiram conseguir uma vida sexual mais agradável. Muitas mulheres conhecem muito melhor suas necessidades e desejos, e sentem-se mais livres para tomar a iniciativa aumentando o seu interesse. Por outro lado, como a rapidez da resposta sexual masculina diminui um pouco, os períodos de actividade sexual são mais longos, o que ajuda muitas mulheres a alcançarem seus próprios orgasmos com mais facilidade, e aos casais sentirem maior prazer durante a sua intimidade sexual.

Por vezes durante esta fase da vida surgem preocupações excessivas com o envelhecimento. Estas são muito mais acentuadas na mulher que no homem, pois se as rugas e o cabelo grisalho, são muitas vezes associadas à experiência no homem, nas mulheres é muitas vezes associado a ter iniciado o seu declínio. Segundo a psicologia evolutiva (ramo da psicologia que tenta explicar determinados comportamentos humanos à luz da nossa evolução como espécie), esta diferença deve-se a que durante a meia idade a mulher perde a sua capacidade reprodutiva, enquanto o homem diminui a mesma apenas ligeiramente, assim os sinais na mulher seriam vistos como indicadores de que não seria uma parceira adequada para fins reprodutivos. Numa sociedade que já não valoriza as relações apenas pelos seus fins reprodutivos, a hipervalorização da juventude pode tornar as mulheres especialmente vulneráveis ao envelhecimento.

A auto estima diminui quando a pessoa desvaloriza o seu aspecto físico, um esforço por manter-se saudável, jovem e bem fisicamente, desde que não seja obsessivo, pode ser muito positivo e ajudar a aceitar as mudanças progressivas no seu aspecto físico, até porque durante esta fase as capacidades físicas e mentais podem estar num nível bastante elevado.



Idosos

Até à década de 1960 a sexualidade no idoso não tinha sido reconhecida do ponto de vista físico, após os estudos de Masters & Johnson (1966, 1981) sobre a sexualidade humana, é que se começou a reconhecer a sua existência, muitos outros estudos têm confirmado uma grande diversidade na experiência sexual.

As pessoas com vidas sexuais activas durante a sua juventude, são as que mais provavelmente apresentaram maior actividade sexual, embora o mais importante seja manter uma actividade sexual contínua ao longo da vida. Um homem saudável poderá continuar a sua actividade sexual durante os seus 70 ou 80 anos. As mulheres podem manter uma actividade sexual até ao final da sua vida, e o maior obstáculo que podem enfrentar é a ausência de parceiro.

Naturalmente a actividade sexual nesta fase da vida é diferente de muitas formas. As pessoas idosas sentem menor tensão sexual, têm menos relações sexuais e com menor intensidade física. O tónus muscular que acompanha a relação sexual diminui em ambos os sexos.

Nos homens os níveis de testosterona são mais baixos e demoram mais tempo a conseguir uma erecção e a ejacular, podem necessitar mais estimulação manual e os tempos entre erecções tendem a ser superiores. As erecções podem ser mais curtas e menos firmes, desaparecendo com maior rapidez após a ejaculação. A disfunção eréctil pode aumentar especialmente em homens com doenças cardíacas, hipertensão e diabetes, embora possam existir tratamentos.

Nas mulheres todos os sinais físicos de excitação sexual, como o aumento dos seios, a erecção dos mamilos, o entumescimento dos lábios vaginais e do clitóris, são menos intensos. A vagina pode tornar-se menos flexível e precisar de lubrificação. No entanto a maioria dos homens e mulheres idosos podem alcançar o orgasmo e podem sentir prazer na sua actividade sexual.

Os seres humanos são seres sexuais, mesmo que a doença ou as situações de vida impeçam a expressão sexual, os sentimentos persistem. A expressão sexual pode ser muito satisfatória, principalmente se tanto os jovens como os idosos, o reconhecerem como normal e saudável. Os idosos devem aceitar a sua sexualidade sem vergonha ou constrangimento e os jovens devem evitar ridicularizar ou terem atitudes condescendentes perante os sinais de sexualidade saudável dos idosos. Devem ser dadas condições de privacidade, de aceitação e abertura dos técnicos de saúde que cuidam os idosos à comunicação sobre os problemas relacionados com a actividade sexual, assim como condições de socialização que permitam uma vida saudável e a expressão sexual no idoso.

Bibliografia:
Hyde, Janet Shibley (1982). Human sexuality. (2ª ed.) McGraw Hill.
Mahoney, E.R. (1983). Human sexuality.

O que é a Educação Sexual?


Educação sexual é o ensino sobre a anatomia e a psicologia da reprodução humana e demais aspectos do comportamento que se relacionam ao sexo.

sábado, 7 de maio de 2022

Alergias - Prevenção

O tratamento que permite o controlo divide-se em várias abordagens, mas baseia-se, primeiro, num diagnóstico correto.

Os pilares fundamentais no controlo da doença são:

-Educar o doente e da sua família;

-Evitar os fatores de agravamento;

-Tratar os episódios agudos ou crises, com utilização de fármacos que aliviam a obstrução dos brônquios;

-Planear o tratamento preventivo ou de controlo através de vacinas antialérgicas.

Evitar os alergénios do ambiente interior

Os ácaros do pó doméstico representam a principal causa de alergia na população portuguesa. As medidas aconselhadas para evitar a sua exposição e a outros contaminantes, são:

-Manter um arejamento e ventilação adequadas;

-Evitar alcatifas e carpetes, substituindo-os por pavimentos de linóleo, mosaico ou madeira envernizada;

-Utilizar colchões recentes, com menos de um ano;

-Colocar coberturas anti ácaros nos colchões e almofadas;

-Utilizar lençóis de algodão e edredão sintético;

-Lavar a roupa da cama e as cobertas plásticas com água a temperaturas superiores a 50ºC;

-Remover do quarto peluches ou objetos que acumulem pó (ex. livros);

-Usar aspirador com filtro de alta eficiência (HEPA);

-Controlar a humidade relativa em valor inferior a 50%;

-Nos doentes alérgicos a fungos, as medidas de controlo ambiental são semelhantes. Nos alérgicos a animais domésticos - gato, cão, coelho, hamster, entre outros - será necessário removê-los da habitação.

Evitar os alergénios do ambiente exterior

Os pólenes são os alergénios mais importantes do ambiente exterior. Para estes doentes alérgicos a este elemento, cuja época habitual é a primavera, algumas medidas podem ser úteis:

-Conhecer o boletim polínico da região (disponível no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica - www.spaic.pt);

-Planear viagens de trabalho ou férias elegendo alturas do ano e locais livres dos pólenes para os quais é alérgico;

-Evitar ir para o campo durante os períodos de grande concentração de pólenes, em especial no período da manhã;

-Manter as janelas fechadas durante o dia em casa, optando por fazer ventilação ao entardecer;

-Usar óculos escuros;

-Viajar de carro com as janelas fechadas, sendo que os motociclistas devem usar capacete integral.

Evitar o fumo do tabaco, ativo e passivo

O fumo do tabaco acresce o risco para o aparecimento de asma e outras doenças alérgicas, e nas crianças com esta patologia aumenta do risco para a ocorrência de crises graves, que podem levar ao internamento hospitalar.

Os pais de menores asmáticos deverão ter consciência de que se fumam ou deixam que outros fumem perto dos seus filhos (em casa, no carro…) estão a prejudicar gravemente a saúde das crianças, aumentando de forma significativa a gravidade da doença. É preciso não esquecer que os mais pequenos não pode manifestar verbalmente o seu mal-estar, e que a tosse é habitualmente a sua única forma de expressão.

Alergias - Tratamento

Há vários medicamentos que podem ser divididos em três grupos:

Medicamentos sintomáticos, para o alívio das queixas, incluindo anti-histamínicos para o controlo dos sintomas de alergia a nível do nariz, dos olhos ou da pele, e broncodilatadores para o tratamento das queixas de asma.

Medicamentos preventivos, anti-inflamatórios, que permitem combater a alergia e evitar o aparecimento dos sintomas.

Vacinas anti-alérgicas. São um tratamento específico, dirigido ao alergénio implicado, que têm uma grande eficácia desde que administradas corretamente e sob vigilância estrita do médico da especialidade de Imunoalergologia. É um método que visa modificar a evolução da doença alérgica. Por exemplo, em pacientes com rinite a pólenes que têm risco aumentado de vir a desenvolver asma, as vacinas poderão prevenir esta evolução.

As doenças alérgicas quando são crónicas, formalmente, não têm cura. Assim sendo pretende-se, como principal objetivo, obter o controlo e assim permitir uma adequada qualidade de vida. Falamos em vacinas anti-alérgicas ou em protocolos de indução de tolerância para medicamentos ou alimentos, os quais, os especialistas têm capacidade para aplicar de acordo com indicações estritas.

De qualquer modo, um doente alérgico pode estar décadas sem sentir qualquer sintoma de alergia, sendo menos provável acontecer quanto mais controlado estiver.

Alergias - Diagnóstico

O reconhecimento correto e atempado destes quadros clínicos de ligeiros a muito graves, permite delinear medidas de atuação em termos de diagnóstico e de tratamento, oferecendo alternativas alimentares e medicamentosas, estruturando a atuação de emergência se sintomas muito graves ocorrerem.

No entanto para que o diagnóstico seja possível é importante que os médicos assistentes e os cidadãos afetados, adultos ou crianças, grávidas ou idosos, sejam encaminhados para um especialista em Imunoalergologia.

Alergias - Sintomas

As doenças alérgicas são muito frequentes mas a sua gravidade é variável. Se é bem conhecido que a asma pode ter um desfecho fatal, as picadas de insetos, a toma de medicamentos ou a ingestão de alimentos, não são habitualmente, nem reconhecidas, nem valorizadas, como responsáveis por quadros muito graves.

Em alguns doentes alérgicos o contacto com alergénios, mesmo em quantidades mínimas, pode ser muito perturbador:

A ingestão não reconhecida de alergénios alimentares, ocultados em outros alimentos (por exemplo, leite misturado com sumos de frutas ou mesmo com bebidas alcoólicas – “licor de leite”-, pode colocar a sua vida em risco.

Os acidentes relacionados com a toma de medicamentos devem ser referidos à equipa de saúde e bem conhecidos pelo próprio e pela sua família e amigos.

As reações relacionadas com picadas de insetos, especialmente se muito graves, devem ser rapidamente referidas ao médico assistente, o que geralmente não é efetuado. E a situação pode traduzir um risco de vida permanente.


Alergia a insetos

Quando suspeitar de uma alergia a insetos?

Muitas espécies de insetos podem provocar reações alérgicas, na maioria das vezes locais, como é o caso dos mosquitos, melgas, moscas, pulgas e percevejos. No entanto, em alguns doentes alérgicos ao veneno de himenópteros – abelha e vespa – a sua picada pode desencadear reações sistémicas, muito graves. 

Geralmente a picada de insetos provoca apenas a reação local, com dor, comichão, vermelhidão e inchaço, resultante da injeção dos componentes tóxicos do veneno. Nos casos de reação alérgica grave (anafilaxia) os sintomas surgem geralmente alguns minutos após a picada e têm vários graus de gravidade, desde reação cutânea (urticária, angioedema), sintomas digestivos (náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal), respiratórios (pieira, estridor, falta de ar), cardiovasculares (taquicardia, tonturas, confusão, sensação de desmaio), até ao choque anafilático com paragem cardiorrespiratória. O risco é habitualmente maior nas picadas de abelha do que nas de vespa. Os doentes com história de reações sistémicas devem ser portadores de um estojo de emergência com adrenalina para autoadministração. E devem ainda ser referenciados a um Centro de Imunoalergologia, para avaliação e eventual indicação para vacina anti-alérgica com extrato de veneno em ambiente hospitalar.

Alergia Alimentar 

Quando suspeitar de uma alergia alimentar?

Quando manifesta sintomas, imediatamente ou próximo da ingestão de um alimento, e menos frequente após o contacto ou inalação de vapores da sua cozedura.

Quando sintomas idênticos se repetem após a ingestão da mesma comida, ou de alimentos relacionados.

Quando manifesta, próximo da ingestão de um alimento, os seguintes indícios isoladamente ou combinados:

Pele e mucosas - manchas ou pápulas vermelhas na pele com comichão (urticária), inchaço; comichão na boca;

Digestivo: náuseas, vómitos, diarreia, cólica abdominal;

Respiratório: espirros, comichão nos olhos ou lacrimejo, tosse, chiadeira no peito, dificuldade em respirar.

Reação alérgica grave (anafilaxia), podendo envolver vários órgãos como a pele, sistema respiratório e digestivo e/ou sintomas cardiovasculares, traduzindo uma queda súbita da pressão arterial, suores, palidez, palpitações e perda de consciência.

Após realizar um exercício físico intenso, uma reação alérgica que pode variar desde uma urticária até uma reação alérgica grave.

Comichão na boca, com ou sem inchaço dos lábios e/ou língua, imediatamente após a ingestão de alimentos vegetais, como os frutos frescos – síndrome de alergia oral.

Vermelhidão e comichão na pele – urticária de contacto.

Em crianças, presença de um eczema moderado a grave, particularmente nos primeiros anos de vida.

Quando ocorrem, particularmente na criança, sintomas digestivos frequentes como recusa alimentar, vómitos, diarreia, má progressão no peso ou sangue nas fezes.

Se tiver o diagnóstico de esofagite eosinofílica.

Os doentes com história de reações alérgicas graves devem ser portadores de um estojo de emergência com adrenalina para autoadministração, em situações de ingestão acidental do(s) alimento(s) a que sejam alérgicos. Recomenda-se que os pacientes com alergia alimentar sejam avaliados em Centros de Imunoalergologia, com experiência nesta área, principalmente pelas particularidades inerentes ao diagnóstico de alergia alimentar de acordo com a idade do doente – particularmente nas crianças – pela complexidade de algumas situações envolvendo reações de reatividade cruzada entre grupos de alimentos, pela possibilidade de em situações mais graves terem que ser efetuados procedimentos específicos de indução de tolerância oral (leite de vaca ou ovo, por exemplo).

Alergia ao látex 

Quando suspeitar de uma alergia ao látex?

O látex (borracha) entra na composição de múltiplos produtos, incluindo material de uso médico (luvas, cateteres, algálias, máscaras, drenos, sondas, garrotes, entre outros) e de uso corrente (preservativos, bolas, balões, toucas, brinquedos, chuchas, tetinas...).

Os sintomas de alergia ao látex podem variar desde a reação alérgica local (urticária de contacto), rinite (espirros, prurido nasal, corrimento), conjuntivite (prurido, vermelhidão, lacrimejo), asma (dispneia, pieira e tosse), até episódios de reação alérgica grave ou choque anafilático.

 Deve suspeitar de alergia ao látex quando:

Ocorre uma reação alérgica em criança ou adulto submetido a múltiplas cirurgias (ex. espinha bífida e outras malformações congénitas) ou com exposição profissional ao látex (ex. profissionais de saúde, veterinários, cabeleireiros...);

Sintomas imediatos após contacto com luvas de látex, preservativos ou outros produtos contendo látex (contacto direto e/ou inalação de partículas dos alergénios de látex);

Reações durante procedimentos médicos ou cirúrgicos, tais como tratamentos dentários, exames ginecológicos, ou intervenções intra-operatórias;

Reações com alimentos com reatividade cruzada descrita com o látex (síndrome látex-frutos).

Os doentes com história de reações alérgicas graves devem ser portadores de um estojo de emergência com adrenalina para autoadministração, em situações de exposição acidental, ao látex e/ou a alimentos com reatividade cruzada com látex a que sejam alérgicos. Estes pacientes devem ser referenciados a um Centro de Imunoalergologia, para avaliação e eventual indicação para imunoterapia (vacina antialérgica) com extrato de látex em ambiente hospitalar.

Alergia medicamentosa 

Quando suspeitar de uma alergia a medicamentos?

Quando manifesta, próximo da administração de um certo medicamento, os seguintes sintomas (isoladamente ou combinados): mais frequentemente envolvimento da pele e mucosas, com manchas ou pápulas vermelhas com comichão (urticária, exantema), inchaço (angioedema) ou prurido cutâneo; menos frequentemente queixas do aparelho digestivo, náuseas, vómitos, diarreia ou cólicas abdominais; queixas oculares e/ou respiratórias, comichão nos olhos ou lacrimejo, espirros, tosse, chiadeira no peito ou dificuldade em respirar; ou mesmo sintomas cardiovasculares, traduzindo uma queda súbita da pressão arterial (hipotensão), com tonturas, palpitações, sensação de desmaio ou mesmo choque e perda de consciência.

Quando manifesta, imediatamente ou próximo da administração de um certo fármaco, uma reação alérgica grave (anafilaxia). As mais relevantes surgem, na maioria dos casos, nos primeiros 30 minutos a uma hora após a sua administração.

No caso de comprovada alergia a medicamentos os doentes devem ser portadores da informação das substâncias envolvidas, do tipo de reação e alternativas terapêuticas. Não esquecer que o fármaco em causa pode existir sob as mais diversas formas de apresentação. Pela complexidade do diagnóstico recomenda-se que estes indivíduos sejam avaliados em Centros de Imunoalergologia, com experiência na área.

Alergias - O que é?

As alergias são respostas exageradas do organismo após o contacto com o ambiente que o rodeia, sendo mais frequentes quando existe uma tendência familiar, isto é, um risco genético para a sua ocorrência. Ou seja “as alergias são um excesso de defesas”, por oposição a outras situações clínicas em que existe falta de defesas.

Para além da genética, muitos fatores de risco relacionados com o estilo de vida das sociedades ocidentais – sedentarismo, alteração da dieta, obesidade, poluição dentro e fora dos edifícios, exposição a alergénios, consumo excessivo de medicamentos, nomeadamente de antibióticos – são algumas dos atributos com peso significativo no aumento da expressão quase explosiva que ocorreu nas doenças alérgicas nas últimas décadas. Na Europa, estas enfermidades afetam cronicamente mais de um terço da população e Portugal não é exceção.

A Imunoalergologia ou Alergologia baseia a sua atividade na promoção da saúde, prevenindo, a vários níveis, situações que afetam a qualidade de vida das populações, da asma à rinite, da urticária ao eczema, da alergia alimentar à medicamentosa.

Alcoolismo - Prevenção

A única forma verdadeiramente infalível de o prevenir seria simplesmente não ingerir bebidas alcoólicas. Mas o que verdadeiramente interessa é a moderação. Durante eventos sociais deve-se beber menos do que se considera razoável, sendo também relevante não misturar bebidas diferentes. É importante avaliar o grupo de amigos e de pessoas próximas porque o excesso de consumo de álcool é frequentemente incentivado por terceiros. Praticar desporto, ler, meditar, ir ao teatro e cinema, podem ser boas alternativas para ajudar a libertar do stress e prevenir a necessidade de fuga para as bebidas alcoólicas. Vale ainda a pena referir que os medicamentos “anti-ressaca” não protegem dos efeitos nocivos do álcool.

Alcoolismo - Tratamento

O tratamento do alcoolismo é complexo e deve englobar os aspetos biológicos e psicossociais, bem como o meio familiar, profissional e social onde o paciente se insere. No que se refere aos problemas orgânicos, na fase inicial as lesões causadas podem ser reversíveis. É um período que pode demorar algum tempo e passa, fundamentalmente, pela abstinência completa do consumo de bebidas alcoólicas. Podem ainda ser prescritos medicamentos para ajudar a combater os sintomas provocados pela dependência ou abstinência. Nas fases mais adiantadas, as lesões podem ser irreversíveis (cirrose hepática). Apesar disso, o tratamento das complicações poderá contribuir para uma importante melhoria da qualidade de vida.

Alcoolismo - Diagnóstico

É importante que a pessoa adquira consciência de que consome álcool acima do normal e que, por isso, deve procurar ajuda. O diagnóstico passa, portanto, por uma boa entrevista com o médico assistente, pela avaliação dos consumos diários e por um conjunto de exames para avaliação da extensão da doença. Existem diversos recursos que são importantes na identificação dos problemas associados ao álcool, como análises clínicas, ecografia abdominal, biópsia do fígado e outros, competindo ao médico selecionar os mais adequados em cada caso.

Alcoolismo - Causas

O alcoolismo é influenciado por fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais que afetam a resposta e o comportamento do organismo face a este tipo de bebidas. O processo de dependência ocorre de um modo gradual. O álcool, ao longo do tempo, vai alterando o normal equilíbrio entre as substâncias químicas que existem no cérebro associadas com a sensação de prazer, capacidade de avaliação e controlo do corpo. Esse facto faz com que se consuma para recuperar as boas sensações ou para afastar as negativas.

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do alcoolismo:

-Consumo regular ao longo do tempo, que vai gerando uma dependência física.

-Idade: quanto mais cedo se inicia, maior o risco de desenvolvimento de dependência.

-História familiar: o risco é mais elevado quando existem familiares próximos alcoólicos.

-Depressão e outros problemas mentais, como a ansiedade ou doença bipolar.

-Fatores sociais e culturais: ter amigos ou pessoas próximas que bebem regularmente aumenta o risco da sua ingestão e de dependência. As mensagens que os media veiculam da associação entre o seu consumo e o status social podem ser um fator importante em alguns casos.

-Mistura de medicamentos e álcool: alguns fármacos interagem com o álcool, o que pode aumentar ou diminuir os efeitos terapêuticos.

Alcoolismo - Sintomas

Os sintomas do alcoolismo são muito diversos e passam pela incapacidade de reduzir o consumo de álcool, pela sensação de uma enorme necessidade de o consumir, desenvolvimento da sua tolerância, que obriga a uma maior ingestão para se obter o mesmo efeito, beber em isolamento ou às escondidas, sensação física de abstinência (náuseas, suores, tremores), lapsos de memória, criação de rituais, consumindo-o em horários definidos com sensação de frustração se tal não é possível, irritabilidade, para se sentir bem ou para se sentir ”normal”, para lidar com problemas legais, financeiros, pessoais e profissionais, acompanhados de perda de interesse noutras atividades que costumam ser agradáveis.

O álcool provoca uma depressão do sistema nervoso, embora, em algumas pessoas, a reação inicial seja de estimulação. Reduz as inibições, afeta os pensamentos, as emoções e a capacidade de julgar e decidir. Interfere ainda na fala, na coordenação muscular e, em doses excessivas, pode induzir coma ou causar a morte. Por outro lado, a dependência do álcool associa-se, habitualmente, à dependência de outras substâncias.

Como consequência da perda de todas as capacidades referidas, aumenta o risco de acidentes de viação e domésticos, reduz o desempenho no trabalho e na escola e aumenta a probabilidade de se cometerem crimes violentos. Agrava ainda a possibilidade de complicações médicas como, doença hepática (hepatite, cirrose, cancro), problemas digestivos (gastrite, úlcera); má-absorção, pancreatite; problemas cardíacos (hipertensão arterial, enfarte do miocárdio, AVC); complicações nos doentes diabéticos; alterações na função sexual; dificuldades de visão; osteoporose; implicações neurológicas; diminuição das defesas; anomalias congénitas no caso de consumo durante a gravidez; e aumento de risco para várias formas de cancro.

Alcoolismo - O que é?

O conceito de alcoolismo abrange a globalidade dos problemas motivados pelo álcool, no indivíduo, nos planos físico e psíquico, nas perturbações da vida familiar, profissional e social, e também nas suas implicações económicas, legais e morais.

Em Portugal, apesar dos últimos dados disponíveis indicarem um ligeiro decréscimo a nível nacional, a sua ingestão, per capita, mantém-se bastante elevada. Por outro lado, tem-se verificado um consumo crescente entre jovens e mulheres e alterações significativas que agravam as situações de risco. Este tópico tem sido tema recorrente nos meios de comunicação e tem determinado alterações na legislação de modo a tentar controlar este problema.

Portugal surge de forma sistemática entre os maiores consumidores de bebidas alcoólicas a nível europeu e mundial. Num estudo recente, encontraram-se estimativas em maiores de 15 anos para o país, de 58 mil doentes alcoólicos (síndrome de dependência de álcool), isto é, cerca de 7% da população, e 750 mil bebedores excessivos (síndrome de abuso de álcool), o que equivale a 9,4% do universo nacional.

Na população escolar portuguesa, estima-se que a prevalência de problemas ligados ao álcool se situem entre os 10% e os 20%, em alunos universitários. No que se refere ao ensino secundário, com idade média de 16 anos, entre 18% e 20% ter-se-ão embriagado pelo menos uma vez. Calcula-se ainda que o seu consumo excessivo ocorra em cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens. Sabe-se também que está relacionado com 50% dos casos de morte em acidentes de automóvel, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios.

O álcool é atualmente, em Portugal, uma droga legal e comercializada, fazendo parte dos hábitos alimentares de uma larga maioria da população. Para além disso aparece muitas vezes associado a inúmeras formas de relacionamento, tanto privado como público, de natureza ritual, comemorativa, recreativa, fazendo parte do estilo de vida ou mesmo da identidade de muitos grupos sociais.

Acupuntura Médica - Factos e Curiosidades

A acupuntura tem como objetivo a recuperação do organismo como um todo, pela indução de processos regenerativos, normalização das funções alteradas, reforço do sistema imunológico e controlo de dor.

É uma técnica milenar, mostrando benefícios em indivíduos com problemas gastrointestinais, respiratórios, musculares, urológicos, endocrinológicos, psicológicos, neurológicos, ginecológicos, dermatológicos, na diminuição da tensão emocional, desmame tabágico e de fármacos com ação psicoativa.

Função anti-inflamatória e analgésica da acupuntura

Experiências com ratos demonstraram que a acupuntura pode até triplicar os efeitos de um composto natural conhecido pelas suas funções anti-inflamatórias e analgésicas.

Investigadores da Universidade de Rochester nos EUA observaram que os tecidos próximos das agulhas tinham até 24 vezes mais adenosina, sugerindo que a impercetível perfuração da pele possa acionar tanto a acumulação da substância em tecidos mais externos da pele, como também a sinalização ao cérebro para criar endorfinas contra a dor e neurotransmissores e hormonas naturais ambos com ação reguladora.

Técnicas de estimulação na acupuntura

De acordo com os Orientais, os meridianos energéticos que atravessam o corpo são afetados por energias "perversas", que afetam o organismo de forma geral. Apesar de parecer misticismo, a própria tradição ocidental considera que ventos, bactérias, vírus, lesões, traumas, ansiedades, frio ou calor constituam boa parte das energias "perversas".

A estimulação de pontos de acupuntura pode ser feita pelos dedos (acupressão), laser e outras técnicas. O importante é que os fluxos energéticos sejam retomados e a energia do corpo equilibrada.

Também são utilizadas outras técnicas, sendo as mais conhecidas a moxibustão (aplicação de calor sobre determinados pontos ou meridianos), a auriculoterapia e a eletroacupuntura.

O sentido das agulhas, o tempo e a forma de estimulação podem variar conforme o tratamento. É costume utilizar um "guia" para inserir as agulhas. Trata-se de um pequeno tubo plástico descartável dentro do qual se encontra a agulha. A leve pressão da ponta do "guia" sobre a pele ajuda a reduzir a sensação da entrada da agulha, mas os acupuntores experientes muitas vezes optam por inserir a agulha, com um movimento rápido sem o guia até a profundidade indicada.

Acupuntura Médica - A quem se destina?

A acupuntura pode ser utilizada como alternativa a alguns tratamentos ou quando estão contraindicados fármacos, como na gravidez (utilização de apenas alguns pontos), estados de alergias, insuficiência renal e cardíaca.

A acupuntura e a acupressão podem ser utilizadas em qualquer idade nomeadamente em Pediatria.

A acupuntura é menos eficaz em doentes a tomar alguns medicamentos sendo por isso necessário desmedicalizar numa fase inicial antes de iniciar o tratamento.

Acupuntura Médica - Mais valia

Qual a mais valia em procurar um médico com competência em Acupuntura Médica?

O médico é o único profissional que possui os conhecimentos científicos como por exemplo de anatomia, fisiologia, bioquímica, patologia, para efetuar os diagnósticos corretos, podendo solicitar e interpretar exames complementares. Tem a capacidade de aconselhar a terapêutica mais indicada para cada situação clínica, que poderá ser a acupuntura ou não e tratar as complicações que podem surgir.

Um dos problemas graves que podem ocorrer quando a acupuntura não é praticada por médicos é o atraso no diagnóstico e no tratamento de diversas patologias, que necessitam de outro tipo de tratamentos, e para os quais não está indicada a acupuntura, podendo criar-se riscos acrescidos. Cabe ao médico decidir que situações são suscetíveis de serem tratadas com acupuntura. Esta é uma técnica terapêutica que deve ser integrada e conjugada com terapêuticas convencionais, como medicamentos, cirurgia ou outro tipo de tratamentos e não deve ser entendida como uma medicina alternativa, mas sim complementar.

Em Portugal, a acupuntura médica é praticada por especialistas certificados (competência) pela Ordem dos Médicos.

Acupuntura Médica - O que é?

A Acupuntura médica é um método de diagnóstico e tratamento utilizado em algumas situações clínicas, que permite a correção de algumas alterações e uma melhoria do funcionamento orgânico global. Estas correções são efetuadas através de introdução de pequenas agulhas em determinados locais anatómicos, promovendo no organismo o restabelecimento da fisiologia através de efeitos locais, segmentares e supra segmentares.

A medicina ocidental, do ponto de vista científico, explica os efeitos da acupuntura através da estimulação e libertação de substâncias endógenas, endorfinas, neurotransmissores e hormonas que vão modelar o sistema nervoso central e autonómico, promovendo o equilíbrio do organismo sem a administração de qualquer substância química.

Após a anamnese, que consiste na colocação de diferentes questões relacionadas com aspetos da vida do paciente e observação clínica, chega-se a um diagnóstico e só então se procede ao tratamento. Este pode ser multimodal (utilizando uma ou diversas técnicas sinérgicas) e será iniciado de acordo com estratégia entretanto definida, para uma correta gestão do conjunto de contributos médicos e complementares.

A eficácia clínica da acupuntura, demonstrada em dezenas de estudos, levou o National Institutes of Health (NIH), o centro de investigação médica do governo norte-americano a reconhecer a acupuntura, originária da medicina tradicional chinesa, como uma poderosa aliada da medicina ocidental.

Na Europa nomeadamente na Alemanha, estudos envolvendo um grande número de doentes confirmaram a eficácia da acupuntura no tratamento de patologias músculo-esqueléticas, como artrose da anca e do joelho, lombalgia, dor crónica do ombro e em outras situações como cefaleia de tensão e dismenorreia (dor menstrual).

A acupuntura é também recomendada no tratamento ou alívio de sintomas funcionais orgânicos como por exemplo soluços intratáveis, nas náuseas e vómitos de diversos tipos, incluindo da gravidez e da quimioterapia.

A Organização Mundial de Saúde apresenta uma lista de diversas indicações.

domingo, 16 de janeiro de 2022

Acromegalia - Prevenção

A acromegalia não pode ser prevenida. O diagnóstico e o tratamento precoces são a maneira mais eficaz de a tratar ou gerir.

Acromegalia - Tratamento

Depende da localização do adenoma, da idade da pessoa e de outras doenças concomitantes. O tratamento visa reduzir o excesso de produção hormonal e melhorar os sintomas.

A acromegalia por vezes pode ser tratada apenas com medicamentos; os fármacos mais utilizados incluem análogos da somatostatina, agonistas da dopamina e antagonistas do recetor da hormona do crescimento (visam parar a secreção ou a ação da hormona do crescimento). A cirurgia pode ser necessária para remover o tumor, o que interrompe a superprodução de hormona do crescimento e alivia a pressão no tecido circundante. Por vezes a cirurgia pode não estar indicada devido à localização de acesso difícil do tumor dentro do cérebro.

A radioterapia pode ser útil, como terapia isolada ou combinada com cirurgia, para remover as células tumorais; a radioterapia também pode ser usada em conjunto com medicamentos para reduzir os níveis de hormona do crescimento.

A combinação de tratamentos médicos e/ ou cirúrgicos em associação eventual com radioterapia pode estar indicado.