O Queratocone é um distúrbio ocular degenerativo, que implica modificações estruturais importantes da Córnea. O nome Queratocone advém do Grego Kerato – Córnea , Conus – Cone , por isso, Córnea cónica, a estrutura assume uma protuberância normalmente central/inferior, e que clinicamente é designada por ectasia.
No Queratocone, embora um dos olhos apresenta uma maior saliência, maioritariamente o olho esquerdo, ambos os olhos são acometidos pelo distúrbio.
Não existe total consenso sobre a sua causa, embora a maioria dos estudos referem uma relação de Hereditariedade. Como resultado do seu aparecimento, a córnea apresenta uma redução significativa da sua espessura no ponto central da protuberância, e a medida que progredi induz uma importante distorção de imagem, quantificada através de Astigmatismo e Miopia associados.
A correcção inicial é efectuada através de óculos, embora os resultados alcançados com lentes de contacto sejam mais favoráveis.
As lentes de contacto permeáveis aos gases, também designadas semi-rígidas, são de primeira eleição para a correcção do estado refractivo do paciente. Estas lentes devem encaixar totalmente sobre o apéx do cone, para não danificá-lo e também, apresentar estabilidade na porção restante da córnea.
O excesso de movimento da lente, normalmente associado a má relação existente entre a periferia da córnea e as curvas da lente, induz a sensação de corpo estranho e a rejeição do paciente a adaptação.
Uma vez bem adaptada, o somatório, córnea, lágrima existente por debaixo da lente e lente, dão origem a uma nova estrutura solidária e regular, que corrige o erro refractivo ocular existente e o paciente sente-se confortável.
Por isso, se apresentar dificuldade de adaptação a sua lente, isto pode significar uma adaptação inadequada.
Hoje adaptam-se lentes propositadamente desenhadas com base na curvatura periférica corneal apresentada pelo paciente, isto, só é possível através da Queratoscopia Computorizada, que permite obter um mapa da provável curvatura corneal do paciente.
Com este tipo de lente consegue-se elevar o número de adaptações com sucesso e reduzir o número de visitas para adaptação.
Contudo, existem pacientes mais sensíveis que optam pela lente hidrófila para queratocone, normalmente são pacientes que não se adaptaram as lentes semi-rígidas e que inclusive, estão traumatizados pela experiência negativa passada com lentes de contacto.
A adaptação destas lentes é praticamente imediata, bem como, a recuperação da visão. Estas lentes são hidrófilas e em nada se assemelham as Híbridas que possuem uma zona central permeável aos gases ou semi-rígida e parte periférica hidrófila. Por fim, existe também a possibilidade de adaptar lentes permeáveis aos gases ou semi-rígidas, do tipo semi-escleral ou escleral são lentes de diâmetro compreendido entre os 15 e 18 mm, para os casos em que existe algum grau de olho seco associado ao problema.
Quando as etapas anteriores falham, resta como alternativa para o queratocone o implante de segmentos semi-circulares de PMMA, designado INTACS ou também Anéis de Ferrara.
O objectivo é recuperar a acuidade visual do paciente através das modificações corneais de aplanação e de aumento de espessura central e se caso o resultado seja limitado, permita o uso de óculos ou lentes de contacto para o seu aperfeiçoamento.
Contudo, pode não impedir o transplante de córnea, última fase do processo evolutivo da doença.
O Queratocone surge habitualmente na adolescência e estabiliza entre a terceira e quarta década de vida.
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