Justificação
A primeira fase do processo de sexualização caracteriza-se pelo desenvolvimento da identidade, enquanto pessoa pertencente a um determinado sexo – homem ou mulher (Félix, 2002). Esta identidade de género é constantemente influenciada pela sociedade (Marques et al., 2000) e, resulta de uma série infindável de fenómenos culturais e de experiências. Experiencias com os familiares e com os pares, em que as características biológicas interagem com uma série de estímulos, de modo a definir o género (Sadock, 2005, referido por Sampaio et al., 2007).
Também a afectividade é considerada como uma das componentes essenciais de uma sexualidade responsável (Sampaio et al., 2007). Como tal, deverão ser trabalhadas as relações interpessoais, ao mesmo tempo que se procura a valorização dos afectos e expressões de sentimentos que ligam as crianças aos outros. Ao fazer-se isso, estarão a desenvolver-se competências sociais de integração e de relacionamento positivo com os outros (Forreta, 2002).
De facto, a componente relacional assume-se como uma componente estruturante, para o exercício pleno da sexualidade individual. Assim, segundo Villegas (1993), é importante que pensemos nas nossas relações com os outros, para aprendermos a comunicar os nossos desejos e sentimentos, a dizer o que nos agrada e não agrada.
O abuso sexual de crianças é descrito por Bagley e King (1990) (referidos por APPEPASC, 2006), como sendo o maior problema de saúde mental do momento, já que este provoca consequências arrasadoras nas suas vítimas. Daí, que a melhor forma de reduzir essas consequências passe pela prevenção dos abusos.
Desta forma, será imprescindível promover que as crianças sejam capazes de distinguir os diferentes tipos de toques por parte dos adultos, reconhecer quando estes são invasivos e impróprios e serem capazes de contar a alguém a ocorrência do abuso (APPEPASC, 2006).
De seguida, será apresentado um conjunto de actividades que pretendem ajudar as crianças a obterem um reconhecimento positivo da sua identidade de género, a expressarem os seus sentimentos e emoções nos diversos tipos de relações interpessoais. Para além disso, pretendem optimizar as suas competências relacionais e a sua capacidade para prevenir o abuso sexual e lidar com um possível abuso.
Objectivos pedagógicos
Alcançar conhecimentos sobre:
A identidade de género,
As emoções e os sentimentos;
Os diferentes tipos de toques por parte dos adultos e pares;
O que fazer em caso de abuso;
Os vários tipos de relações interpessoais;
As formas adequadas de relacionamento interpessoal, em vários contextos.
Trabalhar atitudes:
De reconhecimento positivo da sua identidade de género;
De partilha de vivências pessoais com o grupo;
De reconhecimento dos tipos de contacto interpessoal, adequados e inadequados, por parte de adultos e pares;
De busca activa de ajuda, em caso de abuso;
De interacção social, através da cooperação no grupo.
Trabalhar e construir competências para:
Expressar de forma saudável a sua identidade de género;
Identificar expressões emocionais e efectuar sua associação a sentimentos;
Identificar e exprimir o próprio estado de espírito;
Reconhecer e agir de forma activa, nos casos de abuso;
Adequar as várias formas de interacção nos diferentes contextos de sociabilidade.
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