Justificação
O processo de autonomia, com início na puberdade, pressupõe que o pré-adolescente se vá progressivamente libertando da dependência das figuras parentais o que, frequentemente, gera conflitos entre pais e filhos. Os filhos porque já deixaram de ser crianças e de percepcionar os pais como na infância, idealizados e poderosos e os pais, porque têm dificuldades em reconhecer que os filhos estão a tornar-se pessoas autónomas.
Os pais, figuras de apego e de identificação, e outros familiares significativos, são essenciais no processo de aquisição da identidade sexual e do papel de género, sobretudo se tiverem a capacidade de compreender que, nestas idades, o adolescente vai sentir necessidade de procurar suportes para a auto-estima junto de outras pessoas, nomeadamente no grupo de pares.
Sendo a família o primeiro grupo de pertença do indivíduo é natural que para além de se estabelecerem relações positivas de afecto, compreensão, ajuda, cooperação, etc. também possam acontecer situações conflituosas e, por vezes, de risco.
A vivência das primeiras relações afectivas, junto das figuras de apego, vai influenciar a segurança emocional e a capacidade de comunicação íntima nas relações que forem estabelecidas com outras pessoas ao longo da vida.
Pelo exposto, e pelo facto da temática da sexualidade em meio escolar suscitar, com frequência, controvérsias entre a escola e a família, é aconselhável que a escola promova a articulação efectiva, principalmente para conseguir a continuidade das intenções educativas veiculadas pela escola e para evitar possíveis receios da família relativamente à intervenção no âmbito da sexualidade.
Embora o enquadramento legal português contemple a obrigatoriedade do desenvolvimento de Programas de Educação Sexual em meio escolar, a sua implementação deve preservar sempre o envolvimento dos pais/encarregados de educação, através da criação de espaços de encontro nos quais seja possível a partilha de opiniões, saberes e posicionamentos, numa perspectiva consensual.
Objectivos pedagógicos
Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:
As relações pais-filhos
Os aspectos importantes relacionados com o processo de autonomia
A importância do envolvimento dos pais/encarregados de educação na intervenção desenvolvida pela escola no âmbito da sexualidade
Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:
Reconhecer-se como elemento de uma família
Esforçar-se para lidar positivamente com as figuras de apego durante o processo de autonomia
Colaborar para que se verifique uma articulação adequada entre a sua escola e a sua família
Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:
Gerir de forma "saudável" o seu processo de autonomia
Compreender que podem existir divergências entre a escola e a família no que respeita a temática da sexualidade
Transmitir de forma adequada as mensagens a escola e da família na área da sexualidade
Conteúdos mínimos
Aspectos relacionados com o processo de autonomia dos adolescentes
Relações entre pais e filhos
Reflexão crítica sobre a importância da articulação escola-família no âmbito da Educação Sexual
Bibliografia
FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.
LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.
MIGUEL, N. e GOMES, A. Só para jovens. Lisboa: Texto, 1991
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000
MOITA, Gabriela e SANTOS, Milice - Falemos de sexualidade: um guia para pais e educadores. Lisboa: APF, 1992
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