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quinta-feira, 16 de março de 2023

2º ciclo | Área 3: Sexualidade e relações interpessoais Tema 2 : Competências relacionais

Justificação

Define-se competência como "um saber em uso ou em acção", que se traduz na capacidade efectiva de utilização e manejo - intelectual, verbal ou prático - no sentido do uso que se faz dos conhecimentos ou informações que cada um possui e não a conteúdos acumulados com os quais não sabemos nem agir em concreto, nem fazer qualquer operação mental ou resolver qualquer situação, nem pensar com eles.

As competências integram conhecimentos, capacidades e atitudes e desenvolvem-se ao longo da vida mobilizando recursos cognitivos, afectivos e psicomotores.

O desenvolvimento das competências relacionais resulta das interacções que se processam com o próprio, e com os outros em contextos diversos, como família, escola, lazer, etc.

A forma como nos relacionamos com os outros depende principalmente da nossa competência de comunicação, que se manifesta através de comportamentos verbais (orais ou escritos) e não-verbais (gestos, postura corporal, expressões faciais, silêncio, etc).

Nesta faixa etária, na qual os colegas e amigos desempenham um papel cada vez mais importante, há que ensiná-los a resistir às pressões, através da comunicação assertiva ajudando-os a dizer "sim" ou "não" com firmeza, consoante as práticas sejam saudáveis ou prejudiciais/autodestrutivas.

As principais competências relacionais baseiam-se:

no respeito - em relação a si próprio e aos outros reconhecendo-os como pessoas importantes, valiosas, dignas e únicas;
na compreensão - empatia, ou seja, capacidade de nos colocarmos na pele dos outros compreendendo os seus actos e convicções;

na autenticidade - ser o que realmente se aparenta ser, manter a palavra dada e lidar com os outros com franqueza.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As competências relacionais;

Os aspectos importantes relacionados com a comunicação verbal e não-verbal;

A comunicação assertiva.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Dizer "sim" a práticas saudáveis e "não" a práticas prejudiciais ou autodestrutivas;

Relacionar-se consigo e com os outros de forma construtiva;

Contribuir para que as relações interpessoais em que interage sejam abertas e positivas.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Aumentar as suas competências relacionais;

Rejeitar pressões relacionadas com práticas prejudiciais ou autodestrutivas;

Adoptar comportamentos baseados no respeito, compreensão e autenticidade.

Conteúdos mínimos

Definição de competências relacionais;

Aspectos relacionados com a comunicação assertiva;

Reflexão crítica sobre pressões e as formas de aceitação ou resistência as mesmas.

Bibliografia

AZEVEDO, L. Comunicar com assertividade. Lisboa: IEFP, 1999

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

ROLDÃO, M.C. Gestão do currículo e avaliação de competências: as questões dos professores. Lisboa: Presença, 2003

2º ciclo | Área 3: Sexualidade e relações interpessoais Tema 1 : Abusos sexuais

Justificação

Por abuso sexual entende-se "contactos e interacções entre um adulto e uma criança, quando o adulto usa a criança para se estimular sexualmente a si próprio, à criança ou a outrem. Também pode ser cometido por pessoa menor quando a sua idade for significativamente superior à da vitima, ou quando está em clara posição de poder ou controlo sobre ela" (National Center of Child Abuse and Neglect - EUA).

Considera-se abuso sexual quando existe emprego de força física, pressão ou engano com menores e, geralmente, quando se verifica a assimetria de idade, ou seja o agressor ter entre 5-10 anos mais rio que a vítima, frequentemente adultos. (Félix Lopez, 1999).

Os abusos sexuais podem implicar contacto físico (coito vaginal, anal ou oral, carícias nos seios e/ou genitais, etc.) ou outras formas como o exibicionismo, telefonemas obscenos, voyeurismo, etc)..

A abordagem do tema nestas idades é imprescindível pelo facto de se estimar que a maior incidência de abusos sexuais se situa na faixa etária dos 8-13 anos e os seus efeitos serem, frequentemente, mais severos, principalmente, se ocorrerem de forma repetitiva.

Para além de ser imprescindível ajudar os rapazes e raparigas a se protegerem e saber lidar com este tipo de situações, numa perspectiva, preventiva, e de visão positiva da sexualidade, é também necessário dar apoio emocional e/ou tratamento adequado às vítimas dado as sequelas negativas decorrentes dos abusos sexuais (perda de confiança, vergonha, depressão, comportamento anti-social, isolamento, perturbações do sono, dificuldades escolares, perda de auto-estima, etc)

Será importante analisar, de forma crítica, algumas crenças associadas, designadamente as relacionadas com a veracidade dos relatos das crianças (maioritariamente credíveis) e com o facto de o agressor ser uma pessoa desconhecida (na maioria dos casos são pessoas próximas ou pertencentes à família).

Qualquer acto através do qual uma pessoa mais velha obrigue ou persuada um/a menor a realizar uma actividade sexual contra a sua vontade deve ser denunciado junto de pessoas de confiança e/ou de organismos de protecção das crianças.

Os pré-adolescentes devem ser alertados para rejeitarem as pessoas que os forcem a fazer jogos sexuais e a pedirem ajuda sempre que essas pessoas tentarem tocar onde eles não desejara.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

Os aspectos importantes relacionados com os abusos sexuais;

As principais crenças associadas aos abusos sexuais;

Os procedimentos a adoptar perante urna situação de abuso sexual.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Aperceber-se das agressões sexuais contra si próprio;

Proteger-se e saber lidar com os abusos sexuais contra si e junto de amigos;

Pedir ajuda junto de pessoas da sua confiança e/ou organismos específicos

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Discernir sobre comportamentos "saudáveis" e abusos sexuais;

Adoptar comportamentos preventivos relacionados com os abusos sexuais;

Tomar consciência de aspectos físicos e emocionais decorrentes dos abusos sexuais.

Conteúdos mínimos

Definição de abuso sexual

Aspectos relacionados com os abusos sexuais a ter em conta numa perspectiva preventiva e de visão positiva da sexualidade

Reflexão crítica sobre crenças e procedimentos associados aos abusos sexuais

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa de prevenção do abuso sexual sobre menores. www.drec.min-edu.pt/abuso/index.html

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

2º ciclo | Área 2: Identidade e Sexualidade Tema 3 : Sentimentos, gostos e decisões

Justificação

Nesta faixa etária os rapazes e as raparigas para além de se confrontarem com as mudanças físicas defrontam-se, também,, com as mudanças emocionais, que se expressarão através das oscilações do humor (humor chorar e logo a seguir, sem motivo aparente, rir), da ambivalência de sentimentos (gostar/não gostar, satisfação /insatisfação, prazer/desprazer, etc) e dos "medos", ou seja, das preocupações específicas destas idades, como por exemplo "não ser atraente ou potente", "ter ou vir a ter tendências homossexuais"´ e outras.

A especificidade do desejo sexual, que ocorre na puberdade, vai determinar que numerosos estímulos adquiram valor erótico, reflectindo-se na procura de satisfações sexuais por auto-estimulação (masturbação) ou por contacto com os outros (carícias, beijos, etc). A resposta fisiológica face à excitação sexual evidenciar-se-á cada vez mais e a sensação de prazer poderá ser acompanhada de sentimentos de culpa e de vergonha e ser a causa de dificuldades e perturbações relacionadas com questões como: "Quem eu sou?", "O que é que eu sou?" e "O que eu quero ser?".

Os pré-adolescentes começam a pensar em termos relativos e a conseguir apreciar as diferenças entre a realidade objectiva e a percepção subjectiva, desenvolvem a capaz-idade de perceber sentimentos e emoções tanto em si próprio como nos outros, assim como, de adoptar o ponto de vista de outrem, ou seja, "se colocar na pele do outro".

Nesta fase, também, se começará a consolidar a orientação sexual, isto é, a preferência da pessoa por um determinado objecto sexual, e a necessidade de realizar experimentações sexuais que se concretizarão através de comportamentos de contacto físico, designadamente carícias, abraços e beijos. Neste âmbito o pré-adolescente começa confrontar-se com decisões difíceis de tomar na ânsia de dar resposta ao desejo sexual.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As mudanças emocionais da puberdade;

O desejo sexual e os estímulos cora valor erótico;

Os comportamentos relacionados com contacto físico.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Melhorar o seu equilíbrio emocional;

Aceitar-se a si próprio/a de maneira positiva;

Controlar as pulsões sexuais.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Gerir de forma "saudável" o seu humor, os seus sentimentos e os seus medos;

Compreender que as suas reacções, características desta fase, são passíveis de auto-regulação;

Reflectir de forma progressiva sobre as questões "Quem eu sou?", "O que é que eu sou?" e "O que eu quero ser?".

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MIGUEL, N. e GOMES, A. Só para jovens. Lisboa: Texto, 1991

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

MOITA, Gabriela e SANTOS, Milice - Falemos de sexualidade: um guia para pais e educadores. Lisboa: APF, 1992

2º ciclo | Área 2: Identidade e Sexualidade Tema 2 : Género

Justificação

Nestas idades será importante esclarecer a distinção funcional entre a identidade sexual, fazendo referência principalmente à anatomia corporal dos órgãos sexuais, e a identidade de género, relacionando-a com os aspectos psicossociais atribuidos aos géneros masculinos e feminino como roupas, adornos, actividades, entre outros, impostos ou adoptados socialmente.

Este conjunto de crenças estruturadas acerca dos comportamentos e características particulares do homem e da mulher é designado por estereótipos do género, que são muito discriminatórios pelo facto de definirem tarefas especificas e condutas distintas para o masculino e o feminino, com o objectivo de serem assumidas na relação entre homens e mulheres..

A identidade sexual refere-se ao que cada pessoa pensa sobre si própria e sobre a sua sexualidade, sobre as emoções e sobre o desejo que sente em relação aos outros, podendo estes ser do mesmo sexo, de outro sexo ou de ambos os sexos, e a identidade de género diz respeito ao modo como cada um de nós se vê: se como homem (masculino) se como mulher (feminino).

O desenvolvimento da identidade sexual implica três dimensões: a identidade de género, os papéis sexuais e a: orientação sexual. Este processo de formação da identidade sexual pode, por vezes, gerar conflitos internos pelo facto dos jovens se sentirem diferente dos outros relativamente a sentimentos e comportamentos sexuais. Apesar de, nestas idades, terem maior fiexibilidade para relativizarem os aspectos da sexualidade, relacionados com os padrões sociais, ainda manifestam dificuldade em aceitar, por exemplo, que alguns dos seus pares adoptem actividades próprias de um papel de género que não lhes pertença.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A identidade sexual e a identidade de género;.

Os estereótipos de género;

As três dimensões da identidade sexual.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Rejeitar os estereótipos de género de natureza discriminatória;

Aceitar positivamente a sua identidade sexual;

Defender a igualdade entre os sexos.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Adoptar comportamentos que promovam uma identidade sexual mais madura;

Tomar decisões e aceitar as decisões dos outros relativamente à identidade sexual:

Combater os estereótipos que promovem a desigualdade entre os sexos.

Conteúdos mínimos

Distinção funcional entre identidade sexual e de género;

Dimensões que constituem a identidade sexual: identidade de género, papéis sexuais e orientação sexual;

Possibilidade de conflitos decorrentes do processo de formação da identidade sexual.

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001