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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

2º ciclo | Área 4: Sexualidade e Sociedade Tema 1: Papéis sexuais

Justificação

O papel sexual diz respeito ao modo como se é rapaz ou rapariga. É a experiência pública da identidade de género, sendo esta a experiência interna de se ser masculino ou feminino.

Os papéis sexuais desde o nascimento (por vezes até antes) afectam a maneira como nos definimos socialmente e como orientamos a nossa conduta nas situações interpessoais. São específicos de cada cultura e sofrem alterações por influência da evolução das condições económicas e históricas.

Os pais e os professores, assim como, a comunicação social, a literatura infantil e os conteúdos e praticas escolares continuam a atribuir aos rapazes e raparigas papéis sexuais que, nestas faixas etárias, começam a ser relativizados no que respeita à consistência dos mesmos, fazendo com que os pré-adolescentes admitam que rapazes e raparigas possam realizar actividades menos tipificadas e ficarem menos dependentes das características socialmente atribuídas aos sexos, como por exemplo, a forma de vestir, de se comportar ou de brincar.

Essa capacidade de compreender que os papéis sexuais são convencionais e que podem alterar-se vai permitir que percebam o carácter discriminatório de alguns e de igualdade de outros.

O tratamento do tema, nestas idades, torna-se muito pertinente no sentido de ajudar rapazes e raparigas a tomarem consciência sobre os elementos que possam expressar relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A identidade de género e o papel sexual;

Os elementos que podem expressar desigualdades entre os sexos;

Os papéis sexuais convencionais e apossibilidade de alteração

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Rejeitar elelementos discriminatórios dos papéis sexuais

Relativizar a consistência dos papéis sexuais

Adquirir papéis de género flexíveis

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Manifestar comportamentos menos tipificados

Adoptar características menos dependentes das socialmente atribuídas aos sexos

Combater os elementos dos papéis sexuais que possam expressar relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro

Conteúdos mínimos

Distinção entre identidade de género e papel sexual

Conhecimentos relacionados com os elementos dos papéis sexuais que expressam relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro

Convencionalismo dos papéis sexuais e possibilidade de alteração

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

2º ciclo | Área 4: Sexualidade e Sociedade Tema 2: As Famílias

Justificação

O processo de autonomia, com início na puberdade, pressupõe que o pré-adolescente se vá progressivamente libertando da dependência das figuras parentais o que, frequentemente, gera conflitos entre pais e filhos. Os filhos porque já deixaram de ser crianças e de percepcionar os pais como na infância, idealizados e poderosos e os pais, porque têm dificuldades em reconhecer que os filhos estão a tornar-se pessoas autónomas.

Os pais, figuras de apego e de identificação, e outros familiares significativos, são essenciais no processo de aquisição da identidade sexual e do papel de género, sobretudo se tiverem a capacidade de compreender que, nestas idades, o adolescente vai sentir necessidade de procurar suportes para a auto-estima junto de outras pessoas, nomeadamente no grupo de pares.

Sendo a família o primeiro grupo de pertença do indivíduo é natural que para além de se estabelecerem relações positivas de afecto, compreensão, ajuda, cooperação, etc. também possam acontecer situações conflituosas e, por vezes, de risco.

A vivência das primeiras relações afectivas, junto das figuras de apego, vai influenciar a segurança emocional e a capacidade de comunicação íntima nas relações que forem estabelecidas com outras pessoas ao longo da vida.

Pelo exposto, e pelo facto da temática da sexualidade em meio escolar suscitar, com frequência, controvérsias entre a escola e a família, é aconselhável que a escola promova a articulação efectiva, principalmente para conseguir a continuidade das intenções educativas veiculadas pela escola e para evitar possíveis receios da família relativamente à intervenção no âmbito da sexualidade.

Embora o enquadramento legal português contemple a obrigatoriedade do desenvolvimento de Programas de Educação Sexual em meio escolar, a sua implementação deve preservar sempre o envolvimento dos pais/encarregados de educação, através da criação de espaços de encontro nos quais seja possível a partilha de opiniões, saberes e posicionamentos, numa perspectiva consensual.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As relações pais-filhos

Os aspectos importantes relacionados com o processo de autonomia

A importância do envolvimento dos pais/encarregados de educação na intervenção desenvolvida pela escola no âmbito da sexualidade

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Reconhecer-se como elemento de uma família

Esforçar-se para lidar positivamente com as figuras de apego durante o processo de autonomia

Colaborar para que se verifique uma articulação adequada entre a sua escola e a sua família



Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Gerir de forma "saudável" o seu processo de autonomia

Compreender que podem existir divergências entre a escola e a família no que respeita a temática da sexualidade

Transmitir de forma adequada as mensagens a escola e da família na área da sexualidade

Conteúdos mínimos

Aspectos relacionados com o processo de autonomia dos adolescentes

Relações entre pais e filhos

Reflexão crítica sobre a importância da articulação escola-família no âmbito da Educação Sexual

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MIGUEL, N. e GOMES, A. Só para jovens. Lisboa: Texto, 1991

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

MOITA, Gabriela e SANTOS, Milice - Falemos de sexualidade: um guia para pais e educadores. Lisboa: APF, 1992

2º ciclo | Área 5: Saúde Sexual e Reprodutiva Tema 1: Higiene e Saúde

Justificação

A maioria dos alunos/as que frequentam o 2º ciclo do ensino básico encontra-se no período da puberdade ou pré-adolescência pelo que se torna importante desenvolver actividades relacionadas com a higiene pessoa e a saúde. Nesta fase, para além de se observarem mudanças dos níveis hormonais, tanto nos rapazes como nas raparigas, que vão produzir substâncias passíveis de originarem odores corporais desagradáveis, também se contata que os pré-adolescentes não estão, com frequência, muito receptivos e informados sobre práticas saudáveis relacionadas com a alimentação e nutrição, a higiene pessoas, a limpeza dos locais de estudo e de dormir, a actividade física, etc.

Durante a puberdade as glândulas sebáceas segregam uma quantidade excessiva de sebo, ou seja, uma substância oelosa que pode tornar o cabelo oleoso e dar origem a borbulhas e pontos negros, e as glândulas sudoríparas libertam uma maior quantidade de suor, sobretudo debaixo dos braços e à volta da zona genital.

Aprender hábitos de higiene e adoptar comportamentos saudáveis, como fazer exercício físico, manter o corpo limpo, dormir o suficiente, fazer uma alimentação equilibrada evitando disfunções alimentares, ajuda os pré-adolescentes a sentirem-se melhor perante as muitas mudanças que ocorrem durante esta etapa da vida.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

Os cuidados de hegiene e saúde relacionados com as mudanças pubertárias designadamente: higiene pessoa, alimentação equilibrada e variável, limpeza dos "locais pessoais (estudo, dormir,...)

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender as mudanças do seu corpo e os cuidados a ter decorrentes das mesmas

Respeitar os outros relativamente às dieferentes maneiras de cuidar do corpo e dos "locais pessoais"

Desenvolver hábitos de vida saudáveis de acordo com as suas características pessoais e possibilidades familiares e sociais

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Identificar as alterações pubertárias do corpo e adoptar comportamentos saudáveis

Distinguir regras saudáveis em relação à alimentação, exercício físico, higiene pessoal, limpeza, etc.

Reconhecer a importância de cuidados "especiais" na fase da puberdade

Conteúdos mínimos

Puberdade como uma fase do desenvolvimento humano na qual as glândulas sebáceas e sudoríparas aumentam a sua actividade exigindo "novos" hábitos de higiene e saúde

Alimentação com um papel muito importante principlamente pelo "salto" no crescimento físico

Aquisição de hábitos de higiene e limpeza como contributo para se sentirem bem e saudáveis na puberdade

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LOPÉZ, F. e FUERTES, A. Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999

SANDERS, P. e SWINDEN, L. Para me conhecer, para te conhecer. Lisboa: APF, 1995

Secundário | Áreas da Educação Sexual

Área 1: O corpo sexuado
Tema 1: Adolescência
Tema 2: A Reprodução Humana
Tema 3: A Resposta Sexual Humana

Área 2: Expressões da sexualidade
Tema 1: Conceito de sexualidade
Tema 2: Orientação sexual
Tema 3: Comportamentos sexuais

Área 3: Sexualidade e relações interpessoais
Tema 1: Questões de género
Tema 2: Relação com pares, com a família, com os outros
Tema 3: Valores e sexualidade


Área 4: Saúde Sexual e Reprodutiva
Tema 1: Gravidez desejada e não desejada
Tema 2: IVG
Tema 3: IST

Secundário | Área 1: O Corpo Sexuado Tema 1 : Adolescência

Justificação

No início do ensino secundário a maioria dos jovens já passou a puberdade, tendo adquirido, portanto, novas capacidades (reprodutivas, entre outras) num corpo novo. Este tempo de mudança é visto, para alguns, muitas vezes como algo de negativo, que "tem de se aguentar", em vez de ser algo novo, que pode ser excitante e que deve ser apreciado. Porque, apesar de tudo, estes são os momentos da vida em que os jovens começam a alicerçar a sua independência e a estabelecer a sua identidade e personalidade e são, por isso mesmo, momentos para celebrar e para cada um se orgulhar dos novos passos que poderá dar.

Falar das grandes mudanças corporais, porque todos passam e dos sentimentos a elas associados é fundamental para que todos compreendam que “o normal é ser-se diferente” e que a mudança (exterior e interior) vai ser uma constante nos próximos anos.

Objectivos pedagógicos

Conhecer o significado das palavras Puberdade e Adolescência

Descrever as mudanças físicas e psicossociais que lhe estão associadas

Valorizar a passagem ao estado adulto como a aquisição de um maior número de competências e responsabilidades

Conteúdos mínimos

Conceito de Adolescência

Conceito de Puberdade

Mudanças físicas e psicossociais da adolescência

Bibliografia

Growing throug adolescense http://ec.europa.eu/health/ph_projects/2004/action3/docs/2004_3_7_1_en.pdf

Secundário | Área 1: O Corpo Sexuado Tema 2: A Reprodução Humana

Justificação

O corpo sexuado, caracterizado pela existência de um aparelho genital e áreas erógenas deve ser, como qualquer outro sistema de órgãos, conhecido e entendido, no seu funcionamento, pelos jovens. Desse conhecimento, nomeadamente do léxico a ele associado, resultará uma melhor aceitação da imagem corporal e à vontade com o próprio corpo, assim como da própria sexualidade que lhe é inerente.

Uma informação responsável sobre os fenómenos da reprodução é essencial no sentido de serem adoptados comportamentos seguros em termos de promoção da saúde, não só individual, como ao nível da saúde pública e, também, para a compreensão das potencialidades do sistema genital humano.

O conhecimento dos aspectos anatómicos e fisiológicos da reprodução irá ajudar os jovens a viver a adolescência de uma forma positiva, apetrechando-os com os conhecimentos adequados para a vida de adulto e encorajando-os a desenvolverem um sentimento de responsabilidade, orgulho e respeito pelo corpo.

Objectivos pedagógicos

Conhecer os órgãos constituintes do aparelho genital masculino e feminino.

Conhecer as suas funções.

Descrever os órgãos responsáveis pela reprodução humana no homem e na mulher.

Conhecer as fases fundamentais que ocorrem na reprodução humana (Gametogénese, Fecundação e Desenvolvimento embrionário).

Descrever a regulação hormonal do ciclo menstrual e suas implicações na reprodução.

Descrever o processo de formação do esperma e a ejaculação.

Conhecer as condições necessárias para ocorrer fecundação.

Adquirir á vontade no uso adequado do léxico associado à sexualidade.

Conteúdos mínimos

Aparelho genital feminino e masculino e seu funcionamento
Gametogénese feminina e masculina;
Ciclo menstrual;
Fecundação;
Etapas do desenvolvimento embrionário;
Regulação hormonal das gónadas

Bibliografia

OLIVEIRA, Elsa [et al.] Da Célula ao Universo. Ciências da Terra e da Vida 11º ano. Lisboa: Texto Editora, 1997

SÁNCHEZ, Félix López. Educación sexual de adolescentes y jóvenes. Madrid: Siglo Veintiuno de España, SA, 1995

SILVA, Amparo e outros. Terra, Universo de vida. Biologia 12º ano. Porto: Porto Editora, 2005

Powerpoint “Anatomia e fisiologia da reprodução “

Secundário | Área 1: O Corpo Sexuado Tema 3: A Resposta Sexual Humana

Justificação

Parece lógico passar-se da anatomia (tema dado anteriormente) ao funcionamento do aparelho genital.

Em segundo lugar, porque muitas das dúvidas e perguntas que os jovens apresentam estão relacionadas com este assunto.

Em terceiro lugar parece pertinente juntar esta matéria aos demais temas dos programas/projectos de Educação Sexual face aos resultados obtidos em inquéritos que fazem parte de estudos neste campo, que revelam que uma elevada percentagem de alunos desconhece o assunto, incorrendo em riscos desnecessários, como uma gravidez não planeada ou uma interrupção voluntária da gravidez.

Objectivos pedagógicos

Conhecer a terminologia sexual associada à resposta sexual humana

Reconhecer a resposta sexual humana como sinónimo de sexo recreativo mas também reprodutivo

Conhecer as etapas da RSH segundo os vários autores

Distinguir os mitos dos factos relacionados com a resposta sexual humana

Conteúdos mínimos

Conceito de “Resposta sexual Humana” Masters&Johnson (1966) e Kaplan (1979)

Etapas da Resposta Sexual Humana

Bibliografia

BERDÚN, Lorena. Na tua casa ou na minha. Areal Editores. 2001.

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição.Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999.

LÓPEZ, Félix [et al.]. Educación sexual en la adolescencia. Salamanca: Instituto de Ciencias de la Educación. Ediciones Universidad de Salamanca, 1986.

MIGUEL, Nuno; GOMES, Ana Maria Allen. Só para jovens! 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1991.

Secundário | Área 2: Expressões da Sexualidade Tema 1: Conceito de Sexualidade

Justificação

A sexualidade é uma área obrigatória na educação do indivíduo, tal como a actual legislação de Educação para a Saúde assim o explicita.

Por ser um conceito muito abrangente é, também, naturalmente, complexo e ainda alvo de tabus e de construções sociais diversas. É essa diversidade de construções sociais que torna este tema aliciante, porque a forma como tem sido vista e entendida vai mudando com o evoluir das sociedades e pressupostos da ciência.

É natural que os jovens a confundam com sexo e a reduzam apenas à sua dimensão genital ou fisiológica. Por isso tem que ser discutida.

A sexualidade, como a própria definição o diz, descobre caminhos novos para a realização pessoal e enriquece, quando bem aceite, a vida do indivíduo. Há que trazê-la, pois, para a discussão, fazendo parte dos conteúdos de Educação Sexual.

Objectivos pedagógicos

Reconhecer a sexualidade como uma expressão fundamental da vida que mediatiza todo o nosso ser

Reconhecer e aceitar a dimensão psicoafectiva da sexualidade

Reconhecer e aceitar a dimensão sóciocultural da sexualidade

Descrever as diferentes possibilidades ou fins da sexualidade: afecto, comunicação, prazer e procriação

Reconhecer que a sexualidade muda com a idade

Aceitar e reconhecer a sexualidade em todas as fases da vida

Conhecer os elementos ou níveis biofisiológicos da sexualidade (sexo genético, gonadal, genital, somático e cerebral)

Conteúdos mínimos

Conceito de sexualidade

Dimensões da sexualidade

Elementos biofisiológicos da sexualidade

Erotofilia e erotofobia

Mitos sobre a sexualidade

Bibliografia

BERDÚN, Lorena. Na tua casa ou na minha. Areal Editores, 2001.

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

PEREIRA, Manuela; FREITAS, Filomena. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Edições Asa, 2001.

Secundário | Área 2: Expressões da Sexualidade Tema 2: Orientação Sexual

Justificação

A orientação sexual diz respeito à orientação do desejo, isto é, à preferência de um indivíduo por outro de um determinado sexo. Na escolha do objecto sexual, se a orientação se faz em relação ao sexo oposto, estamos em presença de heterossexualidade, se a orientação se faz em relação a indivíduos do mesmo sexo, estamos a falar de homossexualidade. Há, ainda, indivíduos cujo desejo se orienta indiscriminadamente quer para um sexo quer para o outro: são bissexuais.

Se a vivência da sexualidade de cada um, isto é, o seu papel de género, como homem ou mulher, nem sempre é bem aceite pelo social, a aceitação de orientações diferentes da “norma” é – o ainda menos. A distribuição estatística dos diferentes tipos de orientação sexual faz – se, também, segundo uma curva de Gauss, em que os indivíduos que estão nos bordos - os 100% heterossexuais e os 100% homossexuais, são extremamente raros.

«A homossexualidade sempre existiu ao longo da História. Na antiga Grécia, por exemplo, determinadas formas de homo e bissexualidade não eram consideradas pecaminosas. Da mesma forma, embora se acredite que desde as suas origens o cristianismo sempre condenou e perseguiu a homossexualidade, parece que durante muitos séculos a Europa católica não se mostrou contra a homossexualidade» (1). Hoje em dia existe muita controvérsia sobre o assunto no seio da igreja católica, não sendo a sua posição clara porque, embora mais tolerante, continua a não aceitar “a união de facto de homossexuais” nem as suas praticas sexuais, uma vez que estas não podem ter, como objectivo, a “procriação”.

A homossexualidade é perseguida até aos séculos XVIII e XIX, começando a ser considerada como uma doença com os progressos em Medicina. Contudo em 1974, a Associação Norte-Americana de Psiquiatria decide, oficialmente retirar a homossexualidade do rol das doenças do foro psiquiátrico já que, embora um grande número de teorias tenha tentado explicar as causas da homo/heterossexualidade, nenhuma delas teve um êxito completo.

«Aquilo que a maioria das teorias a este respeito, regra geral, não considera, é o facto do comportamento sexual não ser fixo e poder variar ao longo do ciclo de vida do indivíduo. A orientação sexual não será provavelmente uma entidade rígida, mas flexível, moldando-se de acordo com factores familiares, biológicos, sociais, individuais e outros».

A pertinência do tema, tratado nesta faixa etária, deve-se ao facto de ser importante conhecer que o critério da orientação sexual já se encontra legislado em alguns países, reconhecido como característica que não deverá levar a qualquer tipo de descriminação de um cidadão, à semelhança do que acontece relativamente a outros aspectos da sexualidade, raça ou à religião. Este facto deve-se à consciencialização de que, em alguns contextos, um indivíduo pode ser discriminado por ter uma orientação sexual diferente da norma social que é a heterossexualidade.

(1) BERDÚN, L. Na tua casa ou na minha, p. 183
(2) NODIN, Nuno. A sexualidade de A a Z. p. 196

Objectivos pedagógicos

Reconhecer a sexualidade como uma expressão fundamental da vida que mediatiza todo o nosso ser

Conhecer as várias orientações da sexualidade

Respeitar a orientação sexual de cada um

Reconhecer que a orientação sexual é uma questão do foro privado de cada um e não pode dar azo a discriminação do indivíduo

Reconhecer a complexidade das causas que procuram explicar a orientação sexual

Conhecer alguns factos históricos ligados à reivindicação dos direitos dos homossexuais

Conteúdos mínimos

Conceito de orientação sexual

Diferenças entre identidade sexual (de género) e orientação sexual

Tipos de orientação sexual

Mitos sobre a orientação sexual

História sobre a forma como a sociedade tem visto a homossexualidade e a bissexualidade

Bibliografia

BERDÚN, Lorena. Na tua casa ou na minha. Porto: Areal Editores, 2001

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

NODIN, Nuno. A sexualidade de A a Z. Braga: Círculo de Leitores, 2002

PEREIRA, Manuela; FREITAS, Filomena. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Edições Asa, 2001.

Secundário | Área 2: Expressões da Sexualidade Tema 3: Comportamentos Sexuais

Justificação

Quando atinge a maturidade sexual o adolescente adquire a capacidade reprodutiva, sentindo de forma mais ou menos acentuada a necessidade de obter satisfação sexual, começa a consolidar a sua orientação do desejo e sente-se fortemente atraído pelos objectos e estímulos sexuais de acordo com a sua orientação.

Contudo, mesmo vivendo numa sociedade em que existe uma regulação dos comportamentos sexuais, é constantemente estimulado através dos media para o exercício da actividade sexual.

Para além da proibição ou da maior flexibilidade, têm de se considerar as necessidades do adolescente e a realidade em que se encontra: ao nível sexual existe um gradual aumento do desejo e as relações sexuais ocorrem em idades cada vez mais precoces, assim como a puberdade.

Crê-se que uma resposta adequada a estes factos passa, pelo menos, por oferecer aos nossos adolescentes uma boa educação sexual, uma atitude aberta e compreensiva no seio da família, serviços de saúde sexual e reprodutiva a que possam ter facilmente acesso, nos quais possam sentir-se atendidos sem receios, e algum tipo de controlo sobre o uso comercial e publicitário da sexualidade.

Objectivos pedagógicos

Conhecer os diferentes comportamentos associados à sexualidade: carícias, beijos, coito, masturbação, fantasias eróticas…etc.

Reconhecer que há diferenças culturais, históricas e sociais nos comportamentos sexuais.

Reconhecer o direito de dizer sim ou dizer não em relação às práticas sexuais.

Reconhecer o direito à abstinência ou a ter comportamentos sexuais de forma livre e responsável.

Aceitar que as diferentes orientações de desejo se manifestam através de comportamentos sexuais diversos

Conteúdos mínimos

Manifestações dos comportamentos sexuais

Comportamentos sexuais na adolescência

Actividade sexual livre e responsável: o direito a ter uma história sexual.

Bibliografia


LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999.

SÀNCHEZ, Félix López. La educación sexual. Madrid: Biblioteca Nueva , 2005

Secundário | Área 3: Sexualidade e Relações Interpessoais Tema 1: Questões de Género

Justificação

Temas como o género, família, parentalidade, interacção no namoro, respeito/violência, dizer não a pressões emocionais e sexuais, fazem parte dos conteúdos obrigatórios propostos pelo GTES para o ensino secundário.

A maneira como se vive o papel de género, na nossa cultura é, não só um reflexo social, mas também familiar. Os problemas associados à violência no casal e à incapacidade de dizer “não” a certas práticas abusivas de poder apontam para uma outra vivência do papel de género, que há muito se deseja: mais partilhada, mais igualitária, sem o peso tradicionalmente posto sobre “o masculino”.

Decisões sobre o início ou não de relações sexuais, o uso da contracepção e até, em ultimo caso, a decisão de uma IVG, são aspectos muito importantes que devem ser partilhados por ambos os sexos numa relação de casal.

O homem está cansado de ter que ser obrigatoriamente o “decisor”, aquele que tem que aguentar sem mostrar a sua sensibilidade /vulnerabilidade. É, pois, altura de mudar tudo isto e preparar os jovens para novos papéis de género, quer masculino quer feminino que vão ao encontro de uma sociedade mais democrática quanto aos direitos das mulheres e mais sensível quanto às necessidades dos homens.

Objectivos pedagógicos

Distinguir com clareza identidade sexual de papel de género;
Compreender que o papel de género depende fundamentalmente das atribuições sociais face ao homem e à mulher;
Analisar criticamente os papéis vigentes de género;
Aceitar a própria identidade sexual
Adquirir papéis de género flexíveis;
Assumir papéis de género igualitários, não discriminatórios

Conteúdos mínimos

Identidade sexual e papel de género
A assertividade numa relação de casal

Bibliografia

BERDÚN, Lorena. Na tua casa ou na minha. Porto: Areal Editores, 2001

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999.

PEREIRA, Manuela; FREITAS, Filomena. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Edições Asa: Lisboa, 2001.

SÀNCHEZ, Félix López. La educación sexual. Madrid: Biblioteca Nueva , 2005

SÀNCHEZ, Félix López. Educación sexual de adolescentes y jóvenes. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores, 1995

Secundário | Área 3: Sexualidade e Relações Interpessoais Tema 2: Relações com pares, com a família, com os outros

Justificação

As relações interpessoais de maior proximidade são dentro do casal (homo ou heterossexual), com pares e, um pouco mais afastada, com a família.

Saber comunicar, expressar sentimentos e pedir ajuda são competências sociais que devem ser treinadas ficcionalmente, em contexto de formação, para depois num contexto de vida puderem ser já recursos optimizados. Debater a evolução do papel da família e dos amigos é importante para conhecer e entender as mudanças sociais na estrutura familiar e também na relação de casal.

Assim se entende que temas como o género, família, parentalidade, interacção no namoro, respeito/violência, dizer não a pressões emocionais e sexuais, fazem também parte dos conteúdos obrigatórios propostos pelo GTES para o ensino secundário.

Objectivos pedagógicos

Reconhecer o significado e a importância da comunicação

Reconhecer a importância da cooperação e ajuda

Analisar as dificuldades na relação rapaz/rapariga

Ser capaz de dialogar com pessoas do outro sexo

Saber expressar sentimentos, afectos, desejos, intenções e decisões dos outros

Saber respeitar, aceitar ou recusar sentimentos, afectos, desejos, intenções e decisões dos outros

Compreender que em todas as sociedades há regras de comportamento sexual

Conhecer as mudanças sociais na estrutura familiar e os tipos de famílias actuais

Reconhecer a importância pessoal da família, como núcleo que satisfaz necessidades afectivas básicas.

Conteúdos mínimos

A amizade

Relação com pares

A família: análise histórica e social

As relações pais e filhos

Aspectos históricos, sociais e culturais sobre sexualidade

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

PEREIRA, Manuela; FREITAS, Filomena. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Edições Asa, 2001.

Secundário | Área 3: Sexualidade e Relações Interpessoais Tema 3: Valores e sexualidade

Justificação

Os valores são as coisas em que acreditamos. Conhecê-los permite explicitar o que realmente queremos, tomar decisões, não nos deixarmos manipular pelo grupo, ...etc.

Os valores dão sentido e significado à nossa vida. Deveriam, pois, orientar as nossas decisões.

Neste sentido é importante ajudar os adolescentes e jovens a identificar os valores da sua família, os valores dos que os rodeiam, e os seus próprios valores.

Uma vez identificados os valores há que ajudar os adolescentes a tomar decisões, quer dizer, a orientar a sua vida na direcção que consideram ser a mais adequada. Estas decisões deverão estar em harmonia com os valores e ter em conta tanto o pasado como o futuro.

Em todo o trabalho com valores, não se trata de doutrinar, mas sim de ensinar a descobrir os valores de cada um, as possíveis contradições e, às vezes, a superficialidade dos valores dominantes.

O educador não pode, de forma alguma, considerar que os seus valores ou os da sua geração são únicos ou são os melhores.

Objectivos pedagógicos

Conhecer o conceito de valores
Reconhecer os valores da família, doqueles que rodeiam os jovens e deles mesmos
Compreender a maneira como os valores afectam os nossos comportamentos
Aprender a falar de valores com os outros
Saber o que é tomar decisões
Reconhecer a necessidade de uma ética social

Conteúdos mínimos

Valores

Ordenar valores

Tomada de decisões

Estratégias próprias da tomada de decisões

Necessidade de ética social

Bibliografia

SÀNCHEZ, Félix López. Educación sexual de adolescentes y jóvenes. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores, 1995

SÀNCHEZ, Félix López. La Educación sexual. Madrid: Fundación Universidad-Empresa, 1990

Secundário | Área 4: Saúde Sexual e Reprodutiva Tema 1: Gravidez desejada e não desejada

Justificação

A introdução deste tema, num programa de educação sexual, deve-se ao facto dos adolescentes serem considerados um grupo de alto risco no que diz respeito ao número de gravidezes não desejadas e também à elevada percentagem de mães adolescentes, no nosso país.

A utilização correcta dos serviços de Planeamento Familiar e uma contracepção segura têm influência clara, não só na diminuição do número de gravidezes não desejadas, mas também na diminuição do número de I.V.G. nas adolescentes.

Ainda existe um grande número de jovens que, na sua primeira relação sexual, (com penetração) não utiliza meios contraceptivos. Até que decidam a utilização de um método, estão desprotegidos/as em relação a uma gravidez.

É, igualmente, frequente, existir por parte dos jovens alguma relutância em recorrer aos serviços de saúde, que lhes facilitaria uma contracepção adequada e, acima de tudo, segura. Pelo contrário, utilizam a pílula por auto-prescrição, o coito interrompido e outras formas altamente falíveis de contracepção. Pode-se, portanto, concluir que, não obstante a informação veiculada pelos meios de comunicação, é notório um certo nível de desinformação dos nossos jovens.

Objectivos pedagógicos

Reconhecer o direito à maternidade/paternidade como escolha livre e responsável do casal.
Reconhecer que a actividade sexual em determinadas circunstâncias pode ter riscos.
Conhecer a realidade social e pessoal de uma GND.
Analisar os factores de risco associados à GND.
Considerar a GND como um comportamento irresponsável do casal para com a sociedade e para com o próprio.
Adquirir competências sociais que permitam evitar a GND.

Conteúdos mínimos

Saúde sexual e reprodutiva
Planeamento Familiar
Contracepção
Tipos de métodos contraceptivos
Reprodução medicamente assistida
Competências para a tomada de decisão

Bibliografia


CARPINTERO, E. Prevenção de riscos associados ao comportamento sexual: gravidez não desejada, DST e SIDA. Lisboa:APF, 2004.

KOHNER, Nancy. Como falar às crianças sobre sexo. 2ª Edição. Lyon Edições. Mem Martins,1999

PEREIRA, Manuela; FREITAS, Filomena. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Edições Asa, 2001.

SUPLICY, Marta – Sexo para adolescentes. 2ª Edição. Edições Afrontamento. Porto, 1995

BERDÚN, Lorena. Na tua casa ou na minha. Areal Editores. 2001.

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição.Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999.

LÓPEZ, Félix [et al.]. Educación sexual en la adolescencia. Salamanca: Instituto de Ciencias de la Educación. Ediciones Universidad de Salamanca, 1986.

MIGUEL, Nuno; GOMES, Ana Maria Allen. Só para jovens! 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1991.

Contactos Úteis

SAÚDE


Direcção Geral da Saúde
www.dgs.pt

Portal da Saúde
www.portaldasaude.pt

Sítio Juvenil do Instituto das Drogas e da Toxicodependência
(Ministério da Saúde)
www.tu-alinhas.pt



SEXUALIDADE

Programa Nacional de Saúde Reprodutiva
www.saudereprodutiva.dgs.pt

Portal da Saúde Sexual e Reprodutiva
www.apf.pt

Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida
www.sida.pt

Associação Sentidos e Sensações
www.sentidosesensacoes.pt

Portal da Juventude – Saúde e Sexualidade Juvenil
(Aqui podem ser encontrados os contactos dos Gabinetes de Saúde Juvenil do IPJ)
www.juventude.gov.pt





CONTACTOS

SEXUALIDADE EM LINHA 808 222 003
2ª a 6ª das 10h às 19h; Sábado das 10h às 17h
Informação, esclarecimento, orientação e encaminhamento em saúde sexual e reprodutiva e temáticas associadas.

LINHA SIDA 800 266 666
2ª a Sábado das 14h às 20h
Informação, encaminhamento e apoio na área da SIDA.

LINHA VIDA 1414
2ª a 6ª das 10h às 20h
Informação, aconselhamento e encaminhamentos na área da toxicodependência.

sábado, 12 de novembro de 2022

Orientação sexual e Identidade de género, você sabe a diferença?

Powerpoint sobre os Níveis de Organização do Corpo Humano


Bases para a implementação da Educação Sexual nas Escolas

Checklist prática e de reflexão (1)

Em que medida a sua escola suporta/apoia/facilita o trabalho na área da Educação Sexual?

Qual o apoio dos colegas e da comunidade educativa em geral?

Existe oposição ao trabalho sobre este tema? Se sim, por parte de quem? Quais são as resistências? Identifique-as.

Já existem, na sua escola, projectos nesta área?

Existe orçamento específico para trabalhar este tema área?

Quais os materais pedagógicos que a escola habitualmente utiliza?

Que recursos informativos existem, na área geográfica, sobre este tema?

Qual a formação de que necessita para iniciar o seu projecto?

Qual o seu nível de conhecimentos sobre a sexualidade do público com que irá trabalhar?

Acha os temas que terá de abordar de difícil discussão?

Qual o seu nível de conhecimentos sobre os conteúdos de Educação Sexual?

O que sabe sobre as metodologias que poderá utilizar?

Porque é que acha que a Educação Sexual é importante?



(1) Adaptação de The Questions in A SexAtlas for Schools / RFSU, 2004

Quadro ético

A sexualidade e a afectividade são componentes essenciais da intimidade e das relações interpessoais.
A Sociedade em que vivemos é uma sociedade plural em que coexistem, sobre esta matéria, valores muito diversos.
A intervenção profissional deve ter uma referência ética simultaneamente clara, abrangente do pluralismo moral e promotora do debate de ideias e valores.

Neste sentido, são valores orientadores da educação sexual:

O reconhecimento de que a autonomia, a liberdade de escolha e uma informação adequada são aspectos essenciais para a estruturação de atitudes responsáveis no relacionamento sexual
O reconhecimento de que a sexualidade é uma fonte de prazer e comunicação, uma potencial fonte de vida e uma componente positiva de realização pessoal e das relações interpessoais
A valorização das diferentes expressões da sexualidade ao longo do ciclo de vida
O reconhecimento da importância da comunicação e do envolvimento afectivo e amoroso na vivência da sexualidade
A promoção de direitos e oportunidades entre homens e mulheres
A recusa de expressões de sexualidade que envolvam violência e coacção, ou envolvam relações pessoais de dominação e exploração
O respeito pelo direito à diferença e pela pessoa do outro, nomeadamente os seus valores, a sua orientação sexual e as suas características físicas
O reconhecimento do direito a uma maternidade e paternidade livres, conscientes e responsáveis
A promoção da saúde dos indivíduos e dos casais, nas esferas sexual e reprodutiva

Quadro legal

A Educação Sexual nas escolas é uma necessidade e um direito das crianças, jovens e das famílias, previsto na legislação portuguesa desde 1984 (Lei 3/84 - Direito è Educação Sexual e ao Planeamento Familiar). Nesta Lei definia-se o papel do Estado como garante do direito à Educação Sexual e preconizava-se a inclusão de conhecimentos científicos sobre anatomia, fisiologia, genética e sexualidade humanas, adequados aos vários níveis de ensino.

Em 1986, a Lei de Bases do Sistema Educativo situava a Educação Sexual numa nova área, definida como transversal- a Formação Pessoal e Social.

O Relatório Interministerial para a elaboração do Plano de Acção em Educação Sexual e Planeamento Familiar, aprovado em Outubro de 1998, apresentava algumas medidas concretas com vista ao cumprimento da lei de 1984 e entendia a Educação Sexual como "uma componente essencial da educação e da promoção da saúde".

No ano seguinte, o Plano para uma Política Global de Família reforçava a necessidade de haver um melhor acesso aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva por parte de adolescentes e jovens.

O Decreto-Lei 259/2000 que veio regulamentar a Lei 120/99 referia que a organização curricular dos ensino básico e secundário deveria contemplar obrigatoriamente a abordagem da promoção da saúde sexual e da sexualidade humana, quer numa perspectiva interdisciplinar, quer integrada em disciplinas curriculares cujos programas incluissem a temática. Os assuntos referenciados eram, nomeadamente, a sexualidade humana, o aparelho reprodutivo e a fisiologia da reprodução, a SIDA e outras ISTs, os métodos contraceptivos e o planeamento familiar, as relações interpessoais, a partilha de responsabilidades e a igualdade de géneros.

Mais recentemente, o Despacho 15987/2006 estabelece novas orientações que tornam mais clara a contextualização da educação sexual nas escolas, que passa a ser uma das quatro componentes do Projecto de Educação para a Saúde que todas as escolas deverão elaborar e implementar, e que será coordenado por um/a professor/a designado/a pela escola para esse efeitos (Despacho 2506/2007).

Porquê a educação sexual na escola?

Porque a Sexualidade faz parte da vida, do corpo, das relações entre as pessoas, do crescimento pessoal e da vida em sociedade.

Porque a escola tem um papel importante a cumprir na formação de crianças e jovens e na articulação com as famílias.

Porque a educação sexual informal e espontânea que existe sempre e em toda a parte, não é, muitas vezes, suficiente , esclarecedora e eficaz.

Porque a educação sexual positiva e eficaz ajuda a crescer e a ter uma vivência responsável e sáudável da sexualidade.

Porque a educação sexual ajuda a prevenir os riscos associados à vivência da sexualidade, nomeadamente as gravidezes não desejadas e as infecções sexualmente transmissíveis.

O que é a Educação Sexual na Escola?

É a formação de professores e outros profissionais de forma a terem uma actuação profissional adequada e coerente face às dúvidas e manifestações de crianças e jovens relativas à sexualidade.

É a abordagem pedagógica sistemática de temas ligados à sexualidade humana em contexto curricular, quer nas áreas disciplinares, quer nas áreas não disciplinares, numa lógica interdisciplinar, privilegiando o espaço turma e as diferentes necessidades de crianças e jovens.

É a promoção de actividades de apoio às famílias na educação sexual de crianças e jovens.

É o estabelecimento de mecanismos de parceria, nomeadamente com os serviços de saúde, que permitam o encaminhamento e orientação individual sempre que necessários.

O Essencial

Comece por se documentar acerca do que é efectivamente a educação sexual na escola.

Não se esqueça que, sendo um tema sensível, toda a informação que obtenha poderá ser essencial para o sucesso do seu projecto.

Neste nível, encontrará os conceitos básicos sobre o tema e também algumas "dicas" para o desenvolvimento do seu trabalho.

Boa sorte e bom trabalho!

Sexualidade Infantil

Manual - Conversando e Descobrindo - A Criança e a Sexualidade


Powerpoint sobre a Sexualidade e a Escola




Guia Sexual - Se és rapaz ...




Guia Sexual - Se és rapariga ...




Artigo de Jornal sobre a Educação Sexual nos Anos 30


Cronograma da Educação Sexual em Portugal e no Mundo

Sexualidade, Saúde e Educação
NO MUNDO


1948 Publicação do primeiro grande estudo sobre a sexualidade da população por Alfred Kinsey

1952 Operação de mudança de sexo de Christine Jorgensen, a primeira a utilizar tratamento hormonal em associação com a intervenção cirúrgica, na Dinamarca

1960 Concílio Vaticano II: Abordada a questão dos jovens e os seus “problemas”
1960 Lançamento da pílula contraceptiva
1965 Legalização do planeamento familiar nos EUA
1966 Publicação do livro “Human sexual response” de William Masters e Virgínia Johnson
1969 Revolta de Stonewall Inn, em Nova Iorque, marcando o início do moderno movimento de luta pelos direitos de minorias sexuais

1973 Homossexualidade retirada da lista de doenças mentais (DSM)
1973 Legalização do aborto nos EUA

1983 Aparecimento e identificação do VIH

1996 Comercialização de medicamentos altamente eficazes para tratar a infecção pelo VIH
1998 Comercialização do Viagra






Sexualidade, Saúde e Educação
PORTUGAL

1913 Publicação de “A vida sexual” de Egas Moniz
1926-1974 Antigo regime (tradição e conservadorismo; forte influência da Igreja Católica; moral repressiva da sexualidade)
1967 Escândalo Ballets Rose, ligando personalidades do estado à prostituição infantil
1967 Fundação da APF
1971 “A Comissão para o Estudo da Educação e Sexualidade” Reforma Veiga Simão
1982 Homossexualidade deixa de ser considerada como crime
1993 Criação PPES e PEPT
1993 Criação RNEPS
1995-1998 Projectos Experimentais de ES meio escolar (APF - PPES outras ONGs)
1998 Primeiro referendo sobre despenalização da IVG
1999 Comercialização da pílula do dia seguinte
1999 Abertura da Sexualidade em Linha 808 22 2003, linha de informação sobre sexualidade para jovens (APF-IPJ)
2000 “Educação sexual em meio escolar – Linhas orientadoras” (ME – MS - APF e RNEPS)
2000 Protocolo entre o ME e a APF
2000 Estudo sobre a implementação da educação sexual pelo CCPES
2001 Nova lei das uniões de facto, alargada a casais do mesmo sexo
2002 Revelação da existência de situações de abuso sexual no âmbito da Casa Pia de Lisboa
2003 Protocolos entre o ME e ONGs: APF, MDV e FPCCS, para intervenção nas escolas no âmbito da ES
2003 Extinção de CCPES, RNEPS
2005 Extinção dos Protocolos entre o ME e ONGs
2005 Despacho nº 19 737/2005 (2ª série) ME – Criado GTES
2005 Relatório Preliminar GTES
2005 Despacho n.º 25 995/2005 – Reafirma modelo de educação para a saúde (GTES)
2005 Parecer do CNE - "O modelo de Educação Sexual nas Escolas, em vigor nas escolas desde o ano de 2000”
2006 Protocolo entre ME e o MS: Promoção da educação para a saúde em meio escolar
2006 a …. DGIDC - Concurso para Programas/Projectos sobre "Educação para a Saúde”
2007 Legalização da IVG
2010 Legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, sem direitos de adopção

Como implementar a Educação Sexual?

A Lei nº60/2009 de 6 de Agosto e respectiva Portaria nº196-A/2010 de 9 de Abril incluem propostas sobre os procedimentos e responsabilidades na elaboração de um projecto de educação sexual para a escola:

A elaboração do projecto educativo da escola (comunidade escolar: professores, pais, estudantes) no âmbito da educação para a saúde, na qual deverá estar contida a área da educação sexual.
O papel do Director de Turma e do Professor Coordenador de Educação para a Saúde é fundamental no sentido de aferir a carga horária dedicada à educação sexual mediante as características da turma e do respectivo nível de ensino, não podendo ser inferior a seis horas para o 2.º ciclo e doze horas para o 3.º ciclo.
Os conteúdos de educação sexual poderão ser leccionados nos tempos lectivos de disciplinas e de iniciativas extracurriculares que se relacionem com a respectiva área; pretende-se que tais conteúdos vão ao encontro da perspectiva da transversalidade do tema. A área de formação cívica poderá servir de espaço de estruturação das actividades adaptadas às necessidades específicas de cada turma.
A Lei estabelece ainda a necessidade formativa e de acompanhamento das actividades e a criação de um gabinete de informação e apoio ao aluno em matéria de saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva.

Consultas de Planeamento Familiar

Em todos os hospitais com serviço de ginecologia e/ou obstetrícia integrados no Serviço Nacional de Saúde devem funcionar consultas de Planeamento Familiar de referência que devem garantir a prestação de cuidados:

em situações de risco, designadamente, diabetes, cardiopatias e doenças oncológicas
em situações com indicação para contracepção cirúrgica (laqueação de trompas ou vasectomia)
em situações de complicações resultantes de aborto
a puérperas de alto risco
a adolescentes


Em todos os centros de saúde deve existir uma equipa multiprofissional que promova e garanta:
o atendimento imediato nas situações que o justifiquem


o encaminhamento adequado para uma consulta a realizar no prazo máximo de 15 dias, ponderado o grau de urgência
consulta de PF para utentes que dela não disponham
a existência de contraceptivos para distribuição gratuita aos utentes

Intervenção em SSR

A intervenção no âmbito da SSR envolve uma dimensão ética, médica e legal, chamando à acção diferentes tipos de actores, desde os profissionais de saúde e educação até decisores políticos e legisladores.

Numa abordagem que se caracteriza por ser multidisciplinar, são consideradas como áreas de actuação para a promoção da SSR.
Prestação de cuidados de saúde perinatais e pós-parto
Implementação e promoção do acesso a serviços de planeamento familiar
Prevenção da gravidez indesejada
Eliminação do aborto não seguro
Combate à infertilidade
Prevenção das infecções sexualmente transmissíveis e doenças do aparelho reprodutor
Combate à violência sexual baseada no género e orientação sexual
As estratégias para a promoção da saúde sexual e reprodutiva envolvem:
Um compromisso político claro
Programas de intervenção comunitária
Informação adequada e livre de preconceitos
Educação sexual
Legislação adequada
Serviços e infraestruturas de apoio acessíveis
Investigação e partilha do conhecimento
Avaliação, acompanhamento e monitorização
Os cuidados de saúde nesta área envolvem, assim, um conjunto de métodos, técnicas e serviços de prevenção e resolução de problemas relacionados com a saúde reprodutiva, incluindo a saúde sexual, cujo objectivo é promover a qualidade de vida e das relações pessoais e não apenas o aconselhamento e cuidados relativos à reprodução ou prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.


Indicadores de Saúde Reprodutiva
Nível de atendimento pré-natal (%)
Partos acompanhados por pessoal especializado (%)
Disponibilidade de serviços de saúde obstétricos primários (por cada 500.000 pessoas)
Disponibilidade de serviços de saúde obstétricos de nível terciário (por cada 500.000 pessoas)
Prevalência de bebés nascidos com baixo peso (%)
Taxa de mortalidade perinatal (por cada 1000 nascimentos)
Taxa de mortalidade materna
Taxa total de fertilidade
Prevalência de infertilidade nas mulheres (15-49 anos) (%)
Prevalência de utilização de métodos contraceptivos
Prevalência de serologia positiva para sífilis em mulheres grávidas
Incidência registada de uretrite entre os homens (15-49 anos)
Proporção de adultos (15-49 anos) que vivem com HIV/SIDA (%)
Prevalência de HIV em mulheres grávidas (15-24 anos)(%)
Percentagem de mulheres/homens entre os 15 e 24 anos que demonstram ter conhecimentos correctos sobre HIV/SIDA
Prevalência registada de mulheres que sofreram Mutilação Genital Feminina (%)
Prevalência da anemia em mulheres (15-49 anos)(%)
Percentagem de admissões/internamentos em consequência de abortos (espontâneos ou induzidos)

Os nossos valores...

Os valores afectam o nosso comportamento e as escolhas que fazemos na vida. Enquanto os seus filhos desenvolvem capacidades de tomar decisões e definem os seus valores, é importante que seja claro acerca dos seus. Como pode partilhar os seus valores com o seus filhos sem ditar sobre o modo como vivem as suas vidas?

Explique a diferença entre factos e crenças pessoais. Pode acreditar que a pessoas não devem ter relações sexuais até estarem casadas. É uma coisa que, apesar disso, muitas pessoas fazem. Afirmações como " Eu acredito" ou "Eu sinto" pode ajudar as crianças a compreender a diferença entre os seus valores e a informação factual, muitas vezes conflituosa que existe por aí.


Use palavras e conceitos-chave. Por exemplo:


Respeito - Toda a gente, incluindo tu próprio, deve ser tratado com dignidade


Consequências - Todas as acções, decisões e escolhas têm resultados positivos e negativos.


Responsabilidade - Se tens uma obrigação, tens de a ter em linha de conta e responder pelas tuas acções - boas ou más


Honestidade - É importante dizer a verdade e ter a certeza de que se é coerente com o que se diz.


Auto-estima - sentirmo-nos bem connosco e com o nosso mundo é importante e é a base do auto-respeito.


Se a religião tem um papel importante na sua vida, pode ter um papel na discussão dos seus valores. Mais uma vez lembre-se de distinguir os factos das opiniões. Deixe os seus filhos saber que é correcto discordar de alguém que tem um passado religioso diferente, mas que essa pessoa tem o direito de ter as suas próprias crenças.


Não tem que fazer tudo sozinho. Por vezes os pais acham que é complicado introduzir o assunto dos valores em conversas sobre sexualidade. Pode ajudar falar dos seus valores com o seu companheiro ou cônjuge, conselheiro religioso ou amigo antes de falar com os seus filhos.

O que devo dizer?

Uma das perguntas mais comuns dos pais é "O que devem os meus filhos saber acerca da sexualidade e em que idade o devem saber?" Os pais sentem algumas vezes receio de dizer coisas demais e demasiado cedo ao seus filhos, porque pensam que os irão ferir de alguma maneira ou encorajá-los a tornarem-se sexualmente activos. A informação e a educação não encorajam os jovens a ser sexualmente activos. De facto, as crianças tomam melhores decisões sobre o sexo quando têm toda a informação que necessitam e quando não existem assuntos tabu sobre os quais não se pode conversar em casa . Estão melhor protegidos contra a gravidez e as doenças quando decidem ter sexo.

Existe, no entanto, informação adaptada às diferentes idades das crianças. Por exemplo, uma criança de cinco anos deve saber correctamente os nomes das partes do seu corpo, incluindo os seus órgãos genitais. Não precisam de saber pormenorizadamente como o homem e a mulher crescem e se distinguem. Mas fará algum mal aos seus filhos se lhes der alguma informação sobre as diferenças entre o corpo dos homens e das mulheres? De modo nenhum.Tenha consciência que não é necessário ter sempre uma grande conversa com os seus filhos, de cada vez que lhe façam uma pergunta sobre sexo. Ouça-os com cuidado. Eles podem apenas querer a resposta para aquela pergunta e pronto. Assegure-se de que está a responder à pergunta, em vez de falar em termos gerais. Pode sempre pedir um esclarecimento, se não tem a certeza do que lhe estão a perguntar. Certifique-se que eles sabem que podem sempre fazer mais perguntas.As crianças aprendem imenso sobre relações, corpo, afecto e comunicação desde o primeiro ano de vida. É importante ajudá-los a sentirem-se bem com a sua sexualidade desde o princípio. Será mais fácil para eles fazer perguntar sobre o sexo ao longo da vida. À medida que crescem, podemos dar-lhes informações que ajudem a tomar decisões saudáveis e responsáveis sobre a sua sexualidade.

É Professor? Quer trabalhar na área da Educação Sexual?

O Centro de Recursos para Professores encontra-se estruturado em dois níveis: O essencial- para uma primeira abordagem ao tema da Educação sexual- e Para saber mais- dedicado a quem pretenda aprofundar o tema.

Esta secção pretende ajudar professores e educadores a informar os alunos sobre contracepção, planeamento familiar e sexualidade em geral e a promover o seu bem-estar, através de uma aproximação positiva ao tema da Sexualidade.

É igualmente um espaço de partilha de experiências, que se quer aberto a todas as colaborações pertinentes no sentido de melhorar o trabalho desenvolvido nas nossas escolas nesta área tão importante para o desenvolvimento saudável de crianças e jovens.

Partilhe connosco as suas ideias, sugestões e actividades através do nosso fórum de discussão.