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sábado, 10 de junho de 2023

Objectivos e temas para o 1º ciclo

Objectivos para o Primeiro Ciclo 

Aumentar e consolidar conhecimentos sobre:
• Diferentes componentes anatómicas do corpo humano
• Fenómenos de discriminação social baseada nos papéis de género
• Mecanismos básicos de reprodução humana (elementos essenciais da gravidez, contracepção e parto)
• Cuidados necessários ao recém-nascido e à criança
• Significado afectivo e social da família, relações de parentesco e modelos familiares
• Adequação do contacto físico nos diferentes contextos de sociabilidade
• Abusos sexuais e outras agressões

Desenvolver atitudes de:
• aceitação das diferentes partes do corpo e da imagem corporal
• aceitação positiva da sua identidade sexual e da dos outros
• reflexão face aos papéis de género
• reconhecimento da importância das relações afectivas na família
• valorização das relações de cooperação e de interajuda
• aceitação do direito de cada pessoa decidir sobre o seu próprio corpo

Desenvolver competências para:
• expressar opiniões e sentimentos pessoais
• comunicar acerca de temas relacionados com a sexualidade
• cuidar, de modo autónomo, da higiene do seu corpo
• envolver-se nas actividades escolares e para a sua criação e dinamização
• actuar de modo assertivo nas diversas interacções sociais (com familiares, amigos, colegas e desconhecidos)
• adequar as várias formas de contacto físico aos diferentes contextos de sociabilidade
• identificar e saber aplicar respostas adequadas em situações de injustiça, abuso ou perigo e saber procurar apoio, quando necessário.

©APF Adaptado de Educação Sexual em Meio Escolar: linhas orientadoras/ Ministério da Saúde,
Ministério da Saúde e APF. Lisboa, 2000.

1º ciclo | Áreas da Educação Sexual

Área 1: O meu corpo
Tema 1: Anatomia e Fisiologia
Tema 2: Concepção, gravidez e parto

Área 2: Sexualidade e Relações Interpessoais
Tema 1: Género
Tema 2: Sentimentos, gostos e decisões
Tema 3: Os diversos tipos de relações
Tema 4: Abusos sexuais
Tema 5: Competências relacionais

Área 3: Expressões da sexualidade
Tema 1: Papéis sexuais
Tema 2: As famílias

Área 4: Saúde Sexual e Reprodutiva
Tema 1: Higiene e Saúde

1º ciclo | Áreas da Educação Sexual - Área 1: O meu corpo

Justificação

Nesta faixa etária, as crianças apresentam uma grande curiosidade pelos temas sexuais. As características do seu pensamento manifestam-se no interesse pelo seu próprio corpo e pelas diferenças relativas ao outro sexo (Sánchez, 1999) e à sexualidade dos adultos (Marques, 2000).

Depois da preocupação com o seu corpo, a sua curiosidade cristaliza na curiosidade sobre a origem das pessoas, fazendo com que procurem obter informações sobre a sua origem. Deve dar-se resposta às dúvidas das crianças, sempre com sinceridade, com verdade e partindo das suas concepções prévias (Espinosa, 1999b). Isto porque, a forma como a sexualidade da criança irá evoluir, está intimamente relacionada com as respostas que serão dadas às suas perguntas e ao seu comportamento perante a descoberta de um corpo sexuado (Marques, 2000).

Assim, pretende-se que as crianças obtenham conhecimento e aprendam a valorizar o corpo, dando importância a todas as diferentes partes deste, sem excepção, devendo realçar-se os aspectos positivos de cada pessoa e promover a auto-estima positiva. Para além disso, a abordagem do corpo deverá também centrar-se na compreensão dos mecanismos da reprodução humana, nomeadamente na concepção, na gravidez e no parto (Forreta, 2002).

As actividades que serão apresentadas de seguida, pretendem ajudar as crianças a conhecer o seu próprio corpo, as diferenças físicas entre meninos e meninas e aquelas, mais visíveis nas pessoas adultas, para que possam adquirir progressivamente uma concepção de corpo como fonte de sensações, comunicação e prazer (Espinosa, 1999b).

Objectivos pedagógicos

Alcançar conhecimentos sobre:

O corpo que cresce e que sofre transformações ao longo do desenvolvimento humano;

As diferenças anatómicas ente o corpo do rapaz e da rapariga;

A existência de diferenças físicas individuais;

A existência de semelhanças físicas individuais;

O corpo, enquanto fonte de sensações, comunicação e prazer;

O processo básico de concepção, gravidez e parto.

Trabalhar atitudes:

De valorização do corpo, como fonte de sensações, comunicação e prazer;

De aceitação do seu corpo e das funções do mesmo;

De reconhecimento das diferenças físicas individuais, sem conotações discriminatórias;

De reconhecimento da sexualidade como fonte de prazer, comunicação, afectividade e com função de reprodução.

Trabalhar e constituir competências para:

Entender a evolução do próprio corpo e do corpo humano, em geral;

Perceber a sua origem e o processo associado à origem dos outros;

Utilizar, de forma consciente, o corpo como meio de comunicação

domingo, 9 de abril de 2023

Objectivos e temas 2º e 3º ciclos

2º ciclo | Áreas da Educação Sexual

Área 1: O corpo sexuado
Tema 1: Anatomia e fisiologia
Tema 2: Concepção, gravidez e parto
Tema 3: Mudanças pubertárias
Tema 4: Imagem corporal

Área 2: Identidade e Sexualidade
Tema 1: Auto-estima
Tema 2: Género
Tema 3: Sentimentos, gostos e decisões

Área 3: Sexualidade e Relações Interpessoais
Tema 1: Abusos sexuais
Tema 2: Competências relacionais

Área 4: Sexualidade e Sociedade
Tema 1: Papéis sexuais
Tema 2: As famílias

Área 5: Saúde Sexual e Reprodutiva
Tema 1: Higiene e Saúde

Objectivos para os Segundo e Terceiro Ciclos e Secundário

Aumentar e consolidar conhecimentos sobre:
• Várias dimensões da sexualidade
• Corpo sexuado e órgãos
• Componentes anatómico-fisiológicas e psicológicas da resposta sexual humana
• Mecanismos de reprodução e contracepção
• Ideias e valores implícitos na sexualidade, amor, reprodução e relações entre séculos ao longo da história
• Problemas associados à saúde sexual e recursos existentes nesta área

Desenvolver atitudes de:
• Aceitação positiva do corpo sexuado, do prazer e afectividade
• Não sexistas e defensoras da igualdade de direitos
• Aceitação e não discriminação face às orientações sexuais
• Preventivas em matéria de saúde sexual e reprodutiva

Desenvolver competências para:
• Aumento da capacidade de tomar decisões e recusar comportamentos não
desejados
• Aumento das capacidades de comunicação
• Aquisição de vocabulário adequado
• Pedir ajuda e identificar recursos


Saúde Sexual e Reprodutiva
Adaptado de Educação Sexual na Escola: guia para professores, formadores e educadores/ Alice Frade [et al.] . Lisboa: Texto, 2001.

1º ciclo | Áreas da Educação Sexual - Área 4: Saúde Sexual e Reprodutiva

Justificação

A sexualidade está intimamente relacionada com a saúde, já que esta se entende como fomentadora do desenvolvimento óptimo do bem-estar da pessoa e da comunidade (Espinosa, 1999a).

Nesta faixa etária, as crianças começam a dar mais importância às experiencias alheias, preocupando-se com o facto de poderem ser afectadas por situações idênticas às que atingem os outros (CNLCS, 2002).

Assim, na Educação Sexual deve também dar-se destaque, aos hábitos básicos de cuidado corporal e de bem-estar geral, o que passa pelas horas de sono, de televisão e tempo de lazer, dentro de uma visão integral e positiva do que significa o nosso corpo (Espinosa, 1999b).

Desta forma, a criança será capaz de adquirir progressivamente uma concepção de corpo como fonte de sensações, comunicação e prazer (Espinosa, 1999b).

Objectivos pedagógicos

Alcançar conhecimentos sobre:

Os cuidados a ter com o corpo;

Hábitos de higiene;

Necessidades básicas de alimentação, sono e afecto.

Trabalhar atitudes:

De valorização das práticas que favorecem o desenvolvimento são do corpo;

De reconhecimento da importância de hábitos de higiene e satisfação das necessidades básicas de alimentação, sono e afecto.

Trabalhar e construir competências para:

Colocar em prática hábitos de higiene e de bem-estar corporal.

1º ciclo | Áreas da Educação Sexual - Área 3: Expressões da sexualidade

Justificação

Na identidade sexual, já parcialmente trabalhada no ponto II, para além das questões relacionadas com o género, inscrevem-se as questões relacionadas com os papéis sexuais (Forreta, 2002).

Os papéis sexuais estão presentes ao longo de toda a vida e, ao contrário da identidade sexual, mudam de acordo com as mudanças sociais e com as novas competências que vão sendo adquiridas, (Badinter, 1993; Calderone, 1979; Félix, 1995; López & Fuertes, 1999; Zapian, 2001, referidos por Félix, 2002). É nas mudanças sociais que os educadores (pais, educadores e professores) têm um papel importante (Félix, 2002), devendo questionar-se as características consideradas culturalmente como próprias de um ou outro sexo, procurando não as reforçar. Ao mesmo tempo, deve procurar-se desenvolver actividades de compensação que contribuam para eliminar estas atitudes e comportamentos discriminatórios (Espinosa, 1999b), transmitindo valores e atitudes igualitários (Villegas, 1993).

Por sua vez, a família assume-se como a instância social com o papel mais determinante no desenvolvimento e na educação da sexualidade da criança, quer pela importância dos vínculos afectivos entre filhos e pais, quer pela influência destes como modelos de observação quotidiana (Marques et al., 2000).

Assim, o desenvolvimento da sexualidade dependerá da interacção entre as motivações internas e os relacionamentos interpessoais, mas será também fortemente influenciada pela forma como é vivido o quotidiano familiar na esfera afectiva-sexual (Sampaio et al., 2007).

A forma como este quotidiano é vivido em cada família, dependerá em primeira instância do tipo de família e das teias relacionais que dentro dela se estabelecem. Deste modo, será importante abordar as diferentes tipologias de família existentes em cada grupo de crianças, procurando aceitá-las e valorizá-las.

Partindo da realidade familiar de cada criança, deverá também ser promovido o conhecimento das várias profissões, a sua valorização social, o questionamento do “género “ das mesmas e o reconhecimento do trabalho doméstico (Espinosa, 1999b).

Objectivos pedagógicos

Alcançar conhecimentos sobre:

Os papéis sexuais;

As divisões sexuais do trabalho e das tarefas domésticas;

As famílias.

Trabalhar atitudes:

De reconhecimento da importância das capacidades, qualidades pessoais e preferências na escolha de uma profissão, em detrimento do género;

De reconhecimento do trabalho doméstico como uma tarefa colectiva;

De reconhecimento e aceitação das diferentes formas de estrutura familiar existentes.

Trabalhar e construir competências para:

Escolher uma profissão, conscientemente e livre de estereótipos sexuais e de género;

Colaborar nas tarefas domésticas e familiares;

Cooperar em ambiente familiar e valorizar os vários tipos de famílias existentes.

1º ciclo | Áreas da Educação Sexual - Área 2: Sexualidade e Relações Interpessoais

Justificação

A primeira fase do processo de sexualização caracteriza-se pelo desenvolvimento da identidade, enquanto pessoa pertencente a um determinado sexo – homem ou mulher (Félix, 2002). Esta identidade de género é constantemente influenciada pela sociedade (Marques et al., 2000) e, resulta de uma série infindável de fenómenos culturais e de experiências. Experiencias com os familiares e com os pares, em que as características biológicas interagem com uma série de estímulos, de modo a definir o género (Sadock, 2005, referido por Sampaio et al., 2007).

Também a afectividade é considerada como uma das componentes essenciais de uma sexualidade responsável (Sampaio et al., 2007). Como tal, deverão ser trabalhadas as relações interpessoais, ao mesmo tempo que se procura a valorização dos afectos e expressões de sentimentos que ligam as crianças aos outros. Ao fazer-se isso, estarão a desenvolver-se competências sociais de integração e de relacionamento positivo com os outros (Forreta, 2002).

De facto, a componente relacional assume-se como uma componente estruturante, para o exercício pleno da sexualidade individual. Assim, segundo Villegas (1993), é importante que pensemos nas nossas relações com os outros, para aprendermos a comunicar os nossos desejos e sentimentos, a dizer o que nos agrada e não agrada.

O abuso sexual de crianças é descrito por Bagley e King (1990) (referidos por APPEPASC, 2006), como sendo o maior problema de saúde mental do momento, já que este provoca consequências arrasadoras nas suas vítimas. Daí, que a melhor forma de reduzir essas consequências passe pela prevenção dos abusos.

Desta forma, será imprescindível promover que as crianças sejam capazes de distinguir os diferentes tipos de toques por parte dos adultos, reconhecer quando estes são invasivos e impróprios e serem capazes de contar a alguém a ocorrência do abuso (APPEPASC, 2006).

De seguida, será apresentado um conjunto de actividades que pretendem ajudar as crianças a obterem um reconhecimento positivo da sua identidade de género, a expressarem os seus sentimentos e emoções nos diversos tipos de relações interpessoais. Para além disso, pretendem optimizar as suas competências relacionais e a sua capacidade para prevenir o abuso sexual e lidar com um possível abuso.

Objectivos pedagógicos

Alcançar conhecimentos sobre:

A identidade de género,

As emoções e os sentimentos;

Os diferentes tipos de toques por parte dos adultos e pares;

O que fazer em caso de abuso;

Os vários tipos de relações interpessoais;

As formas adequadas de relacionamento interpessoal, em vários contextos.

Trabalhar atitudes:

De reconhecimento positivo da sua identidade de género;

De partilha de vivências pessoais com o grupo;

De reconhecimento dos tipos de contacto interpessoal, adequados e inadequados, por parte de adultos e pares;

De busca activa de ajuda, em caso de abuso;

De interacção social, através da cooperação no grupo.

Trabalhar e construir competências para:

Expressar de forma saudável a sua identidade de género;

Identificar expressões emocionais e efectuar sua associação a sentimentos;

Identificar e exprimir o próprio estado de espírito;

Reconhecer e agir de forma activa, nos casos de abuso;

Adequar as várias formas de interacção nos diferentes contextos de sociabilidade.

2º ciclo | Área 2: Identidade e Sexualidade Tema 1 : Auto-estima

Justificação

A auto-estima refere-se à percepção avaliativa que cada um faz de si próprio, o que poderá originar uma auto-estima "saudável´"´, situada no centro de um processo contínuo cujas extremidades são a subvalorizaçõo e a sobrevalorização.

O tratamento do tema pressupõe atitudes por parte dos adultos que fomentem e favoreçam o diálogo e considerem com seriedade os ideiais dos adolescentes. Importa contribuir para que cada aluno/a se percepcione de forma realista e positiva, possibilitando a descoberta dos seus recursos pessoais, para serem apreciados e utilizados devidamente, e das suas dificuldades, para serem aceites e superadas na medida das suas possibilidades.

Nestas idades, os pré-adolescentes começam a preocupar-se com as primeiras mudanças pubertárias e com o facto de estarem ou não a ter um desenvolvimento "normal", o que faz com se compararem aos outros da mesma idade, por julgarem que se forem como os outros é sinal que está tudo a correr bem. também, dentro do seu grupo de iguais, começam a sofrer pressões para se adaptarem às normas ou padrões idealizados e perante o mundo dos adultos se confrontam com dificuldades em desenvolver as suas novas capacidades intelectuais. Todas estas situações desencadeiam, com frequência, insegurança e ansiedade, com reflexos na auto-estima.

A auto-estima compreende os seguintes aspectos:

Cognitivo - percepção que cada um tem de si mesmo no que respeita ao aspecto físico, às emoções, aos conhecimentos,..., ou seja, à sua auto-realização
Emotivo - o que a pessoa sente relativamente a si mesma: se com afecto ou com indiferença ou com hostilidade;

Comportamental - como é que a pessoa se comporta relativamente a si própria: se tem respeito por si própria, se cuida da sua saúde, se satisfaz as suas necessidades, etc.

O aumento da auto-estima pressupõe que cada pessoa adopte atitudes e comportamentos de apreciação de si própria e de aceitação dos seus limites, fragilidades, insucessos, etc., assim como, de afecto sincero para consigo própria e de atenção às próprias necessidades.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

O conceito de auto-estima;

Os aspectos que contribuem para o desenvolvimento saudável da auto-estima;

As atitudes e os comportamentos que promovem o aumento da auto-estima.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender que existem diferenças nas formas como as pessoas se percepcionam a si próprias;

Desenvolver atitudes e comportamentos para aumentar a auto-estima;

Rejeitar atitudes e comportamentos de sub e sobrevalorização.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Adoptar comportamentos para melhorar a sua auto-estima;

Aquirir características que ajudam a possuir urna auto-estima saudável;

Analisar criticamente aspectos inerentes ao processo de formação da auto-estima.

Conteúdos mínimos

Auto-estima como processo gradual de auto-valorização.

Características importantes para melhorar a auto-estima: apreciar a si mesmo; aceitar os limites, os insucessos; demonstrar afecto sincero para consigo próprio; prestar atenção às próprias necessidades.

Pressões dos pares e dificuldades com o mundo dos adultos.

Bibliografia

BRANDEN, N. Auto-estima: como aprender a gostar de si mesmo. São Paulo: Editora Saraiva, 1992

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

STROCCHI, M.C. Auto-estima: se não te amas, quem te amará?. [s.l.]: Paulos, 2003

2º ciclo | Área 1: O Corpo Sexuado Tema 4 : Imagem corporal

Justificação

As mudanças do corpo decorrentes do crescimento rápido que se inicia na puberdade, por vezes, brusco e descoordenado, podem originar situações difíceis, de serem ultrapassada, pelos pré-adolescentes, por se encontrarem ainda muito inseguros em relação à reformulação da sua imagem corporal, que começa a se diferenciar da que tinham na infância. A integração das modificações do "novo" corpo nem sempre é pacifica. Alguns pré-adolescentes aceitam com facilidade a nova imagem corporal mas outros terão muita dificuldade na sua integração, podendo mesmo desenvolver um, processo de negação.

Paralelamente a estas inquietações também começam a surgir oscilações de humor e alguns questionamentos, começando a pôr em dúvida um conjunto de aspectos relacionados com a família e com a escola.

A imagem corporal, ou seja, a representação mental do corpo é um elemento essencial para a construção da identidade sexual e pessoal.

Assim, para ajudar os pré-adolescentes a uma melhor aceitação das mudanças corporais o tratamento deste tema deve contemplar quer a transmissão de conhecimentos sobre as mesmas e as suas respectivas implicações quer a assunção de atitudes positivas e de aceitação por parte dos adultos próximos. Será, também, importante explorar a "estética corporal" decorrente de padrões de beleza que, por meio da comunicação e da publicidade, exercem pressão social, impondo um "ideal estético".

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

Os aspectos relacionados com a imagem corporal;

As mudanças corporais e respectivas implicações;

A "estética padrão" e a "estética" saudável.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender que existem diferentes formas de integração da imagem corporal;

Respeitar os outros relativamente às preocupações que tenham com o seu corpo;

Aceitar a existência de diferentes "estéticas corporais".

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Adoptar comportamentos para uma adequada integração da sua imagem corporal;

Identificar as pressões sociais relacionadas com a "estética padrão";

Entender as dificuldades e preocupações relacionadas com a aceitação do "novo" corpo.

Conteúdos mínimos

Necessidade de reajustamento da imagem corporal decorrente das mudanças físicas da puberdade

Papel da imagem corporal na identidade sexual e pessoal

Pressões sociais da comunicação e da publicidade relativamente à "estética padrão" e a sua influência junto dos pré-adolescentes

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

2º ciclo | Área 1: O Corpo Sexuado Tema 3 : Mudanças pubertárias

Justificação

A adolescência começa com o início da puberdade que consiste numa série de modificações biológicas, sociais e psicológicas.

Uma dos mais importantes modificações é o crescimento e a entrada em funcionamento dos órgãos sexuais (caracteres sexuais primários). Também se observam outras transformações, como por exemplo, o crescimento da barba e dos seios (caracteres sexuais secundários).

A idade em que se iniciam as modificações pubertárias é variável, quer em relação aos sexos quer aos ritmos de desenvolvimento de cada indivíduo. As raparigas podem tornar-se púberes a partir dos 9/10 anos (1° menstruação — menarca) e os rapazes a partir dos 10/11 anos (possibilidade das 1° ejaculações).

Nesta fase de desenvolvimento os interesses são variados e incluem temas relacionados com a sexualidade, associados mais ao "querer saber tudo"do que com as suas vivências pessoais nessa área.

A aproximação a um corpo "adulto" faz surgir sentimentos diversificados, principalmente de vergonha, timidez, pudor e ansiedade e, também, aumento do desejo sexual e das sensações eróticas. O desejo sexual, nestas idades, centra-se mais na exploração relacionada com a busca do prazer sexual o que inclui, por vezes, o comportamento de masturbação e as carícias mútuas. Os objectos de desejo relacionam-se, frequentemente, com pessoas famosas "ídolos" ou com pessoas que conhecem e que são percepcionadas como "modelos ideais".

Nestas idades as relações pessoais entre os sexos assumem um carácter ambivalente, ou seja, se por um lado se verifica a tendência de constituir "grupos sexistas" (só com rapazes ou só com raparigas) por outro lado são frequentes os "jogos" de provocação e sedução entre os sexos (apalpões, beijos roubados, paixões escondidas, ...).

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A puberdade, como um dos períodos significativos do desenvolvimento humano;

As mudanças da puberdade: biológicas, sociais e psicológicas; - os caracteres sexuais primários e secundários.

Os comportamentos sexuais: masturbação, carícias mútuas, fantasias sexuais, ...

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Respeitar-se a si e aos outros relativamente aos ritmos de desenvolvimento;

Demonstrar tolerância e compreensão perante a diversidade humana;

Partilhar as suas questões e dúvidas pubertárias de forma afirmativa.


Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Identificar as mudanças pubertárias: no corpo, nas relações pessoais entre os sexos e a nível do desejo sexual e das sensações eróticas;

Distinguir os caracteres sexuais primários e secundários dos dois sexos;

Reflectir de forma crítica sobre a natureza sexista do grupo de pares.

Conteúdos mínimos

Puberdade como um importante período do desenvolvimento humano marcado pela maturação do sistema reprodutor e pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais.

Modificações que se começam a processar e que podem gerar ansiedade nos adolescentes decorrente ou da desadaptação às normas e padrões dos seus pares e/ou da forma desordenada como ocorrem as mudanças pubertárias e/ou por se sentirem intimidados e inseguros.

Ritmos de desenvolvimento diferenciados e vivência das mudanças de forma diversa.

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

SANDERS, P. e SWINDEN, L. Para me conhecer, para te conhecer. Lisboa: APF, 1995

2º ciclo | Área 1: O Corpo Sexuado - Tema 2 : Concepção, gravidez e parto

Justificação

A concepção humana decorre da união do óvulo com o espermatozóide, aquando de uma relação sexual, dando origem a uma nova célula, a um novo ser que permanecerá, na generalidade das situações nove meses na barriga da mãe, através do qual será alimentado e protegido até ao nascimento.

Durante a relação sexual uma quantidade de espermatozóides, através da ejaculação, são depositados na vagina e só alguns conseguirão entrar no útero da mulher e chegar à Trompa de Falópio onde se encontra o óvulo. Só um conseguirá atravessar a membrana que circunda o óvulo e realizar a fecundação. O zigoto que resulte dessa união desloca-se até ao útero, em cujas paredes, especialmente preparadas para o efeito, se aninhará. Quando isto acontece a mulher fica grávida.

O zigoto contém todas as características genéticas do pai e da mãe. Todas estas informações estão presentes em cada célula humana, incluindo as sexuais, e são denominadas cromossomas.

Após a instalação da "nova" célula no útero começam a ocorrer modificações no corpo da mulher, designadamente falta de menstruação, alteração nos seios e, por vezes, vómitos.

Os bebés ficam, em média, 38 a 40 semanas na barriga das mães recebendo alimentação e oxigénio através do sangue materno, por intermédio da placenta. O bebé fica ligado à placenta por meio do cordão umbilical.

Ao fim de 9 meses o bebé está preparado para nascer e começam as contracções que vão empurrando o bebé, em direcção à vagina, o que se denomina "trabalho de parto". Nesse momento a mãe também faz força ajudando a empurrá-lo até todo o corpo sair. A seguir é cortado o cordão umbilical e o bebé chora, o que o ajuda a encher os pulmões de ar e libertá-los dos restos do líquido amniótico.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A concepção: fecundação, zigoto, cromossomas, ...;

A gravidez: tempo médio de gestação, placenta, cordão umbilical, ...;

O parto: contracções, "trabalho de parto", líquido amniótico,...

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender que podem existir formas diferentes de sermos concebidos e de nascermos;

Respeitar os outros relativamente às sua histórias individuais desde o nascimento;

Reconhecer que existem diferenças no desenvolvimento fetal com repercussões após o nascimento.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Compreender a concepção humana;

Identificar os diferentes aspectos que se relacionam com o processo da gravidez;

Entender alguns aspectos relacionados com o parto.

Conteúdos mínimos

Concepção: união do óvulo com o espermatozóide

Fecundação: perfuração da membrana do óvulo por um espermatozóide na Treompa de Falópio

Parto: "Trabalho de parto", contracções, choro...

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

2º ciclo | Área 1: O Corpo Sexuado - Tema 1


Justificação

Uma das principais diferenças anatómicas e fisiológicas no corpo do homem e da mulher prende-se com a constituição dos órgãos sexuais internos e externos.

Na puberdade, o cérebro começa a enviar elevadas concentrações de hormonas para a glândula pituitária fazendo com que esta liberte dois tipos de hormonas em maior quantidade, sendo estas responsáveis pelo desenvolvimento dos óvulos nos ovários das raparigas (ovulação) e pela produção de células sexuais masculinas (espermatozóides) nos testículos dos rapazes.

As principais hormonas sexuais são a testoterona para os rapazes, que estimula a produção de espermatozóides, e os estrogéneos e a progesterona para as raparigas, que desencadeiam a activação dos ovários e a produção de óvulos. Estas hormonas também são responsáveis pelo aparecimento dos caracteres secundários de ambos os sexos.

Alguns órgãos genitais masculinos como o pénis e os testículos encontram-se externamente. Nas raparigas, os órgãos genitais externos são constituídos pelos lábios vaginais, o clítoris e os orifícios da uretra e da vagina.

A maioria dos rapazes e das raparigas consideram a ejaculação e a menstruação como as mudanças mais importantes da puberdade.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As semelhanças e diferenças anatómicas e fisiológicas entre rapazes e raparigas

Os órgãos genitais externos masculinos e femininos

As hormonas e as células sexuais masculinas e femininas

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender que existem diferenças entre os sexos

Aceitar as características anatómicas e fisiológicas do seu sexo

Respeitar os outros relativamente às suas diferencças anatómicas e fisiológicas

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Identificar as diferenças anatómicas e fisiológicas entre sexos

Distinguir os diferentes órgão genitais externos de raparigas e rapazes

Reconhecer o papel das hormonas e células sexuais no desenvolvimento pubertário


Conteúdos mínimos

Diferenças anatómicas e fisiológicas nos órgãos sexuais de rapazes e raparigas

Constituição dos órgãos genitais externos masculinos e femininos

Existência de células e hormonas sexuais masculinas e femininas

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LOPÉZ, F. e FUERTES, A. Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999

REIS, Isabel [et al.]. A Sexualidade. Lisboa: Impala, 2003

Sexualidade: Desenvolvimento Sexual. Portal da Saúde Sexual e Reprodutiva www.apf.pt

quinta-feira, 16 de março de 2023

2º ciclo | Área 3: Sexualidade e relações interpessoais Tema 2 : Competências relacionais

Justificação

Define-se competência como "um saber em uso ou em acção", que se traduz na capacidade efectiva de utilização e manejo - intelectual, verbal ou prático - no sentido do uso que se faz dos conhecimentos ou informações que cada um possui e não a conteúdos acumulados com os quais não sabemos nem agir em concreto, nem fazer qualquer operação mental ou resolver qualquer situação, nem pensar com eles.

As competências integram conhecimentos, capacidades e atitudes e desenvolvem-se ao longo da vida mobilizando recursos cognitivos, afectivos e psicomotores.

O desenvolvimento das competências relacionais resulta das interacções que se processam com o próprio, e com os outros em contextos diversos, como família, escola, lazer, etc.

A forma como nos relacionamos com os outros depende principalmente da nossa competência de comunicação, que se manifesta através de comportamentos verbais (orais ou escritos) e não-verbais (gestos, postura corporal, expressões faciais, silêncio, etc).

Nesta faixa etária, na qual os colegas e amigos desempenham um papel cada vez mais importante, há que ensiná-los a resistir às pressões, através da comunicação assertiva ajudando-os a dizer "sim" ou "não" com firmeza, consoante as práticas sejam saudáveis ou prejudiciais/autodestrutivas.

As principais competências relacionais baseiam-se:

no respeito - em relação a si próprio e aos outros reconhecendo-os como pessoas importantes, valiosas, dignas e únicas;
na compreensão - empatia, ou seja, capacidade de nos colocarmos na pele dos outros compreendendo os seus actos e convicções;

na autenticidade - ser o que realmente se aparenta ser, manter a palavra dada e lidar com os outros com franqueza.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As competências relacionais;

Os aspectos importantes relacionados com a comunicação verbal e não-verbal;

A comunicação assertiva.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Dizer "sim" a práticas saudáveis e "não" a práticas prejudiciais ou autodestrutivas;

Relacionar-se consigo e com os outros de forma construtiva;

Contribuir para que as relações interpessoais em que interage sejam abertas e positivas.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Aumentar as suas competências relacionais;

Rejeitar pressões relacionadas com práticas prejudiciais ou autodestrutivas;

Adoptar comportamentos baseados no respeito, compreensão e autenticidade.

Conteúdos mínimos

Definição de competências relacionais;

Aspectos relacionados com a comunicação assertiva;

Reflexão crítica sobre pressões e as formas de aceitação ou resistência as mesmas.

Bibliografia

AZEVEDO, L. Comunicar com assertividade. Lisboa: IEFP, 1999

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

ROLDÃO, M.C. Gestão do currículo e avaliação de competências: as questões dos professores. Lisboa: Presença, 2003

2º ciclo | Área 3: Sexualidade e relações interpessoais Tema 1 : Abusos sexuais

Justificação

Por abuso sexual entende-se "contactos e interacções entre um adulto e uma criança, quando o adulto usa a criança para se estimular sexualmente a si próprio, à criança ou a outrem. Também pode ser cometido por pessoa menor quando a sua idade for significativamente superior à da vitima, ou quando está em clara posição de poder ou controlo sobre ela" (National Center of Child Abuse and Neglect - EUA).

Considera-se abuso sexual quando existe emprego de força física, pressão ou engano com menores e, geralmente, quando se verifica a assimetria de idade, ou seja o agressor ter entre 5-10 anos mais rio que a vítima, frequentemente adultos. (Félix Lopez, 1999).

Os abusos sexuais podem implicar contacto físico (coito vaginal, anal ou oral, carícias nos seios e/ou genitais, etc.) ou outras formas como o exibicionismo, telefonemas obscenos, voyeurismo, etc)..

A abordagem do tema nestas idades é imprescindível pelo facto de se estimar que a maior incidência de abusos sexuais se situa na faixa etária dos 8-13 anos e os seus efeitos serem, frequentemente, mais severos, principalmente, se ocorrerem de forma repetitiva.

Para além de ser imprescindível ajudar os rapazes e raparigas a se protegerem e saber lidar com este tipo de situações, numa perspectiva, preventiva, e de visão positiva da sexualidade, é também necessário dar apoio emocional e/ou tratamento adequado às vítimas dado as sequelas negativas decorrentes dos abusos sexuais (perda de confiança, vergonha, depressão, comportamento anti-social, isolamento, perturbações do sono, dificuldades escolares, perda de auto-estima, etc)

Será importante analisar, de forma crítica, algumas crenças associadas, designadamente as relacionadas com a veracidade dos relatos das crianças (maioritariamente credíveis) e com o facto de o agressor ser uma pessoa desconhecida (na maioria dos casos são pessoas próximas ou pertencentes à família).

Qualquer acto através do qual uma pessoa mais velha obrigue ou persuada um/a menor a realizar uma actividade sexual contra a sua vontade deve ser denunciado junto de pessoas de confiança e/ou de organismos de protecção das crianças.

Os pré-adolescentes devem ser alertados para rejeitarem as pessoas que os forcem a fazer jogos sexuais e a pedirem ajuda sempre que essas pessoas tentarem tocar onde eles não desejara.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

Os aspectos importantes relacionados com os abusos sexuais;

As principais crenças associadas aos abusos sexuais;

Os procedimentos a adoptar perante urna situação de abuso sexual.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Aperceber-se das agressões sexuais contra si próprio;

Proteger-se e saber lidar com os abusos sexuais contra si e junto de amigos;

Pedir ajuda junto de pessoas da sua confiança e/ou organismos específicos

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Discernir sobre comportamentos "saudáveis" e abusos sexuais;

Adoptar comportamentos preventivos relacionados com os abusos sexuais;

Tomar consciência de aspectos físicos e emocionais decorrentes dos abusos sexuais.

Conteúdos mínimos

Definição de abuso sexual

Aspectos relacionados com os abusos sexuais a ter em conta numa perspectiva preventiva e de visão positiva da sexualidade

Reflexão crítica sobre crenças e procedimentos associados aos abusos sexuais

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa de prevenção do abuso sexual sobre menores. www.drec.min-edu.pt/abuso/index.html

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

2º ciclo | Área 2: Identidade e Sexualidade Tema 3 : Sentimentos, gostos e decisões

Justificação

Nesta faixa etária os rapazes e as raparigas para além de se confrontarem com as mudanças físicas defrontam-se, também,, com as mudanças emocionais, que se expressarão através das oscilações do humor (humor chorar e logo a seguir, sem motivo aparente, rir), da ambivalência de sentimentos (gostar/não gostar, satisfação /insatisfação, prazer/desprazer, etc) e dos "medos", ou seja, das preocupações específicas destas idades, como por exemplo "não ser atraente ou potente", "ter ou vir a ter tendências homossexuais"´ e outras.

A especificidade do desejo sexual, que ocorre na puberdade, vai determinar que numerosos estímulos adquiram valor erótico, reflectindo-se na procura de satisfações sexuais por auto-estimulação (masturbação) ou por contacto com os outros (carícias, beijos, etc). A resposta fisiológica face à excitação sexual evidenciar-se-á cada vez mais e a sensação de prazer poderá ser acompanhada de sentimentos de culpa e de vergonha e ser a causa de dificuldades e perturbações relacionadas com questões como: "Quem eu sou?", "O que é que eu sou?" e "O que eu quero ser?".

Os pré-adolescentes começam a pensar em termos relativos e a conseguir apreciar as diferenças entre a realidade objectiva e a percepção subjectiva, desenvolvem a capaz-idade de perceber sentimentos e emoções tanto em si próprio como nos outros, assim como, de adoptar o ponto de vista de outrem, ou seja, "se colocar na pele do outro".

Nesta fase, também, se começará a consolidar a orientação sexual, isto é, a preferência da pessoa por um determinado objecto sexual, e a necessidade de realizar experimentações sexuais que se concretizarão através de comportamentos de contacto físico, designadamente carícias, abraços e beijos. Neste âmbito o pré-adolescente começa confrontar-se com decisões difíceis de tomar na ânsia de dar resposta ao desejo sexual.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As mudanças emocionais da puberdade;

O desejo sexual e os estímulos cora valor erótico;

Os comportamentos relacionados com contacto físico.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Melhorar o seu equilíbrio emocional;

Aceitar-se a si próprio/a de maneira positiva;

Controlar as pulsões sexuais.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Gerir de forma "saudável" o seu humor, os seus sentimentos e os seus medos;

Compreender que as suas reacções, características desta fase, são passíveis de auto-regulação;

Reflectir de forma progressiva sobre as questões "Quem eu sou?", "O que é que eu sou?" e "O que eu quero ser?".

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MIGUEL, N. e GOMES, A. Só para jovens. Lisboa: Texto, 1991

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

MOITA, Gabriela e SANTOS, Milice - Falemos de sexualidade: um guia para pais e educadores. Lisboa: APF, 1992

2º ciclo | Área 2: Identidade e Sexualidade Tema 2 : Género

Justificação

Nestas idades será importante esclarecer a distinção funcional entre a identidade sexual, fazendo referência principalmente à anatomia corporal dos órgãos sexuais, e a identidade de género, relacionando-a com os aspectos psicossociais atribuidos aos géneros masculinos e feminino como roupas, adornos, actividades, entre outros, impostos ou adoptados socialmente.

Este conjunto de crenças estruturadas acerca dos comportamentos e características particulares do homem e da mulher é designado por estereótipos do género, que são muito discriminatórios pelo facto de definirem tarefas especificas e condutas distintas para o masculino e o feminino, com o objectivo de serem assumidas na relação entre homens e mulheres..

A identidade sexual refere-se ao que cada pessoa pensa sobre si própria e sobre a sua sexualidade, sobre as emoções e sobre o desejo que sente em relação aos outros, podendo estes ser do mesmo sexo, de outro sexo ou de ambos os sexos, e a identidade de género diz respeito ao modo como cada um de nós se vê: se como homem (masculino) se como mulher (feminino).

O desenvolvimento da identidade sexual implica três dimensões: a identidade de género, os papéis sexuais e a: orientação sexual. Este processo de formação da identidade sexual pode, por vezes, gerar conflitos internos pelo facto dos jovens se sentirem diferente dos outros relativamente a sentimentos e comportamentos sexuais. Apesar de, nestas idades, terem maior fiexibilidade para relativizarem os aspectos da sexualidade, relacionados com os padrões sociais, ainda manifestam dificuldade em aceitar, por exemplo, que alguns dos seus pares adoptem actividades próprias de um papel de género que não lhes pertença.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A identidade sexual e a identidade de género;.

Os estereótipos de género;

As três dimensões da identidade sexual.

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Rejeitar os estereótipos de género de natureza discriminatória;

Aceitar positivamente a sua identidade sexual;

Defender a igualdade entre os sexos.

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Adoptar comportamentos que promovam uma identidade sexual mais madura;

Tomar decisões e aceitar as decisões dos outros relativamente à identidade sexual:

Combater os estereótipos que promovem a desigualdade entre os sexos.

Conteúdos mínimos

Distinção funcional entre identidade sexual e de género;

Dimensões que constituem a identidade sexual: identidade de género, papéis sexuais e orientação sexual;

Possibilidade de conflitos decorrentes do processo de formação da identidade sexual.

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

2º ciclo | Área 4: Sexualidade e Sociedade Tema 1: Papéis sexuais

Justificação

O papel sexual diz respeito ao modo como se é rapaz ou rapariga. É a experiência pública da identidade de género, sendo esta a experiência interna de se ser masculino ou feminino.

Os papéis sexuais desde o nascimento (por vezes até antes) afectam a maneira como nos definimos socialmente e como orientamos a nossa conduta nas situações interpessoais. São específicos de cada cultura e sofrem alterações por influência da evolução das condições económicas e históricas.

Os pais e os professores, assim como, a comunicação social, a literatura infantil e os conteúdos e praticas escolares continuam a atribuir aos rapazes e raparigas papéis sexuais que, nestas faixas etárias, começam a ser relativizados no que respeita à consistência dos mesmos, fazendo com que os pré-adolescentes admitam que rapazes e raparigas possam realizar actividades menos tipificadas e ficarem menos dependentes das características socialmente atribuídas aos sexos, como por exemplo, a forma de vestir, de se comportar ou de brincar.

Essa capacidade de compreender que os papéis sexuais são convencionais e que podem alterar-se vai permitir que percebam o carácter discriminatório de alguns e de igualdade de outros.

O tratamento do tema, nestas idades, torna-se muito pertinente no sentido de ajudar rapazes e raparigas a tomarem consciência sobre os elementos que possam expressar relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

A identidade de género e o papel sexual;

Os elementos que podem expressar desigualdades entre os sexos;

Os papéis sexuais convencionais e apossibilidade de alteração

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Rejeitar elelementos discriminatórios dos papéis sexuais

Relativizar a consistência dos papéis sexuais

Adquirir papéis de género flexíveis

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Manifestar comportamentos menos tipificados

Adoptar características menos dependentes das socialmente atribuídas aos sexos

Combater os elementos dos papéis sexuais que possam expressar relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro

Conteúdos mínimos

Distinção entre identidade de género e papel sexual

Conhecimentos relacionados com os elementos dos papéis sexuais que expressam relações de desigualdade, exploração ou domínio de um sexo pelo outro

Convencionalismo dos papéis sexuais e possibilidade de alteração

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

PEREIRA, M. e FREITAS, F. Educação Sexual: contextos de sexualidade e adolescência. Lisboa: Asa, 2001

2º ciclo | Área 4: Sexualidade e Sociedade Tema 2: As Famílias

Justificação

O processo de autonomia, com início na puberdade, pressupõe que o pré-adolescente se vá progressivamente libertando da dependência das figuras parentais o que, frequentemente, gera conflitos entre pais e filhos. Os filhos porque já deixaram de ser crianças e de percepcionar os pais como na infância, idealizados e poderosos e os pais, porque têm dificuldades em reconhecer que os filhos estão a tornar-se pessoas autónomas.

Os pais, figuras de apego e de identificação, e outros familiares significativos, são essenciais no processo de aquisição da identidade sexual e do papel de género, sobretudo se tiverem a capacidade de compreender que, nestas idades, o adolescente vai sentir necessidade de procurar suportes para a auto-estima junto de outras pessoas, nomeadamente no grupo de pares.

Sendo a família o primeiro grupo de pertença do indivíduo é natural que para além de se estabelecerem relações positivas de afecto, compreensão, ajuda, cooperação, etc. também possam acontecer situações conflituosas e, por vezes, de risco.

A vivência das primeiras relações afectivas, junto das figuras de apego, vai influenciar a segurança emocional e a capacidade de comunicação íntima nas relações que forem estabelecidas com outras pessoas ao longo da vida.

Pelo exposto, e pelo facto da temática da sexualidade em meio escolar suscitar, com frequência, controvérsias entre a escola e a família, é aconselhável que a escola promova a articulação efectiva, principalmente para conseguir a continuidade das intenções educativas veiculadas pela escola e para evitar possíveis receios da família relativamente à intervenção no âmbito da sexualidade.

Embora o enquadramento legal português contemple a obrigatoriedade do desenvolvimento de Programas de Educação Sexual em meio escolar, a sua implementação deve preservar sempre o envolvimento dos pais/encarregados de educação, através da criação de espaços de encontro nos quais seja possível a partilha de opiniões, saberes e posicionamentos, numa perspectiva consensual.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

As relações pais-filhos

Os aspectos importantes relacionados com o processo de autonomia

A importância do envolvimento dos pais/encarregados de educação na intervenção desenvolvida pela escola no âmbito da sexualidade

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Reconhecer-se como elemento de uma família

Esforçar-se para lidar positivamente com as figuras de apego durante o processo de autonomia

Colaborar para que se verifique uma articulação adequada entre a sua escola e a sua família



Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Gerir de forma "saudável" o seu processo de autonomia

Compreender que podem existir divergências entre a escola e a família no que respeita a temática da sexualidade

Transmitir de forma adequada as mensagens a escola e da família na área da sexualidade

Conteúdos mínimos

Aspectos relacionados com o processo de autonomia dos adolescentes

Relações entre pais e filhos

Reflexão crítica sobre a importância da articulação escola-família no âmbito da Educação Sexual

Bibliografia

FRADE, Alice [et al.]. Educação Sexual na Escola. 2ª Edição. Lisboa: Texto Editora, 1996.

LÓPEZ, Félix; FUERTES, António. Para comprender a sexualidade. Lisboa: Edição APF, 1999.

MIGUEL, N. e GOMES, A. Só para jovens. Lisboa: Texto, 1991

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [et al.]. Educação sexual em meio escolar: linhas de orientação. Lisboa: ME, 2000

MOITA, Gabriela e SANTOS, Milice - Falemos de sexualidade: um guia para pais e educadores. Lisboa: APF, 1992

2º ciclo | Área 5: Saúde Sexual e Reprodutiva Tema 1: Higiene e Saúde

Justificação

A maioria dos alunos/as que frequentam o 2º ciclo do ensino básico encontra-se no período da puberdade ou pré-adolescência pelo que se torna importante desenvolver actividades relacionadas com a higiene pessoa e a saúde. Nesta fase, para além de se observarem mudanças dos níveis hormonais, tanto nos rapazes como nas raparigas, que vão produzir substâncias passíveis de originarem odores corporais desagradáveis, também se contata que os pré-adolescentes não estão, com frequência, muito receptivos e informados sobre práticas saudáveis relacionadas com a alimentação e nutrição, a higiene pessoas, a limpeza dos locais de estudo e de dormir, a actividade física, etc.

Durante a puberdade as glândulas sebáceas segregam uma quantidade excessiva de sebo, ou seja, uma substância oelosa que pode tornar o cabelo oleoso e dar origem a borbulhas e pontos negros, e as glândulas sudoríparas libertam uma maior quantidade de suor, sobretudo debaixo dos braços e à volta da zona genital.

Aprender hábitos de higiene e adoptar comportamentos saudáveis, como fazer exercício físico, manter o corpo limpo, dormir o suficiente, fazer uma alimentação equilibrada evitando disfunções alimentares, ajuda os pré-adolescentes a sentirem-se melhor perante as muitas mudanças que ocorrem durante esta etapa da vida.

Objectivos pedagógicos

Ao nível dos conhecimentos, contribuir para que cada aluno/a adquira saberes relacionados com:

Os cuidados de hegiene e saúde relacionados com as mudanças pubertárias designadamente: higiene pessoa, alimentação equilibrada e variável, limpeza dos "locais pessoais (estudo, dormir,...)

Ao nível das atitudes/comportamentos, contribuir para que cada aluno/a fique predisposto a:

Compreender as mudanças do seu corpo e os cuidados a ter decorrentes das mesmas

Respeitar os outros relativamente às dieferentes maneiras de cuidar do corpo e dos "locais pessoais"

Desenvolver hábitos de vida saudáveis de acordo com as suas características pessoais e possibilidades familiares e sociais

Ao nível das competências, contribuir para que cada aluno/a seja capaz de:

Identificar as alterações pubertárias do corpo e adoptar comportamentos saudáveis

Distinguir regras saudáveis em relação à alimentação, exercício físico, higiene pessoal, limpeza, etc.

Reconhecer a importância de cuidados "especiais" na fase da puberdade

Conteúdos mínimos

Puberdade como uma fase do desenvolvimento humano na qual as glândulas sebáceas e sudoríparas aumentam a sua actividade exigindo "novos" hábitos de higiene e saúde

Alimentação com um papel muito importante principlamente pelo "salto" no crescimento físico

Aquisição de hábitos de higiene e limpeza como contributo para se sentirem bem e saudáveis na puberdade

Bibliografia

HARRIS, R.H. Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar, 1994

LOPÉZ, F. e FUERTES, A. Para compreender a sexualidade. Lisboa: APF, 1999

SANDERS, P. e SWINDEN, L. Para me conhecer, para te conhecer. Lisboa: APF, 1995